
Crítica // Onda nova ★★★
Com uma carga intensa de provocação e descompromisso, o longa nacional Onda nova, esteve na Mostra de São Paulo, em 1983, quando, no rastro da exibição, os criadores José Antônio Garcia e Ícaro Martins viram a fita censurada pela ditadura. Altas doses de amadorismo até podem ser pontuadas, mas a verdade é que na trama, que remete à atuação precária de esportistas no time de futebol feminino Gayvotas Futebol Clube, a sondagem de linguagens e o riscam bem temperam o longa, dado como amoral, e que retorna aos cinemas, restaurado. Dia e noite paulistanos estão num roteiro pra lá de abusado.
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Estrelado por Carla Camurati e Vera Zimmermann, o filme traz boas participações de Patrício Bisso (na pele de uma mãe alardista), Caetano Veloso, Regina Casé e a dupla Tânia Alves e Cida Moreira (que fazem as honras musicais). Ousado, com metalinguagem (há citações a Clarice Lispector, referência para os diretores, e Walter Hugo Khouri, com quem Camurati trabalharia), o filme causa. Lembrados pela filmografia que inclui Minha vida em suas mãos, O corpo, Estrela nua e O olho mágico do amor, Garcia e Martins vasculham um universo colorido, repleto de cenas em chuveiros, desajeitadas corridas de táxi e consumo de drogas. Interessante registro new wave de uma era bastante salpicada por neon.
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