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Para ator de série "Cidade de Deus", da Max, "a arte denuncia, além de entreter"

"Arte não é só para entreter, a arte é denúncia", afirma o ator André Dread, de "Cidade de Deus — A luta não para". O carioca de 43 anos destaca a importância de papéis desafiadores e a busca por humanizar personagens

André Dread, ator -  (crédito: Jo Prazeiro/Divulgação)
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André Dread, ator - (crédito: Jo Prazeiro/Divulgação)

No ar como o Coroa na série Cidade de Deus — A luta não para, André Dead celebra a importância da produção original da Max. "Nessa obra, você consegue olhar para alguns personagens e se ver representado. Acho que o caminho é esse. Eu me vejo representado em vários personagem pretos potentes da série. E isso toca no outro. É genuíno. Você percebe ali que os personagem na comunidade pulsam, é visível esse lugar da política que a série trouxe. A arte no meu ponto de vista, não é só para entreter. A arte é denúncia." 

O artista comemora o fato de que hoje podemos ligar a televisão e assistir tantas pessoas pretas trabalhando em várias plataformas de streamings e nas emissoras. "Como diz a série da Max: a luta não para. E, para nós que somos pretos, não para mesmo. Nossos ancestrais lutaram muito para termos liberdade. Quem veio antes, enfrentou muitas dificuldades, traçou muitas batalhas para preparar o terreno pra gente. E estamos na luta para deixar esse terreno mais inclusivo para a próxima geração", afirma Dread.

Cidade de Deus — A luta não para é uma continuação do premiado filme de mesmo nome de 2002, dirigido por Fernando Meirelles. Baseada na obra do escritor Paulo Lins, o spin-off se passa 20 anos depois dos acontecimentos do longa-metragem, no começo dos anos 2000. O ator de 43 anos celebra que as plataformas de streaming começaram a dar mais oportunidade pra pessoas pretas se inserirem no mercado audiovisual.

"Esse canal tornou o mercado mais inclusivo para nós, que antes dependíamos somente das emissoras para trabalhar. Até a televisão precisou passar por adaptações desde o surgimento do streaming. O mais revolucionário foi saber trabalhar com a internet. Algumas emissoras, inclusive, foram para o streaming. Obviamente que muitas coisas ainda precisam mudar. Mas temos que comemorar uma vitória por vez", comemora Dread.

Sensibilidade

Com participações marcantes em produções como a novela A regra do jogo (Globo), o longa 5x Favela, a série policial A Divisão (Globoplay), o documentário Cadê o Amarildo (Globoplay) e a série de humor Cilada (Globoplay), André Dread destaca sua sensibilidade como elemento-chave em seu trabalho.

"Eu sou um ser humano muito sensível e já tive vergonha disso. Tive que fazer muita terapia pra admitir isso. Hoje eu me admiro nesse lugar", revelou Dread. Para ele, o arco dramático de um personagem é fundamental para motivar sua atuação. "Eu não tenho problema em interpretar bandidos. Já fiz vários, assim como policiais. Mas sempre corro desse lugar de violência. Se eu tiver liberdade para criar, vou sempre querer abraçar o lado mais humano. Falar de afeto, amor, tentar suavizar e mostrar outras camadas", disse.

O ator também enfatizou que busca fugir de estereótipos em suas interpretações. "Não preciso ficar falando palavrão ou fazendo cara feia para imprimir maldade. Eu estudo muito quando me deparo com esses personagens e sempre tento buscar algo que me desafie artisticamente."

Sobre suas inspirações, Dread, que é natural da Cidade de Deus, destacou a importância de um longa-metragem gravado em sua região, o qual foi crucial para despertar sua paixão pela atuação. "Por ser do território e por ter sido atravessado por esse filme, ele foi minha maior inspiração para ser ator hoje em dia." 

 


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Patrick Selvatti
postado em 23/01/2025 17:32