O Globo de Ouro descobriu a fórmula do sucesso: convide um brasileiro para participar. É impressionante ver não só a repercussão do merecido prêmio de Fernanda Torres pela interpretação de Eunice Paiva no longa Ainda estou aqui, mas também a própria audiência das postagens da página oficial do prêmio nas redes sociais que envolviam a atriz brasileira.
As curtidas superaram aos milhares as de outros artistas premiados e as visualizações alcançaram os milhões. Igualmente impressionante era o número de comentários. Todas as postagens com fotos de Fernanda, mesmo as de indicação, eram invadidas por enxurradas de mensagens de apoio e dos "já ganhou" de usuários brasileiros.
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Celebridades aclamadas de Hollywood e igualmente premiadas mais tarde na noite daquele domingo nem chegaram aos pés do engajamento que Fernanda arrastou pelas redes sociais por onde passava. Foram fotos, vídeos, frases e memes do momento da premiação. A reação de Selton Mello, seu colega de elenco e que interpretou Rubens Paiva, político assassinado na ditadura militar, foi uma das mais emblemáticas. A alegria e a surpresa genuínas no rosto do ator, que além do sucesso do longa ainda está em cartaz com outro arraso das bilheterias, o Auto da Compadecida 2, foi um prêmio à parte para os brasileiros que vibraram na torcida.
Memes do passado, de interpretações em séries de comédia como Entre tapas e beijos e Os Normais, também ressurgiram, brindando-nos novamente com as performances hilárias de Fátima e Vani. Fernanda, além de escritora e leitora ávida, transita entre o drama e o humor com qualidade dramática inquestionável.
O Brasil vibrou não só nas redes sociais. Presencialmente, houve bairros em que vizinhos gritaram de alegria quando a também extraordinária Viola Davis anunciou a vitória de Fernanda. Parecia final de Copa do Mundo, como anunciavam espectadores. E que golaço para o Brasil! Quanta felicidade cabe em uma nação tão maltratada por estereótipos e por questões geopolíticas que transcendem talentos e habilidades que tanto mereciam reconhecimento internacional, mas que, deste lado dos trópicos, são castigados frequentemente.
A vitória no Globo de Ouro teve um pouco do gosto de revanche. Há mais de um década, a mãe, Fernanda Montenegro, perdeu o Oscar de melhor atriz após a escolha altamente questionável de Gwyneth Paltrow pela atuação em Shakeaspeare Apaixonado. Central do Brasil, também do diretor Walter Salles, é outra obra-prima do cinema nacional. Emocionante e verdadeiro, mostra um Brasil invisibilizado. De certa forma, os dois longas mostram as dores que tornamos invisíveis ao longo da nossa história, mas que nem por isso deixam de doer.
O Globo de Ouro descobriu a fórmula do sucesso e a força do povo brasileiro. Fazemos usos nocivos das redes sociais, que nos trazem problemas imediatos e sequelas que ainda não temos noção de quão maléficas serão. A vitória de Fernanda Torres, que até hoje ecoa e reverbera por aí — afinal, só descansaremos depois do Oscar —, é um sinal de que temos muito de bom para distribuir e combater o ódio.
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