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Grafite

Livro mostra a história e as obras de artista de grafite do DF

Obra celebra a arte urbana como um poderoso instrumento de resistência e transformação social ao destacar sua capacidade de criar espaços de expressão

"Minha jornada artística é uma busca eterna por conexões e experiências. Dedico a todas as pessoas que se encantam pela delicadeza das cores, formas e personagens cruzados com litros de tinta em paredes aleatórias nas ruas." Nas palavras da própria Camila Santos, é assim que se inicia Siren concreta, livro que conta a história da artista que produz murais e grafites. Com textos de Patrícia Del Rey, fotografias de Rayssa Coe e diagramação de Janaina Coe, o livro vai muito além do processo criativo da Siren e também celebra a arte urbana como um poderoso instrumento de resistência e transformação social ao destacar sua capacidade de criar espaços de expressão.

Inspirada pelos almanaques da Turma da Mônica, animes e mangás, Camila sempre gostou de desenhar, mas pensava em seguir carreira na fotografia, o que a levou a sair de casa e explorar o mundo por intermédio de fotos. Em seus passeios, os grafites chamaram atenção dela, que logo começou a se inserir no meio. "Uma coisa que sempre me chamou muito a atenção é a ocupação da cidade, desse espaço público, o fato que eu posso estar me expressando e usando esse lugar como um suporte, que a arte não precisa só estar em museu, em galeria, em livro. Essa vontade de ocupar esses espaços públicos é uma forma de me conectar com a cidade", explica Siren. 

Ainda que sempre se inspirou em mulheres fortes e resilientes e as representou em suas artes, o trabalho de Camila evoluiu ao longo dos 10 anos em que ela produz murais. "No início, eu queria me impor de alguma forma, então sempre eram personagens com uma cara fechada e brava. Hoje eu me encontro em uma estética mais lúdica, fantasiosa e imaginativa, tentando resgatar algumas coisas que eu gostava quando criança. Pensar 'se eu pintasse um mural, o que hoje encantaria essa Camila de 20 anos atrás?'", observa a artista. 

Com o rosa predominante em sua paleta de cores, composta por tons vibrantes, Siren usa spray, tinta látex ou acrílica, além do bordado e das ferramentas digitais, em suportes como murais, madeiras, caixas de luz, tecidos e telas físicas e virtuais. Mas um dos sonhos é pintar uma empena - parte lateral de um edifício, sem janelas ou abertura. "Eu nasci e cresci aqui e eu acho que seria muito marcante dentro da minha carreira ter essa essa chance. Brasília é perfeita para isso, a gente tem muita parede branca, com um formato perfeito, parece uma tela em branco", destaca a artista. Atualmente, ela está trabalhando na revitalização da fachada do Espaço Cultural Renato Russo ao lado de mais quatro artistas candangos.

Janaina Coe, diagramadora do livro, afirma que trabalhar no livro "foi desafiador, mas muito recompensador", ao tentar equilibrar todos os elementos dinâmicos na página. "Além de mostrar o trabalho da Camilla, explicar o processo criativo e executivo dela, era preciso valorizar as imagens, dando tanto destaque para as fotos quanto para o texto. Optamos também por termos algumas anotações a próprio punho da Camilla, como se o livro fosse um sketchbook da artista, onde ela traz comentários às fotos e ao texto da Patrícia Del Rey", finaliza Coe.

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco 

 


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