EVENTO

Bloco Rebu une feminismo e axé music na próxima edição

Idealizadora do projeto conversa com o Correio sobre representatividade feminina no axé e acolhimento LGBTQIAPN+ em bloquinhos no DF

Bloco REBU -  (crédito:  NinaQuintana)
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Bloco REBU - (crédito: NinaQuintana)

O tradicional bloco LGBTQIAPN+ Rebu ocupará o Eixo Cultural Ibero-Americano a partir das 15h com o tema Do Pelô ao Eixo: Axé e Resistência. Ano após ano, os produtores de bloquinhos de rua buscam renovar a energia do ano anterior e trazer alegria ao que está por vir, com novas pautas. Por isso, as colaboradoras do Rebu escolheram os 40 anos do Axé Music como tema deste ano. Completamente protagonizado por mulheres, o bloco busca se estabelecer como um “espaço sapatão e LGBTQIAPN+”, conforme destaca a diretora de produção, Dayse Hansa.

O coletivo, que visa trazer a percussão e dar visibilidade ao protagonismo feminino na cena musical brasiliense, surgiu do incômodo das idealizadoras com a objetificação vivida pelas mulheres durante esta época do ano. Apoiado no feminismo e em slogans como “não é não”, o bloco conquistou o público da capital por ser um espaço seguro e alegre. Contudo, para além da purpurina, os hinos carnavalescos carregam uma mensagem: promover músicas produzidas e interpretadas por mulheres e viabilizar espaço para elas na cena cultural da cidade. “A equipe é inteiramente formada por LBTs, desde as musicistas até a montagem de som, que muitas vezes é vista como um trabalho masculino por exigir força. No nosso bloquinho, só mulheres e uma pessoa não-binária fazem esse trabalho. São pessoas extremamente competentes e fortes”, conta Dayse.

O repertório inclui clássicos como Faraó, da ministra da Cultura Margareth Menezes, entre outros, oferecendo uma nova perspectiva sobre o axé. A pesquisa realizada pelas artistas e DJs que tocarão no evento mergulha nos mares lúdicos da música popular para trazer o poder das narrativas cantadas por mulheres. Entretanto, assim como outros blocos, o Rebu enfrentou, em alguns anos, a falta de apoio em editais. “Conseguimos nesses últimos anos passar nos editais, mas em anos anteriores o bloco foi custeado com dinheiro do nosso próprio bolso e com apoio do grupo Mapati. É comum e interessante para governos de direita que o lazer do povo seja minado”, explica a diretora de produção.

Como mencionado anteriormente, o Rebu se destaca pela proposta inclusiva e de empoderamento ao amadrinhar o bloco estreante Rainha de Corpas, assegurando que a programação seja totalmente gerida por mulheres e pessoas LBTs. Dayse Hansa, diretora de produção, enfatiza a relevância dessa autonomia no cenário cultural, onde todas as funções serão exercidas por profissionais representantes da diversidade. A entrada é gratuita, reafirmando o compromisso do bloco de promover um espaço de celebração inclusivo e respeitoso, onde a alegria do carnaval possa ser vivida de maneira livre por todos. “Nosso corpo é político, o carnaval é político. Brasília precisava de lugares seguros para que a população queer pudesse ter um carnaval seguro. Todos precisam de festejos para começar o ano”, afirma Rafaella Ferrugem, idealizadora do Rebu.


Serviço

Bloco Rebu com as Batuqueiras Mais 

Sábado (1/3), a partir das 15h 

Estacionamento Eixo Cultural Ibero-Americano 

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

Arthur Monteiro*
postado em 21/02/2025 16:10 / atualizado em 21/02/2025 17:12