POESIA

Dia da Poesia: conheça poetas contemporâneos de Brasília

No dia 21 de março, comemora-se o Dia Mundial da Poesia. Confira alguns autores brasilienses que carregam o legado da literatura

Dia 21 de março marca o Dia Mundial da Poesia -  (crédito: Pexels)
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Dia 21 de março marca o Dia Mundial da Poesia - (crédito: Pexels)

Nesta sexta-feira, 21 de março, é comemorado o Dia Mundial da Poesia. A data foi instituída pela Unesco em 1999 para promover a diversidade linguística e estimular a troca cultural. 

Embora a poesia seja uma das formas mais antigas de expressão artística, o hábito da leitura no Brasil está em decadência. Segundo a 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2024), nos últimos quatro anos o país perdeu 6,7 milhões de leitores, e 53% da população não leu nenhum livro em 2024.

Entretanto, o legado de Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Manuel Bandeira, entre outros grandes nomes da poesia nacional, continua sendo carregado por jovens artistas. A seguir, confira autores e obras de poetas contemporâneos de Brasília:

Maíra Valério

  • Maíra Valério
    Maíra Valério Maíra Valério
  • Maíra Valério
    Maíra Valério Maíra Valério
  • Maíra Valério
    Maíra Valério Maíra Valério

Maíra Valério é jornalista e escritora. No âmbito da poesia, publica online e em revistas especializadas. Tem um zine intitulado Faz sol & chuva em Brasília, em parceria com o ilustrador Caio Gomez, com poemas sobre a capital federal. Está para lançar, este ano, Amarga, livro inédito de poemas que desafia imperativos de felicidade e bem-estar da sociedade atual, e que acaba de se tornar um dos três finalistas do Tato Literário de Literatura Independente. 

Para Maíra, o Dia da Poesia representa uma data para celebrar e relembrar a importância da poesia no cotidiano das pessoas. “Ela não deve ser vista como algo distante e hermético, mas como um alimento diário para a alma mesmo, que pode ser parte da rotina de todo mundo. Ela pode estimular olhares sensíveis e, desse modo, fortalecer sentimentos de pertencimento, além de redirecionar o olhar das pessoas para o belo, para o inventivo.”

Inspirada por nomes como Hilda Hilst e Drummond, Maíra percebe um espaço crescente para a poesia no Distrito Federal quando se fala no talento e na persistência dos poetas que aqui vivem. “No entanto, em termos de políticas culturais ou espaço remunerado para o trabalho de quem escreve, ainda temos muito chão para andar”, reflete. 

“Manoel de Barros já escreveu sobre o poema como um ‘inutensílio’, e isso é um ponto de vista muito potente dentro de uma sociedade produtivista como a atual”, propõe. “A poesia é resistência por lembrar que o sentir importa, embora a gente viva em um sistema que nos quer anestesiados, e é sempre relevante fortalecer a ideia de que o espaço e o tempo para a contemplação, para o pensamento crítico, para a criatividade e para a reflexão são importantes. Um poema não serve para nada e, ao mesmo tempo, a poesia está em quase todas as criações humanas.”

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Gabriella Rendeiro

  • Gabriella Rendeiro
    Gabriella Rendeiro Gabriella Rendeiro
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    Gabriella Rendeiro Gabriella Rendeiro
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    Gabriella Rendeiro Gabriella Rendeiro
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    Gabriella Rendeiro Gabriella Rendeiro
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    Gabriella Rendeiro Gabriella Rendeiro

Autora de quatro livros de poesia publicados, Gabriella Rendeiro tem 25 anos e é formada em teoria, crítica e história da arte. Ela conta que Paisagens Insulínicas surgiu do prazer de comer sozinha na cozinha de madrugada e contém poesias confessionais. Já Animal de promessa é uma síntese de poemas curtos destinados a experiências compartilhadas. 

Ao trocar de editora em cada publicação para experienciar o mercado, Gabriella afirma que Escrevo para diluir o perigo retrata uma desilusão com o mundo real em uma época em que a autora se voltou para a espiritualidade. “Sempre que paro para rever esses livros, tem coisas que esqueci que tinha escrito. Parece que estou de frente com uma pessoa estranha a cada livro diferente. Todos eles fazem parte de um processo pessoal”, comenta.

Karine Souza

  • Karine Souza
    Karine Souza Mondru
  • Karine Souza
    Karine Souza Karine Souza

Professora de francês e doutoranda em letras pela UnB, Karine Souza, 30 anos, tem duas obras publicadas. O corpo que excede o corpo foi lançado em 2023 pela editora Libertinagem (SP), e Traslado sob céu enxuto foi publicado na FLIP de 2024 pela editora Mondru (GO).

“São obras muito diferentes entre si”, Karine afirma. “Meu livro de estreia é mais introspectivo. Nele, eu buscava refletir sobre a relação do corpo com a escrita poética, a escrita pelo corpo e o corpo na escrita. Afinal, quem escreve trabalha com o próprio corpo e depende dele. Há metalinguagem na obra, na medida em que o próprio poema, ao ser escrito, torna-se também um corpo. No entanto, sinto que os poemas extrapolam essas reflexões e partem em outras direções, explorando desdobramentos das capacidades do corpo, como a pulsão erótica, por exemplo.”

O segundo projeto de Karine conta com imagens de Brasília em construção cedidas pelo Arquivo Público do DF e se passa no ônibus. “Todos os poemas da obra giram em torno desse meio de transporte coletivo. É uma obra ‘em trânsito’, ambientada, em parte, nas estradas e rodovias que atravessam a capital. Durante muitos anos, vivenciei diariamente o transporte público em Brasília, com seus percalços e suas paisagens”, relembra.

Jade Luísa

  • Jade Luísa
    Jade Luísa Jade Luísa
  • Jade Luísa
    Jade Luísa Jade Luísa

Jade Luísa, 24 anos, nasceu em Natal (RN) e vive em Brasília. Estuda Letras na UnB, é atriz e escreve dramaturgia para o Coletivo de Teatro Enleio. É autora do livro O olho esquerdo da lua (Penalux, 2021) e integra as antologias As luas: o amor e suas variações (Lumme, 2020) e No meio do fim do mundo (Elã, 2022).

Valentina Maciel

  • Valentina Maciel
    Valentina Maciel Valentina Maciel
  • Valentina Maciel
    Valentina Maciel Valentina Maciel

Valentina Maciel (1996) escreve para aprender a dizer do susto pela borboleta, mas sempre esquece a chave na porta ou o fogo ligado. Traduz para entender como o impossível é possível; revisa para guardar beleza em folhas brancas manchadas de palavras. É de Porto Alegre, mas mora em Brasília desde adolescente. É formada em Letras e poeta no portal Fazia Poesia desde 2021.

Kuzman

  • Kuzman
    Kuzman Kuzman
  • Kuzman
    Kuzman Kuzman
  • Kuzman
    Kuzman Kuzman

Recifense de nascimento e brasiliense de coração, Kuzman vive no Distrito Federal desde 1991 e escreve contos e poemas. Mantém os perfis literários @call.me.kuzman e @haicais.candangos no Instagram. É membro do coletivo literário Lendo Contos. Trabalha com edição, preparação de originais e revisão de texto.

Nicole Alcântara 

  • Nicole Alcântara
    Nicole Alcântara Nicole Alcântara
  • Nicole Alcântara
    Nicole Alcântara Nicole Alcântara
  • Nicole Alcântara
    Nicole Alcântara Nicole Alcântara
  • Nicole Alcântara
    Nicole Alcântara Nicole Alcântara
  • Nicole Alcântara
    Nicole Alcântara Nicole Alcântara

Psicóloga e psicanalista, Nicole Alcântara, 28 anos, tem uma publicação de poesia: Nem os ossos. “Penso que o livro surgiu de uma espécie de experimentação da linguagem e dos seus limites rumo à imagem.” Nicole afirma. “É quase uma grande brincadeira linguística. Fazer a língua vacilar, seduzir, produzir cenas e equívocos, injetar alguma dose de veneno e humor.”

A obra foi lançada em 2024 em Brasília e em alguns eventos literários, como a Flip em Paraty e a FLIParacatu. “Para mim, o livro é como um filme alucinado, daqueles em que você tem que buscar ativamente as peças do quebra-cabeça (e que nunca se completa). São palavras brincando de ser imagem, enquanto atravessam temáticas como desejo, luto, gênero e memória”, comenta. Nicole também mantém um perfil homônimo no Instagram dedicado aos escritos. 

Pedro Willgner

  • Pedro Willgner
    Pedro Willgner Pedro Willgner
  • Pedro Willgner
    Pedro Willgner Pedro Willgner

Aos 24 anos, Pedro tem um livro publicado pela editora independente Urutau e compartilha poemas em revistas online, como Sarabatana e o portal Aboio. Influenciado por poetisas contemporâneas, Pedro gosta de escrever sobre casa, violência e afetos cotidianos. 

“Graças a isso, acabo criando um diálogo com elas que perpassa pela figura da mãe, do pai, do quintal, da morte, do silêncio... Exemplo disso ocorre no meu poema "inscrições em tom lazúli" disponível no meu Instagram, em que tento prever a morte da minha mãe, em um tipo de autoficção”, descreve. 

Lílian Saeko 

  • Lílian Saeko
    Lílian Saeko Reprodução / Instagram
  • Lílian Saeko
    Lílian Saeko Reprodução / Instagram
  • Lílian Saeko
    Lílian Saeko Reprodução / Instagram

Lílian Saeko Taba é poeta, mãe e fazedora de artes. Escreve desde criança e sempre sonhou em viver de palavras. Talvez por esse motivo tenha se formado em Jornalismo e Letras (Português).

Em 2018, estreou com o primeiro livro independente. Em 2021, Barulho de Papel foi lançado pelo selo "Ponta de Lança", da Editora Avá. Cirandinha das Plantas foi publicada pela mesma editora em abril de 2023.

Bianca Lucca
postado em 21/03/2025 00:02 / atualizado em 21/03/2025 13:50