
O cineasta Cacá Diegues morreu na madrugada desta sexta-feira (14/2), aos 84 anos, no Rio de Janeiro. A morte foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras, por meio das redes sociais. Segundo a Academia, a causa da morte foi complicações em uma cirurgia.
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Cacá Diegues é considerado um dos maiores nomes do cinema brasileiro de todos os tempos. Imortal da Academia Brasileira de Letras desde 2013, Cacá Diegues ocupava a cadeira número 7. Em nota, a Academia afirmou que "sua obra equilibrou popularidade e profundidade artística ao abordar temas sociais e culturais com sensibilidade. Durante a ditatura militar, viveu no exílio, mas se manteve sempre ativo no debate sobre política, cultura e cinema".
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"No início dos anos 1960, foi um dos fundadores do movimento Cinema Novo ao lado de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Paulo Cesar Saraceni, Leon Hirszman e outros. Nos anos 1970, inaugura um período de grande popularidade do cinema brasileiro, com seu filme “Xica da Silva”, ainda hoje um dos filmes mais cultuados desta cinematografia. No início dos anos 1980, realiza “Bye Bye Brasil”, um dos filmes brasileiros mais conhecidos e consagrados no mundo inteiro" afirma a Academia Brasileira de Cinema na biografia do cineasta. No texto, a Academia também cita os seguintes títulos do cineasta:
- Conselheiro da Cinemateca Brasileira de 2010 a 201;
- Membro da Comissão de Honra da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, 2008;
- Curador da Mostra de Cinema dos Jogos Panamericanos, 2007;
- Membro do Conselho Estadual de Cultura do Rio de Janeiro, 2007;
- Patrono do Curso de Audiovisual da CUFA (Central Única das Favelas), Rio de Janeiro, em 2005;
- Membro do Conselho Superior de Integração Social da Universidade Estácio de Sá, desde 2003;
- Cavaleiro da Ordem do Mérito de Palmares, do Governo de Alagoas, em 2000;
- Comendador da Ordem de Rio Branco, do Governo do Brasil, em 2000;
- Medalha Pedro Ernesto da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em 1999;
- Comendador da Ordem do Mérito Cultural, do Governo do Brasil, em 1998;
- Officier de l’Ordre des Arts et des Lettres, concedida pelo Ministério da Cultura da França, em 1986; e
- Membro titular da Cinemateca Francesa, Paris (França), desde a década de 1970.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou nesta sexta-feira (14/2) a morte do cineasta. “Recebi com muito pesar a notícia do falecimento de Cacá Diegues, que durante sua vida levou o Brasil e a cultura brasileira para as telas do cinema e conquistou a atenção de todo o mundo”, disse Lula em nota de pesar divulgada pelo Planalto.
Cacá Diegues no Correio Braziliense
Em entrevista ao Correio, em 2019, o cineasta afirmou que "O cinema brasileiro agoniza, mas não morre". Ele também falou sobre o legado do Cinema Novo. "O Cinema Novo trouxe o modernismo para o cinema brasileiro. Além do trato autoral, era o registro da realidade brasileira. Antes, vínhamos do cinema de estúdio. Foi o primeiro movimento com alcance internacional vindo do que era chamado de Terceiro Mundo. No Cinema Novo, não há nada de parecido entre os filmes do Joaquim Pedro de Andrade (Macunaíma), do Leon Hirszman (A falecida), do Glauber Rocha e dos meus filmes, não há nada parecido. Havia, entretanto, o compromisso de registrar a realidade brasileira", disse o cineasta
À época, Cacá ainda comentou sobre a cerimônia da abertura do Festival de Brasília, em que ele era presidente de honra do júri do festival. "A abertura do Festival teve dois momentos absolutamente repugnantes: primeiro, não deixaram o secretário de Cultura Adão Cândido falar, e depois, um segurança tirou uma carta da mão de um rapaz (manifestante). Ou seja: esquerda e direita praticando o mesmo tipo de censura?! Impedir o outro de falar é algo que não pode acontecer. Temos que lutar contra isso! Perco meu direito de falar, quando proíbo a fala do outro. Aquela abertura do festival trouxe um símbolo de tudo o que está errado."