Crítica

Clássico revisto: com ares latinos e CGI, 'Branca de Neve' está na tela

Nova versão para live action do desenho de 1937 faz atualização inventiva com destaque para a performance de Rachel Zegler

 Branca de neve: atualizado -  (crédito:  Walt Disney)
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Branca de neve: atualizado - (crédito: Walt Disney)

Crítica// Branca de Neve ★★★

O medo não se constatou: todos apostavam em desastrosa adaptação para a live action do clássico desenho de 1937 Branca de Neve e os sete anões. No desvio das más perspectivas, o diretor Marc Webb — responsável pela franquia de O espetacular Homem-Aranha, com Andrew Garfield — presta bom serviço à atualização, com direito à inspirada performance da atriz de Amor, sublime amor, Rachel Zegler, bastante convincente como a princesa convocada a "acordar para o mundo real". Num pingente que ela carrega como um amuleto estão grafadas suas qualidades: justiça, coragem, autenticidade e gentileza.

Em parte, o musical deve bastante ao roteiro de Erin Cressida Wilson, que adapta com maturidade o argumento extraído da literatura dos irmãos Grimm. Cressida trabalhou com diretores como Atom Egoyan e Jason Reitman, além de ser autora do roteiro de A garota no trem, com Emily Blunt. Uma tragédia ronda a protagonista de "beleza incomparável" e que traz latente uma semente de liderar e ser destemida. Com a capacidade de individualizar cada habitante de seu povo, Branca de Neve responde, pouco a pouco, por esperança.

Apegada aos diamantes, que "perpetuam a perfeição", a Rainha Má rende um bom papel para Gal Gadot, dona de toda a superficialidade possível, frente ao espelho mágico com o qual contracena. Diretor reconhecido por (500) dias com ela, enxertado por muitas melodias, Webb calibra bem o aspecto musical, com Jeff Morrow (de Trolls e A pequena sereia), Justin Paul (da música de La la land) e Benj Pasek (de La la land e Alladin). Ao lado do, a princípio, chamado "amigo especial", príncipe Jonathan (Andrew Burnap), Branca de Neve terá a impressão de que "o tempo desacelera", e, ao espectador, impressiona a qualidade ágil na montagem do filme.

Ainda que, em dado momento, Branca de Neve seja desautorizada a vivenciar o mundo das supostas "fantasias" de um mundo idealizado, é justo esta crença que trará sua salvação. Enquanto o filme sabe explorar a riqueza do vermelho, verde, amarelo e azul, as cores dispostas na mina explorada pela região, a prévia disposição de poucos espectadores com o resultado dos grupo de anões do contos do Grimm cai por terra. O filme fixa o cantarolar de Feliz, Dunga, Mestre, Soneca, Atchim, Zangado e Dengoso, todos criados em imagens de computador. É marcante a presença sonora na cena em torno da produtividade, na qual são convidados a "assobiarem, enquanto trabalhar". Contagiante ainda é a voz de Rachel Zegler, capaz de se redimir do trabalho ao lado de Spielberg em West side story.

 

Ricardo Daehn
postado em 21/03/2025 16:07 / atualizado em 21/03/2025 18:16