
Com linguagem experimental, o espetáculo Arbóreas estreia nesta sexta-feira (21/3) envolto em uma combinação de linguagens cênicas costuradas com o objetivo de iluminar os desafios da feminilidade. Formado por uma família de mulheres, o elenco tomará o palco do Teatro Paulo Gracindo, no SESC Gama, apresentando um retrato íntimo das experiências vividas pelas atrizes, com histórias que entrelaçam memórias e percepções, além de explorar feridas e dores individuais e coletivas. Além das apresentações, que estão com ingressos disponíveis no Sympla, as bailarinas Bruna Gosta, Clara Gomes e Lívia Bennet promovem uma oficina gratuita de movimento voltada para o público do Distrito Federal. Com duração de nove horas, a atividade será realizada nos dias 12 e 13 de abril de 2025, no SESC Gama. As inscrições estão abertas por meio de um formulário disponível no Instagram do projeto.
A máxima "nenhuma experiência é individual" descreve, em certa medida, a narrativa deste espetáculo, que, por meio do movimento e dos relatos, busca construir um retrato universal sobre a feminilidade. As semelhanças nas trajetórias de Márcia, Clara e Bruna — mãe e filhas, respectivamente — revelam a violência enfrentada pelas mulheres e os encontros que a resistência proporciona. Sob a direção de Édi Oliveira, a família se envolve em um diálogo entre dança e teatro com diversos outros elementos visuais e sonoros. Os relatos, que se entrelaçam com os movimentos espelhados da coreografia, levantam a questão: de quem é esta história? A interconexão das falas cria um efeito de unidade no qual cada um dos relatos existe na outra.
Além disso, o diretor decidiu explorar temas como natureza, feminilidade e bruxaria para construir este universo mítico. Originado de uma experimentação em vídeo, Arbóreas revelou, desde a primeira tentativa, a força que aquelas mulheres possuíam e o papel fundamental que a dança exercia na manutenção das relações familiares. Em entrevista ao Correio, Édi recorda o período de montagem do espetáculo, mencionando que as atrizes o chamavam de “dramapeuta” no início do processo. Durante a investigação e as tentativas de chegar à essência da peça, foram descobertas desavenças, afeto e situações não resolvidas, que Édi, em sua postura ética, buscou transformar em elementos cênicos.
Embora as narrativas abordadas, organizadas em eixos temáticos, possam parecer distantes do público, questões como aborto, reconexão e encontro com o divino permeiam toda a obra. Cercada por confissões e beleza, a narrativa ganha força no encontro, que, assim como as árvores em toda sua complexidade biológica, se sustenta a partir da colaboração de um ecossistema inteiro. A sororidade retratada estabelece um paralelo com a bruxaria, que, por sua vez, possui seu próprio tempo e empenho. “Quero levar para a vida a primeira vez que vi os solos delas; descobri muito de cada uma ali”, afirma o diretor.
Saiba Mais
Serviço:
ARBÓREAS
Sexta-feira e sábado, 21 e 22 de março de 2025, a partir das 20h; domingo (23/03), a partir das 19h
Teatro Paulo Gracindo - SESC Gama, DF
Ingressos disponíveis no Sympla e @arboreas.arte no Instagram
Sessão acessível para PCDs auditivos e visuais no dia 23 de março (entrada gratuita para PCDs).
Classificação: 16 anos