Música

Ian Hill, do Judas Priest, fala sobre show em Brasília com Scorpions e Europe

A banda, que já fez a festa do metal no Nilson Nelson em 2011, agora retoma com o disco mais recente. Invincible shield, lançado em 2024

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Judas Priest -  (crédito: Andrew McGovern/Divulgação)
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Banda Judas Priest - (crédito: Andrew McGovern/Divulgação)

Brasília pode bradar para os quatro cantos do Brasil que é a capital do rock desde os anos 1980. Porém, nesta quarta, o título ganha outro significado, já que bandas do calibre de Judas Priest, Scorpions e Europe desembarcam na cidade para o festival Arena Rock, no Mané Garrincha. O evento é um braço do Monsters of Rock, que será realizado em São Paulo. Com outro nome, o show em Brasília ainda terá a abertura da banda brasileira Kisser Clan, liderada pelo guitarrista Andreas Kisser, conhecido pelo Sepultura, e o filho Yohan Kisser.

A apresentação em Brasília marca o retorno do Judas Priest em Brasília após 14 anos. A banda inglesa natural de Birmingham volta comemorando os mais de 50 anos na estrada e traz alguns dos maiores sucessos do heavy metal mundial, gênero que são pioneiros, quando começaram a fazer um som mais pesado lá no final dos anos 1960.

A banda, que já fez a festa do metal no Nilson Nelson em 2011, agora retoma com o disco mais recente. Invincible shield, lançado em 2024. Em entrevista ao Correio, Ian Hill, baixista e fundador do grupo, exalta os fãs brasileiros, relembra a memórias marcante da capital e volta no passado do Judas Priest.

Entrevista Ian Hill, baixista e fundador do Judas Priest

Qual a sensação de estar de volta no Brasil e apresentar um novo show e novas músicas para os fãs mais aficionadas e loucos do mundo?

Nós estamos animados, porque vocês brasileiros são malucos, totalmente loucos. Por isso que eu acho que a gente se encaixa no país (risos). O que chama atenção no Brasil é a conexão com a música, o país tem pessoas muito musicais e nós percebemos isso e sentimos essa vibe voltando para nós quando estamos no palco, uma tremenda energia. Nós sempre estamos animados para ir para o Brasil, isso vai continuar até quando formos sem tocar, apenas em férias. A gente ama vocês do fundo do coração, são sempre momentos muito especiais quando nos apresentamos no país.

Há quase 15 anos, vocês tocaram em Brasília, conhecida no Brasil como a capital do rock. A banda tem alguma memória da cidade? Algo da capital foi marcante para vocês?

Nós só estivemos na cidade uma vez, e eu não sei porque não fomos mais. Eu me lembro muito que tudo era muito espaçoso e os lugares eram muito abertos. É uma cidade nova, planejada para ser a capital do país de vocês e dá para perceber. Não tem nada apertado ou cruzado, tudo tem espaço. Eu amei, sou um menino do campo atualmente (risos). Sempre estive nas grandes cidades e queria esse espaço, por isso lembro tanto disso em Brasília, foi realmente marcante.

O Judas Priest sempre fez música boa durante o tempo, mas teve várias fases. Como você avalia essas fases e mudanças conforme o passar dos anos e décadas de banda? Como foi possível alterar eras sem perder a qualidade?

Nós ainda estamos evoluindo, até hoje. Quando nós começamos, entre os anos 1960 e 1970, não existia heavy metal, nos chamavam de banda de heavy rock. Tudo evoluiu, foi só no final dos anos 1970, início dos 1980 que começaram a falar de heavy metal. Até que se o final do último século que nos mantivemos bastante versáteis, podíamos fazer qualquer tipo de música de "um jeito heavy metal" se é que me entende. Temos músicas mais fortes, mais baladas e mais assustadoras. Por volta dos anos 1990, tudo se fragmentou e cada um seguiu em uma via distinta, tinham as bandas de grunge, de speed e bandas góticas. Nenhuma delas estava errada, cada um só queria fazer algo diferente. Agora, eu sinto que as coisas estão se agrupando de novo a versatilidade voltou a ser moda, uma banda de heavy metal quer tocar todos os tipos e sub gêneros ao invés de se especializar em um só. Nós como banda, sempre tentamos ser uma ponte, tocar um pouquinho de cada coisa o lento, o pesado, o leve e até o comercial. O que importa era passar nossa mensagem, e ela com certeza chegava a mais pessoas tocando no rádio. Tudo é importante, e tudo adiciona à mistura que chamamos de heavy metal.

Como baixista, você faz dupla com a bateria e tocou com um dos melhores bateristas do rock. Nomes como Simon Phillips, Dave Holland e agora o Scott Travis. Como é entregar o melhor de você com os melhores ao seu lado? Qual o trabalho de fazer a banda ser maior e melhor?

Todos os nossos bateristas eram muito distintos, os que você citou e o Les Binks também. Ele era intrigante. Dave era poderoso, era mais simples, mas tinha muito poder. Scott, com a bateria de dois bumbos, abriu uma nova avenida para o estilo de música que tocamos, todos os bateristas foram importantes para a era da banda que eles fizeram parte e alteraram a nossa música, foi um prazer tocar com eles. A banda inteira, constantemente pode trocar um pouco o jeito que tocava junto com o material novo que chegava. Foi incrível tocar com todos eles. Porém, com todo o respeito a todos que passaram, o Scott é o melhor com que já tocamos, ele é uma estrela, imensamente talentos. Um baterista incrível, temos muita sorte de tê-lo na banda por quase 30 anos e até hoje. O "novo cara" da nossa banda está com a gente há 30 anos (risos).

O Judas Priest vem de Birmingham na Inglaterra, uma cidade de talentos como Black Sabbath, Robert Plant, Yes e até nomes atuais como a estrela do pop Harry Styles. Quanto a cidade influenciou vocês como banda? O que vocês levam da cidade para o mundo nas turnês que fazem?

Birmingham costumava ser uma cidade muito industrial, chamamos a área de Black Country (país preto, em tradução literal para o português), majoritariamente porque tudo tinha muita fumaça, fuligem e o céu era muito escuro pela poluição. Especialmente as bandas de música mais pesada como nós, o Sabbath e até o Zeppelin pegam a atmosfera do local Quando você está indo para escola de manhã e passa por local de fundição de ferro, uma mina de carvão e uma fábrica de granadas, é difícil cantar sobre pássaros, abelhas e flores. Afinal, você nunca os viu por conta da fumaça. Portanto, a cidade sempre teve uma influência em nós da música pesada, mas até os grupos mais pops de birmingham eram mais ousados que os demais dos outros lugares. Londres era industrial também, contudo, até hoje, é muito cosmopolita. Birmingham sempre foi sobre ser industrial.

Serviço

Arena do Rock

Com Judas Priest, Scorpions, Europe e Kisser Clan. Na Arena Mané Garrincha, hoje, a partir de 16h.

postado em 16/04/2025 06:00