POLÊMICA

"Se teve abuso sexual, perdoa", diz Baby do Brasil em culto evangélico

Declaração ocorreu durante um culto evangélico realizado em uma balada de música eletrônica em São Paulo. Dono de casa noturna diz que cantora foi chamada "a falar de última hora" sem consentimento dele

Em culto evangélico, cantora Baby do Brasil diz que vítimas de abuso devem perdoar agressores -  (crédito: Reprodução/X)
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Em culto evangélico, cantora Baby do Brasil diz que vítimas de abuso devem perdoar agressores - (crédito: Reprodução/X)

A cantora Baby do Brasil, ex-vocalista da banda Novos Baianos, fez uma declaração polêmica durante culto evangélico que ocorreu, na noite da última segunda-feira (12/3), na balada de música eletrônica D-Edge, em São Paulo. “Se teve abuso sexual, perdoa”, disse a artista, que também é pastora pentecostal, durante uma apresentação de música que realizou no evento. Em nota, o dono da casa noturna disse que a convidada falou sem consentimento dele e que o culto não vai mais acontecer. 

Acompanhada de banda e com guitarra em mãos, Baby pregou para público diverso de mais de 150 pessoas, entre elas adultos, jovens e até mesmo crianças. “Perdoa tudo o que você tiver no seu coração aqui hoje nesse lugar”, pediu. “Se teve abuso sexual, perdoa. Se foi na família, perdoa. 

Revoltados com a fala, internautas reforçam a necessidade de denúncia de crimes sexuais, independentemente de terem sido praticados por familiares ou desconhecidos. Em caso de intervenção imediata, é possível receber atendimento a partir do número 190 e, em outros casos, a partir do 180. 

Em comunicado oficial publicado no Instagram, o dono da D-Edge, Renato Ratier, evangélico há três anos, afirmou que o culto havia sido realizado pela primeira vez na casa noturna “para promover o amor, o respeito e a transformação”. Segundo o empresário, porém, “durante o evento, algumas falas isoladas repercutidas não condizem com o que ele acredita. 

“Deixo claro que sou absolutamente contra qualquer tipo de abuso e discriminação e que todo crime deve ser denunciado e apurado”, enfatizou. “Entendo a gravidade das palavras que foram ditas, não por mim, mas por um convidado chamado a falar de última hora sem o meu consentimento.” 

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Antes de Baby, um DJ se apresentou e outros religiosos pregaram, com falas também polêmicas. Ratier informou que está em contato com eles para que os pronunciamentos sejam justificados publicamente, uma vez que, segundo ele, ideias de violência e “cura gay— em referência a discurso de um pastor que afirmou ter sido travesti na década de 1980 e hoje estar casado com uma mulher e ter três filhos, um deles também pastor — não refletem valores dele nem do D-Edge. 

“O evento do culto foi uma exceção isolada e não irá mais acontecer”, diz o comunicado. “Quero, mais uma vez, reforçar que a minha intenção jamais foi gerar qualquer tipo de discurso que pudesse causar sofrimento, especialmente para aqueles que sofreram abusos ou qualquer outro tipo de violência. Estou comprometido em continuar a promover um ambiente de respeito, inclusão e acolhimento, que sempre foram os pilares da minha trajetória.” 

Com mais de 25 anos em atividade na Zona Oeste de São Paulo, a D-Edge já recebeu alguns dos maiores DJs do mundo. Na última segunda, o evento Frequência de Deus, em que se deram as falas polêmicas, contou com, além de pregações, pocket shows de louvor e rock. 

O Correio entrou em contato com a assessoria de Baby do Brasil para abrir espaço de resposta sobre o caso. Até o momento, não recebeu resposta. Em caso de manifestação, o texto será atualizado.

Leia íntegra do comunicado de Renato Ratier: 

Lara Perpétuo
postado em 12/03/2025 21:30