
O cinema brasileiro vive um grande momento neste início de ano. Além do sucesso de Ainda estou aqui, de Walter Salles, outro filme se destacou em janeiro. O longa O último azul, de Gabriel Mascaro, foi indicado ao Urso de Ouro, maior honraria do Festival de Berlim.
O filme, que tem o elenco composto por Rodrigo Santoro, Denise Weinberg, Miriam Socarrás e Adanilo, se passa na Amazônia e conta a história de Tereza, 77 anos, que recebe um chamado do governo para residir numa colônia habitacional compulsória onde idosos devem "desfrutar" dos últimos anos. Antes do exílio forçado, Tereza embarca numa jornada pelos rios e afluentes para realizar um último desejo, que pode mudar o rumo de sua vida para sempre.
O ator Adanilo, que atualmente integra o elenco da novela Volta por cima, da Globo, dá vida ao personagem Ludemir, uma das pessoas que Teresa encontra na trama. Ele mora na beira do Rio, numa casa que foi frequentada por turistas e interessados em conhecer mais do Amazonas.
O personagem realizava passeios e sobrevoos apresentando a floresta, o rio e seus encantos a quem desejasse conhecer. Já há algum tempo sem que ninguém oferecesse esse tipo de trabalho a Ludemir, ele decide começar a se virar realizando serviços de pinturas e o que mais puder fazer. Imerso no vício do álcool e do jogo de apostas, o personagem é um homem amazonense à margem, buscando encontrar, em meio à falta de sorte e desesperança, os novos caminhos para sua felicidade.
Além de celebrar a conquista do papel, Adanilo fala sobre a importância do elenco ser composto por atores amazonenses. "Acho importante que esse filme vai estrear na Berlinale, um dos maiores festivais de cinema do mundo, com o peso que é ter sido feito pelo Gabriel Mascaro, que é um diretor renomado e reconhecido. Fico muito feliz porque, dessa vez, não serei o único amazonense do elenco", ressaltou em entrevista ao Correio.
O ator comenta que é muito comum ser a única pessoa do Norte a fazer parte de filmes e novelas. "É muito recorrente e muito comum eu ser a única pessoa do Norte, a única pessoa indígena (a estar no elenco). Dessa vez, um monte de gente será levado. Acho isso muito legal e muito importante, principalmente para a carreira de artistas amazonenses", ressalta.
Adanilo comemora a indicação de O último azul ao Urso de Ouro e considera que este é um grande ano para o cinema e o audiovisual brasileiro. "Claramente é um momento da gente despontar de vez. O audiovisual brasileiro é tão precioso e tão incrível", disse, citando também o sucesso de Ainda estou aqui.
"Me encontrei com a Pri Helena, que é uma das atrizes de Ainda estou aqui. Estamos gravando Volta por cima juntos, e estávamos celebrando as indicações brasileiras. 'Caraca, você vai pro Oscar, que doideira, que incrível'. E ela: 'Meu Deus, você vai pro Festival de Berlim'. Estamos bem empolgados com o cinema brasileiro, o cinema independente, o audiovisual do nosso país sendo reconhecido."
Sobre as chances do Brasil levar um Oscar, Adanilo se diz esperançoso. "O prêmio de melhor atriz tem que ser da Fernanda, é obvio. Acho que são muitas coisas que são levadas em consideração. Tem a Demi Moore (A substância), que é quase um prêmio para a carreira dela. É a celebração de uma atriz, da carreira de uma atriz. Mas a Fernanda Torres, em termos técnicos, tem que levar. Foi um trabalho muito precioso, muito minucioso", considera.
O ator também não nega a empolgação para viajar para Berlim. "Estou muito empolgado de ir para Berlim antes do Oscar. Acho que é um grande caldeirão do audiovisual brasileiro, sendo encabeçado por Ainda estou aqui no Oscar, mas tem filme brasileiro em cartaz e o nosso filme indo para a capital alemã".