
Desde o final de 2024, um artista é destaque absoluto nos streamings e nas redes sociais. J. Eskine, cantor que mistura arrocha, pagodão baiano, R&B e ritmos do hip-hop, conquistou o Brasil com refrões famosos na faixa Resenha do Arrocha e se tornou um dos músicos mais escutados do país. Porém o que parecia um homem de um hit só se tornou um fenômeno emplacando um segundo número 1 do Spotify brasileiro com Mãe solteira, em parceria com Mc Davi, Mc G15 e DG e Batidão Stronda.
Com o bordôes como: "o que bate aqui é maluquice" e "se for para me escutar e levar a sério, nem escute", o autointitulado "gangster do arrocha" acumula reproduções nas plataformas de streaming. A colaboração com o beatmaker Alef Donk, Resenha do arrocha já passa de 130 milhões, enquanto Mãe solteira se aproxima da casa das 70 milhões. Outro destaque é resenha ex-love que já tem 32 milhões de plays. Os ouvintes mensais estão em 11 milhões, números esses acompanhando apenas o Spotify do artista, onde já teve duas músicas no primeiro lugar das paradas brasileiras.
Resenha do Arrocha virou um hit nacional, mas o formato da música já era muito popular na Bahia. Chamada de bloquinho, a música une trechos populares de canções de outros artistas, um medley baseado em uma batida de arrocha e uma pegada mais melódica. "Tive feedbacks de alguns cantores que, depois que usei a letra deles em Resenha do Arrocha, ajudei a alavancar a carreira deles", conta Eskine, em entrevista ao Correio, que garante que creditou todos os envolvidos. "As músicas acabam rodando até mundialmente e consegui dar todos os créditos a todos os compositores, foi a parte que deu mais trabalho".
O fato levantou a possibilidade da sorte ter sido o maior fator para a ascensão de J.Eskine. "Quando estourou Resenha do Arrocha, muita gente falava que eu ia ser um cara de um hit só", lembra o artista, que viveu o auge do sucesso da faixa entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025. Os questionamentos, contudo, nunca preocuparam o cantor. " Sempre fui convicto que existe um talento em mim e não ia ser assim. Antes de estourar, eu sempre dizia que faltava uma oportunidade, porque sou um bom compositor, canto bem, minhas melodias são boas", afirma.
O artista exalta o movimento gerado on-line. As trends, ou tendências em tradução literal, usaram várias partes diferentes da música em postagens em plataformas, como TikTok e Instagram, com danças, edições com lances de futebol ou para "biscoitar", termo usado virtualmente quando alguém quer se mostrar bonito nas redes. "Acho que o principal foi a internet, a cada semana era um trecho ou uma trend diferente. Tudo era muito criativo", recorda.
Porém, independentemente do motivo pelo qual a carreira de Eskine estourou a bolha para todo Brasil, o que importa é que a vida dele mudou muito. Este mês, por exemplo, ele já lançou uma nova música, Cachaça e mel, com a parceria de Juliette. "É muito loucura porque a minha vida não para hoje em dia. Não tem grandes momentos de descanso como eu tinha antes disso tudo, mas sou muito focado no meu trabalho. Esse trabalho não depende só de mim, tem várias pessoas que dependem do J Eskine, além de mim. Por isso, foco muito e dou total atenção, me preocupo", avalia. " A galera da produção brinca que eu quero me envolver em tudo e eu gosto disso para poder entregar tudo da melhor forma", complementa.
Eskine, no entanto, não quer sair desse turbilhão. Diferentemente de muito famoso que quer ser anônimo, ele vê esse lugar pacífico no trabalho. "A paz vem a cada trabalho feito. Finalizar um trabalho ou um show muito bom é que me deixa em paz. No show seguinte, fico aflito e, quando entrego, sinto a paz de novo", explica.
No fim das contas, o músico está vivendo o que sempre sonhou, desde a época que tocava e cantava por uns trocados no Ferry Boat de Salvador. Eu acho que o único sentimento nessa mudança é de felicidade, é um sonho realizado. Eu era convicto de que uma hora poderia dar certo, mas não imaginei que ia ser dessa forma", comemora. o artista que não se assusta com o inesperado: "Foi muito rápido e com muitas surpresas, mas isso não me abalou. Sempre soube lidar com essas oportunidades que surgiram".
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