
A Fundação Athos Bulcão apresenta 31 obras da artista visual Beatriz da Terra na exposição solo com vernissage marcado para esta quarta-feira (19/3). A mostra fica em cartaz até 31 de maio. Intitulada Uma Estranha Forma de Vida, em referência à canção da cantora de fado Amália Rodrigues, a exposição expressa, assim como a música, o lamento pelo inesperado da vida. A visitação é gratuita e ocorre de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 14h.
Beatriz investiga o aleatório da vida, os acasos, as coincidências e, por fim, a finitude como matriz de seu trabalho. Composta por diversas linguagens visuais, a seleção do curador Marco Antônio Vieira destaca o azul do mar nas obras realizadas em cianotipias e aquarelas de Beatriz, especialmente aquelas que exploram a natureza, o corpo e a ciência. O uso de raízes como material e espécies de plantas aquáticas carimbadas em tela, juntamente com as intervenções feitas pela artista, refletem os caminhos orgânicos do universo biológico. “Esta exposição é um convite a perceber a vida não como algo fixo, mas como um acontecimento — um fluxo de formas que se transformam antes mesmo de podermos nomeá-las”, afirma Beatriz.
As cianotipias aquareladas e outros dispositivos ópticos criam um universo que questiona a fronteira entre o humano e o não-humano, além da relação entre o que está sob controle e o acaso. As obras que remetem a formas orgânicas, como amebas, células e microorganismos, propõem uma experiência sobre o efêmero. “Etimologicamente, ‘ameba’, em grego, remete à noção de ‘mudança’; assim, as noções de imprevisibilidade e impermanência atravessam o espaço poético desta mostra”, explica o curador. A matéria-prima dessas produções extrapola os limites do eterno, pois compreende a putrefação e a morte das coisas como elementos naturais no percurso da vida.
A estranheza dos temas percorre toda a exposição no intuito de trazer o espectador à frente de questões importantes por meio da arte. “Há assim ressonâncias metafóricas acerca da radicalidade de um outro que precisa ser bem-vindo em sua infamiliaridade em vez de rejeitado e odiado”, conta Vieira. O curador quis elaborar uma seleção que valorizasse os fatores estéticos, texturas e a radicalidade da artista. “Não busco respostas com esse trabalho, mas caminhos para olhar de outra forma. E, talvez, essa ‘estranheza’ seja apenas um lembrete de que a vida sempre nos escapa, mas insiste em se revelar”, diz a artista.
Saiba Mais
SERVIÇO
UMA ESTRANHA FORMA DE VIDA, exposição individual de Beatriz da Terra Curadoria: Marco Antônio Vieira
Abertura: 19 de março de 2025 (quarta-feira), às 18h
Local: Fundação Athos Bulcão (CRS 510 Bloco B Loja 51, Brasília-DF)
Visitação gratuita: Segunda a sexta, das 9h às 18h | Sábado, das 9h às 14h