
O século é o 22 e muita coisa mudou no planeta Terra. A questão climática tomou proporções insustentáveis, cerca metade da humanidade desapareceu e o derretimento do gelo nos extremos norte e sul provocou inundações catastróficas. É desse cenário que o personagem criado por Eugênio Giovenardi em Os fugitivos da água, 28º livro e um de muitos dedicados ao meio ambiente, fala ao leitor.
Com lançamento marcado para amanhã, às 17h, no Sebinho, o romance reúne uma pesquisa feita a partir de documentos oficiais e um cenário distópico de ficção científica. "A história desse livro é simples, mas difícil de engolir: as mudanças climáticas geram uma mudança em todos os aspectos da vida humana, o cultural, o social, o econômico, o religioso, o ideológico e isso vai mudar muito", avisa o autor. "Diante disso, a população mundial vai ser praticamente reduzida à metade do que temos hoje, e isso significa que se faz um equilíbrio no planeta e é isso que estamos precisando".
Os fugitivos da água foi escrito em cinco meses, entre 2024 e 2025, mas a ideia surgiu em 2012, durante uma viagem à Finlândia, terra da mulher do autor. Foi nessa ocasião que ele ouviu comentários contundentes de filósofos, ambientalistas, cientistas biológicos e neurocientistas sobre o impacto das mudanças climáticas sobre o planeta e a humanidade. "Os eventos me deram a entender que nosso maior adversário seria a água em grande profusão, a água das tempestades, o que levaria a espécie humana a fugir da água. Daí o título", explica. "As enchentes no Rio Grande do Sul foram o exemplo mais palpável que tivemos. Sabemos como vai ser o futuro se examinarmos bem o Rio Grande do Sul".
No livro, o narrador, um refugiado da força das águas, faz um relato destinado aos habitantes da terra no século 21. Como se uma voz do futuro pudesse voltar no tempo, ele alerta para como será o século 22. Uma união interplanetária substituiu a Organização das Nações Unidas (ONU) e muitos países deixaram de existir. "É um futurismo baseado em dados", garante.
Giovenardi não quis falar apenas das mudanças climáticas. A ideia era explorar a conexão entre a questão ambiental e todos os outros aspectos da vida. Mudanças ideológicas, culturais e sociais também fazem parte do livro. "É uma ficção baseada nos documentos que alerta sobre as mudanças climáticas. Não só climáticas, mas também as mudanças ideológicas, culturais, sociais e principalmente no aspecto econômico. Porque a espécie humana criou um sistema econômico tão irracional que está inadministrável", avisa.