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Vidas processadas promete "fazer do impossível possível" na Apple TV+

Vidas processadas estreia na Apple TV+ com uma perspectiva bastante distinta de comédia e uma história surreal

A furadeira autoafiável é o sonho de um futuro melhor
 -  (crédito: Apple TV+/Divulgação)
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A furadeira autoafiável é o sonho de um futuro melhor - (crédito: Apple TV+/Divulgação)

O que se entende como televisão mudou muito com a entrada do streaming na jogada. Títulos que antes não teriam tanto espaço agora tem um lugar para brilhar e a possibilidade de chegar a um público amplo. Vidas processadas, uma comédia surrealista, aposta da Apple TV+, é uma dessas séries que ganham a oportunidade graças ao novo modelo do fazer audiovisual. Criada por Aeysha Carr e Paul Hunter, a produção estreou na última quarta-feira no streaming da maçã.

A história acompanha Hampton (David Oyelowo), um homem que deixa a prisão após cumprir pena e volta para a própria família com uma ideia que pode mudar a trajetória das vidas deles: uma furadeira autoafiável. O homem sonhador e muito habilidoso com invenções e consertos precisa achar formas de possibilitar que essa criação mude a vida da família.

No entanto, o que chama atenção é como a narrativa se desenvolve no limiar da realidade. O seriado se intitula surrealista — e realmente trabalha para o público estranhar escolhas estéticas e narrativas — e não segue sempre uma linha de raciocínio concatenada, mas transmite a ideia e faz rir, uma vez que é uma comédia. "Quando o Paul falou que conseguiria gravar qualquer coisa, eu comecei a entender que eu poderia escrever qualquer coisa", diz Aeysha Carr em entrevista ao Correio.

Dessa forma, a série executa de forma grandiosa esses sonhos de Hampton. "Essa série é sobre ingenuidade e fazer o impossível", diz a criadora, que não se atém apenas ao protagonista. "Nós temos todos esses personagens tentando fazer o impossível, o que nos leva ao cerne da história. Fazer do impossível possível", acrescenta Carr.

A série, portanto, constrói dentro desse surrealismo uma realidade ímpar, porém crível para o espectador. Consequentemente, os atores vivem um novo mundo real na pele desses personagens. "Existem séries, sitcoms e outros tipos de comédia em que fica claro que a ideia é buscar o riso, mas, para nós, o desafio foi encontrar um tom que tem realidade o suficiente para ser relacionável, mas ser tão agudo nessa realidade que causamos o riso, seja de nervoso, de vergonha, seja uma gargalhada do hilário", reflete David Oyelowo.

"Essa série é uma forma maravilhosa de introduzir perspectivas, ideias e verdades para as pessoas", afirma Bokeem Woodbine, responsável pelo personagem Bootsy. O ator entende que a série transmite a mensagem por meio do estranhamento e do riso. "Quando você discursa do púlpito, você vai receber uma resposta previsível, porque as pessoas já esperam a forma como você está falando. Mas algumas pessoas vão confundir as palavras apenas com um barulho", analisa o artista. "Porém, se for possível transmitir a mesma mensagem de uma forma mais descontraída e até engraçada, sem palestrar, você só está passando informações. Dessa forma, você pode ter mais impacto, porque as pessoas não vão responder de forma premeditada", completa.

No fim, a série encontra um formato novo de transmitir as próprias ideias para o público. É uma comédia diferente, mas que ainda atende tudo que é esperado do cômico. Vidas processadas são, verdadeiramente, algo novo no catálogo dos streamings. "É a hora de abraçar novas ideias e possibilitar narrativas que contam histórias de uma maneira original", exalta Carr.

Uma nova ótica

Hampton e Bootsy
Hampton e Bootsy (foto: Fotos: Apple TV /Divulgação)

Outra novidade que a série traz não deveria ser tão nova assim. "É muito raro ver pessoas que se parecem conosco apresentadas de uma forma parecida na tevê, em um lugar ou tempo como o da série", reflete Simone Missick, que vive Astoria, esposa do protagonista. A série realmente tem um ótica única, com uma família negra vivendo uma vida que tem seus problemas, mas não é só sobre traumas. "Eu diria que eu nunca vi uma família negra norte-americana sendo retratada dessa forma ou por essa ótica. São muitas nuances e excentricidades que nunca foram mostradas dessa forma no audiovisual", adiciona Jahi Di'Allo Winston, intérprete de Harrison.

O fato faz da série um retrato de um novo olhar que diz muito mais respeito à atualidade. "Sendo sincero, eu não acredito que a gente teria tanto sucesso com essa série há 20 anos, nem mesmo 10 anos atrás. Não acho que as pessoas estariam preparadas", pondera Bokeem Woodbine. "Agora é a hora perfeita para uma série como essa. Só poderia ser agora", crava o veterano do audiovisual.

Furadeira autoafiável

A furadeira auto-afiável é o sonho de um futuro melhor
A furadeira autoafiável é o sonho de um futuro melhor (foto: Apple TV+/Divulgação)

O projeto da furadeira autoafiável de Hampton é muito mais do que uma ideia para o personagem, é um perspectiva de um futuro diferente para um ex-presidiário que tem muito mais chances de viver à margem da sociedade. Porém, se tratada como uma metáfora, essa furadeira é uma realidade para todos nessa série. "A série por si só, para mim, é a minha furadeira autoafiável", diz David Oyelowo. "Como um ator, produtor e contador de histórias, eu procurei durante toda a minha carreira formas inovadores, interessantes, empolgantes, globais e expansivas de contextualizar vidas pretas para uma audiência mundial", complementa.

A história, afinal, é sobre sonhar e realizar. Os atores ali estão, portanto, vivendo a mensagem da série. "Todo dia que eu tenho a oportunidade de me expressar, e trabalhar é um sonho para mim. O fato que eu poder trabalhar com o que trabalho todo dia é lindo", diz Winston. "O meu eu de 10 anos está gritando agora só de estar aqui. Eu continuo perseguindo o sonho desses menino, mas percebo agora que o sonho é essa perseguição. É sobre a jornada, sobre estar constantemente apaixonado e buscando mais. Esse tem sido o melhor projeto com as melhores pessoas que já trabalhei", complementa Evan Ellison, responsável pelo personagem Einstein.

  • Família protagonista de Vidas processadas
    Família protagonista de Vidas processadas Foto: Apple TV+/Divulgação
  • Hampton e Bootsy
    Hampton e Bootsy Foto: Fotos: Apple TV /Divulgação
postado em 25/04/2025 19:36