
Uma história pode ser contada por diversos eixos narrativos, para além das personagens. Na próxima quarta-feira (30/4), o escritor Itamar Vieira Junior se junta à jornalista Márcia Maria Cruz para uma roda de conversa na Caixa Cultural. O objetivo de aproximar o leitor dos debates literários e dialogar com grandes nomes do mercado sobre processo criativo, narrativa e pesquisa. A entrada é gratuita, com retirada de ingressos duas horas antes do evento.
Consagrado com dois prêmios Jabuti e um prêmio Oceanos — prêmios que consagraram Saramago antes do Nobel de Literatura — e outras importantes distinções no universo literário, a produção de Itamar marca um ponto decisivo na literatura brasileira contemporânea, sendo considerada por especialistas, e pelo público, como um dos novos clássicos da língua portuguesa.
O projeto esteve em Brasília durante 6 anos, de 2003 a 2009, na Caixa Cultural, levando escritores como Fernando Morais, Zuenir Ventura, Luis Fernando Verissimo, Lya Luft, entre muitos outros, em programação mensal.
Geógrafo formado pela UFBA, Itamar incorporou ao seu olhar literário os saberes de sua terra, que se revelam com força em seus dois últimos romances, ambientados no sertão baiano. Em conversa com o Correio, o escritor afirma a importância na construção do cenário quando escreve — apesar dele dizer que todos os livros começaram com esboço das personagens inicialmente. “Os lugares também contam histórias, não só as pessoas. Não consigo conceber personagens deslocadas do chão que pisam. Situá-las nesse lugar, nessa paisagem — que é uma extensão do corpo e da história delas — é essencial. Só funciona assim pra mim”, reflete.
O primeiro dos romances, Torto arado, apresenta já nas primeiras páginas o enredo que mudará para sempre a vida das personagens Bibiana e Belonísia. Um acidente causado por uma lâmina da avó, encontrada entre outras lembranças do passado, une as duas irmãs — agora, uma depende da outra para se comunicar com o mundo.
Assim como Salvar o fogo, que retrata a trajetória de dois irmãos ( Moisés e Luzia) , a obra revela um dos traços mais marcantes da literatura de Itamar: a espiritualidade. Reverente às religiões afro-brasileiras, o autor desenvolve uma pesquisa regional sensível e empática ao território onde suas personagens vivem.
“Naquela região existe uma prática religiosa antiga, uma mistura de catolicismo rural com práticas xamânicas e religiões de matriz africana. Isso atravessa o tempo. A religiosidade estabelece laços de solidariedade, transmite valores e ajuda a manter a unidade dessas pessoas”, explica, ao comentar sobre o segundo livro.
Serviço:
Sempre um papo com Itamar Vieira Junior
Quarta-feira (30/04) , a partir das 19h, na Caixa Cultural (SBS , Quadra 4, Lote 3 e 4). Entrada gratuita mediante a retirada de ingressos, que será realizada 2 horas antes do evento