Música

Turnê de despedida de Gilberto Gil estreou este mês em Salvador

O espetáculo 'Tempo rei' vai levar o vasto repertório do tropicalista baiano para mais de 10 cidades brasileiras, incluindo Brasília

Gilberto Gil -  (crédito: wikimedia commons Ministério da Cultura do Brasil)
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Gilberto Gil - (crédito: wikimedia commons Ministério da Cultura do Brasil)

A aguardada turnê de despedida de Gilberto Gil teve início na capital baiana, em 15 de março, e percorrerá dez cidades brasileiras ao longo do ano. Intitulada com uma das mais celebradas composições de Gil, Tempo Rei, faixa do álbum Raça humana (1984), a turnê celebra a transitoriedade da vida e a necessidade de adaptação a ela. Em resposta à música Oração ao Tempo, do amigo Caetano Veloso, que propõe a finitude como reflexão, Gil contrasta com um sutil desejo de permanência e transformação. Não é à toa que o tropicalista escolheu Tempo Rei para nomear sua última turnê. Os brasilienses interessados em celebrar o cantor que compôs parte significativa do DNA da música popular brasileira ainda podem adquirir ingressos para a única apresentação na cidade pelo site da Eventim.

O show previsto para a capital está agendado para o dia 7 de junho no Mané Garrincha e seguirá para Belo Horizonte no dia 14, Curitiba no dia 5 de julho e encerrará a série de apresentações em Recife no dia 22 de novembro, no Classic Hall. A rapidez com que os ingressos esgotaram levou a produção do cantor a abrir seis datas extras no Rio de Janeiro e em São Paulo, que já contavam com duas apresentações previstas em cada cidade. Marcado por um dos períodos mais sombrios do país, a ditadura militar, Gil foi preso no final de 1968 e posteriormente extraditado junto a Caetano, com quem residiu em Londres durante esse tempo. Gil fazia parte de um grupo de quatro amigos do recôncavo baiano que enfrentaram o status quo ao construir uma obra lírica e honesta sobre a realidade do país e do mundo.

Há algum tempo, o compositor baiano considera deixar os palcos para se voltar à espiritualidade. O desafio dessa decisão é incorporar o vasto repertório de um dos maiores ícones da música brasileira em apenas algumas horas de show. Gilberto Gil iniciou sua trajetória musical com o acordeão, inspirado por Luiz Gonzaga, nos anos 1950. Sua sonoridade foi se moldando à medida que novas referências surgiam em seu caminho, passando por João Gilberto e a bossa nova, até Dorival Caymmi, até que ele se conectou com o violão e produziu canções que evocam o universo mítico e as sonoridades típicas do Brasil. As diversas facetas de Gil, desde o tropicalismo até sua atuação como Ministro da Cultura, foram minuciosamente abordadas no espetáculo dirigido por Bem Gil e José Gil, com direção artística de Rafael Dragaud. 

O cantor vem acompanhado por uma mega banda composta pelos filhos Bem Gil (guitarra/baixo), José Gil (bateria), João Gil (guitarra/baixo), Nara Gil (voz), além de Mariá Pinkusfeld (voz), Diogo Gomes (sopro), Thiago Oliveira (sopro), Marlon Sete (sopro), Danilo Andrade (teclado), Leonardo Reis (percussão), Gustavo Di Dalva (percussão) e Mestrinho (sanfona). "Foram vários os elementos que ponderei para chegar na decisão da realização de uma última turnê. Houve reflexão sobre este mercado e também sobre a exigência física necessária para esses grandes shows. Quero continuar fazendo música em outro ritmo, mas, antes, teremos essa celebração bonita junto do público e da família. Transformai as velhas formas do viver", afirma Gilberto Gil, em nota. 

*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira



Arthur Monteiro*
postado em 24/03/2025 17:42 / atualizado em 24/03/2025 17:55