
O festival brasiliense Favela Sounds já tem a tradição de apresentar ao público da capital nomes novos da música. Porém, na edição de carnaval de 2025, o evento se superou e decidiu que iria internacionalizar essa curadoria. Entre os principais nomes estão três Djs estrangeiras e uma chama atenção, a nigeriana Kem Kem.
Nome que já passeou o mundo em lineups de festas, Kem Kem apresenta o programa Future memories na Oroko Radio e já foi residente em casas de festas em Londres. Quando assume as pick ups toca estilos variados como hip-hop, dancehall, baile funk, afrofunk, drill, afrobeat, dance e eletrônico.
Porém, é a história de como se tornou Dj que a destaca. Uma amante da música desde pequena, quando ouvia os discos da família ao lado do pai nas madrugadas de insônia, ela viveu o vinil, os CDs, a era do download, o YouTube e os streamings estudando música sozinha. “Eu sempre fui meticulosamente interessada nessa emoção complicada que é se sentir feliz e triste ao mesmo tempo e apenas a música traz”, conta em entrevista ao Correio.
Foi na faculdade que Kem Kem começou a tocar. A artista estudava filosofia na Universidade de Stanford, na Califórnia, e fazia playlists para os amigos. Na época, ela estava no segundo ano de curso e foi chamada para ser Dj em uma festa. Ela se sentia deslocada e decidiu usar a oportunidade para se apresentar. “Eu incluí na minha set tudo que eu achava que me representava como pessoa”, lembra a artista que posteriormente postou a apresentação no Instagram e nunca mais deixou de ser convidada para tocar nas festas.
Hoje, Kem Kem é mestre em filosofia pela universidade californiana, mas ganha a vida como Dj há 10 anos. “Nunca aspirei ser uma celebridade, eu só amo muito música. Ser Dj para mim foi um chamado”, acredita a artista que se apresenta no Favela Sounds ao lado de nomes como AJULIACOSTA, Budah, O Kannalha e Jamz Supernova.
Ela sente que o amor pela música a moveu durante todo esse tempo. “Música e vida andam de mãos dadas para mim. Música sempre foi meu refúgio”, afirma. Nesse sentido, foi a música que a trouxe para o Brasil. “É muito interessante estar em Brasília e experienciar como os brasileiros curtem as festas. É muito bonito pensar que esses dois grupos de pessoas (nigerianos e brasileiros) são tem antepassados em comum e estão sendo conectados pela música”, complementa.
Esse show na capital é um fruto de algo que ela sempre trabalhou e sonhou para conquistar. “É muito bonito pensar que a música que me proporcionou chegar ao Brasil. Como artista e como DJ, meu trabalho é sobre fazer conexões entre o Oeste da África, América do Norte, América do Sul e Caribe. Conexões Atlânticas”, explica.
Afinal de contas, para Kem Kem música nunca foi só sobre diversão e entretenimento. “Enxergo o papel do Dj como o de um arquivista. Se está fazendo um trabalho bem feito, não é apenas uma pessoa tocando música, mas sim um agente cultural com papel importante para a sociedade”, disserta a artista que viu a música a levar para lugares que jamais imaginava. “Como artista, quero ultrapassar fronteiras e limites com essa forma de me comunicar”, crava.