MÚSICA

Renato Matos mostra lado psicodélico do reggae em show no Clube do Choro

A ideia do show é dar um espaço grande para a música instrumental e para os versos das poesias. "As músicas são releituras de músicas antigas e novas

Renato Matos & Experimental  -  (crédito: Lucas Souza/Divulgação)
x
Renato Matos & Experimental - (crédito: Lucas Souza/Divulgação)

Renato Matos sempre foi encantado pelo dub. "Escuto muito mais dub do que letra de reggae. A sensação é psicótica. É uma forma de ouvir diferente. As células todas se afloram", explica o poeta e compositor, que sobe ao palco do Clube do Choro hoje para um show com a banda Experimental Dub em uma celebração com direito a poesia e clássicos. Além do show, que tem repertório formado por músicas inéditas e outras bem conhecidas do público, Renato aproveita também para fazer o terceiro lançamento do livro A rima é a mira, publicado no início do ano. 

A ideia do show é dar um espaço grande para a música instrumental e para os versos das poesias. "As músicas são releituras de músicas antigas e novas. Dub é uma forma, uma estética renovada do reggae. Sempre tem uma base, reduz a letra e usa mais o lado instrumental da música, colocando efeitos de delay e de eco", explica. É um estilo que Renato conheceu nos anos 1980, quando morou  na França e nos Estados Unidos. 

Nas letras e nas poesias, ele mergulha em temas ecológicos, políticos e amorosos. No repertório, não vai faltar espaço para canções mais conhecidas, como Um telefone é muito pouco, Sussunga, Povo rico e Ferro. "Mas tudo com nova leitura", avisa. "É tudo ensaiado, mas nada se repete, a gente está sempre recriando. Eu toco reggae, que é jamaiacano, mas meu reggae é cheio de bossa nova e toco música brasiliense". O compositor conheceu a Experimental Dub em 2024, durante uma apresentação no Eixão. Ele ficou admirado e, mais tarde, uma amiga em comum apresentou o quarteto formado por Bruno Portella (trombone e sintetizador), Raoni Barros (contrabaixo), Raiff Barchini (bateria), Dudulino (DJ). "E começamos a tocar juntos. É uma banda muito sincera em relação ao que está tocando, não são músicos de encomenda", conta.

Tocar com Renato Matos era um sonho para os músicos da Experimental Dub, que já tinham o reggae como norte e fizeram do dub um estilo próprio. "A banda surgiu em abril do ano passado e a gente toca reggae, mas surgiu meio da curiosidade de se fazer um dub ao vivo. O dub é um gênero dentro do reggae que seria um reggae meio psicodélico", diz Bruno Portella. "E a ideia de tocar com o Renato era um sonho distante que chegou meio rápido. É o cara que trouxe o reggae para cá, né?" 

O show, Bruno garante, vai ser uma celebração. A intenção é resgatar grandes sucessos e músicas mais antigas, mais conhecidas, com roupagem mais moderna e atual, na linguagem do dub, além de apresentar coisas inéditas guardadas nas gavetas de Renato Matos há mais de 50 anos. E como a ocasião é especial, a banda convidou um time para reforçar o som, que contará ainda com Jorge Bittar (teclado), Julia Carvalho (back vocal) e Shyra Ribeiro (back vocal). 'A gente quer fazer esse apanhado multiartístico do Renato. Vai ter um momento também de recitar poesia dentro do show, mostrar um pouco das artes visuais, com alguns  quadros e algumas obras. E será uma celebração dessa trajetória artística  e uma abertura do aniversário da cidade. Renato é um ícone da arte independente de Brasília", avisa Bruno.

Matos lembra que não dissocia o trabalho poético do musical. "Minha música são meus poemas com música acompanhando. É meu discurso com base musical", diz. No livro, ele incluiu todo tipo de poesia, incluindo os haikaiss, mas nada foi escrito com a intenção de virar um livro. "Não escrevo um livro, na verdade, junto minhas criatividades que vou guardando, deixo num baú e daí sai um livro. Sento para organizar o livro porque escrevo todo dia. Já tenho outro na trilha", garante. 


Renato Matos
e Experimental Dub

Hoje, às 20h, no Clube do Choro. Ingressos:
R$ 40, na Bilheteria Digital

 

postado em 17/04/2025 06:00