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Júlia Yamaguchi comenta sobre o fim de 'Sintonia' e os planos futuros

Atriz que vive Scheyla se despede da produção da Netflix com aprendizados e expectativas sobre o que está por vir

Júlia Yamaguchi -  (crédito: U Up Digital/Divulgação)
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Júlia Yamaguchi - (crédito: U Up Digital/Divulgação)

Vivendo o sonho de infância, a atriz Júlia Yamaguchi chega à última temporada de Sintonia interpretando Scheyla, papel que a apresentou para o mundo do streaming. A artista fez um trabalho longo no papel e chega ao momento da despedida, uma vez que a série encerra a história após cinco temporadas.

Aos 32 anos, ela vê a carreira começando a deslanchar e busca novos horizontes a partir de 2025, quando vai aproveitar o fim de um dos maiores projetos que já participou. Porém, ela já pensa no futuro e se prepara para as oportunidades que estão por vir nesse caminho da atuação.

Ao Correio, Júlia Yamaguchi fala sobre o fim de Sintonia, a carreira e os próximos passos a partir do fim da série.

Entrevista // Júlia Yamaguchi

Sintonia está entrando na última temporada. Como você avalia a série?

Acredito que o sucesso da série é fruto de um trabalho coletivo, com muitas pessoas envolvidas para transformarmos uma ficção, de forma minuciosa: a realidade da periferia paulistana. Desde o começo, sempre tivemos no elenco, no set e na colaboração do roteiro pessoas que, de fato, viveram histórias como as dos nossos personagens. Além disso, não tem um retrato de um lado bom ou ruim, desde uma pessoa dentro do crime a uma pessoa da igreja, existem camadas e profundidades, assim como na realidade. Recebo muitas mensagens nas redes sociais de mulheres falando: "foi a primeira vez que vi na televisão o que eu vivi". São nessas situações que revelam a representatividade mostrada na série e percebemos que ter projetos como 'Sintonia' é extremamente importante para mostrar uma realidade de forma minuciosa, mesmo que de maneira ficcional.

Qual a importância de Sintonia para sua carreira?

Eu tenho muito orgulho de ter feito parte desse projeto, foram quase oito anos trabalhando imersa nessa personagem, com uma equipe e elenco incrível. Tenho a sensação de que, a cada temporada, minha personagem mudava e era como um desafio de interpretar cinco Scheylas diferentes. Além disso, acredito que cada um de nós cresceu e amadureceu com nossos personagens. Por conta da série, ganhei amigos que vou levar para a vida comigo. O elenco sempre foi muito unido e isso tornou 'Sintonia' ainda mais importante na minha vida e carreira.

Qual a importância de uma série brasileira, sobre o funk e as pessoas marginalizadas ter tido tanto alcance em uma plataforma como a Netflix?

Acredito que Sintonia tem chamado bastante atenção, pois além da identificação do público com os temas expostos, não deixa de ser uma denúncia social em relação à carência de políticas públicas em nossas periferias. Além das questões básicas que precisam ser vistas, como saúde, segurança e educação, é preciso investir em cada vez mais espaços de arte e lazer para os jovens da periferia. Para a favela vencer, não acredito que seja preciso levar a arte até a periferia, porque a arte vem de lá. O próprio funk, hip-hop e batalhas de rimas vêm da periferia. Esses jovens só precisam de cada vez mais espaços para poderem performar, criar e se expressar.

Como você aprendeu com a sua personagem e a desenvolveu no passar dos episódios?

O crescimento e a profundidade da minha personagem foram evoluindo aos pouquinhos em cada temporada, até chegarmos nessa etapa de maior amadurecimento, na quarta temporada. Foi um grande desafio interpretar uma mulher presa trazendo um sofrimento invisibilizado pela sociedade. Nesse sentido, acredito que a Scheyla conseguiu contribuir para a quebra de um estereótipo negativo da mulher encarcerada e que, automaticamente, se torna marginalizada. As mulheres no cárcere não deixam de ser mães, filhas e de terem o direito ao reingresso social quando saem. Nesta quinta temporada, temos o retrato dela se reerguendo, abrindo o próprio negócio — o salão de Nail Design —,cuidando dos filhos e acompanhando o marido, que sofre dentro das tensões do cárcere.

Quais são os planos futuros? O que o público pode esperar de você a partir de agora?

Oh! Costumo dizer que sou de viver o presente (risos). Então, estou vivendo muito esse fechamento de ciclo com Sintonia, sabe? Recentemente, participei de mais um ano da Encenação da Fundação da Vila de São Vicente, que teve como tema Encenação 2025 - Você é a História de São Vicente. Mas confesso que já estou me preparando para um novo desafio na minha carreira, mas que também não posso dar detalhes, mas tenho certeza de que o público que me segue e se identificou comigo de uma forma ou de outra irá curtir bastante essa novidade. Mas reforço aqui que estou aberta sempre aos novos desafios da vida do ator e que cheguem novos personagens que me levem para caminhos diferentes.

Pedro Ibarra
postado em 12/02/2025 12:37