
Para algumas pessoas, a arte é quase um chamado de vida. Daqueles encantos dos quais não há como escapar. No berço de Minas Gerais, a atriz Bárbara Luz, 22 anos, sabe bem disso. Filha de pais atores, integrantes do Grupo Galpão, um dos mais importantes teatros de rua do país, ela reconhece que ser atriz era um movimento quase que involuntário. Entretanto, descobriu essa paixão, a qual sempre esteve perto, nos últimos meses, quando interpretou Nalu, a filha do meio de Eunice Paiva e Rubens Paiva no filme Ainda estou aqui, indicado às categorias de Melhor Filme e Melhor Filme Internacional na disputa pelo Oscar. Fernanda Torres também concorre como Melhor Atriz.
Mesmo com a pouca idade, a maturidade no olhar da jovem revela o quão grata ela tem sido por tudo o que tem vivido. São apenas cinco produções realizadas até aqui e a crença de que ainda há muito para aprender. "Foi uma honra para mim. Às vezes, ficava me dando beliscões, porque não acreditava que estar com Walter Salles, Selton Mello e Fernanda Torres era real", confessa.
O universo da atuação, por motivos óbvios, foi uma virtude que lhe acompanhou durante muito tempo. Estar perto dos pais facilitava esse apreço. Mas, de fato, a dimensão do que a arte significa só veio à tona quando o longa Ainda estou aqui veio ao mundo. "Sinto que saio desse papel diferente. Parece que nada mudou, mas, ao mesmo tempo, é como se tudo tivesse mudado, especialmente dentro de mim. Toda a movimentação política, as pessoas indo ao cinema. Tem sido tudo muito lindo", descreve Bárbara.
De acordo com a atriz, viver Nalu fez com que ela tivesse plena certeza do que queria para o futuro. Mais do que isso, soube que estava no caminho certo e que poderia alcançar lugares inimagináveis. Antes, não tinha tanto essa consciência. "O filme me fez ter essa percepção de que a cultura pode mexer com o mundo", afirma. Durante longos meses, a preparação para o longa foi intensa. Com o sangue mineiro correndo nas veias, precisou ser mais carioca para interpretar a filha de Eunice Paiva.
Fez aulas de balé e prosódia, marcou presença diária na praia e adentrou nas belezas do Rio de Janeiro. Além disso, leu o livro escrito por Marcelo Rubens Paiva e estudou bastante sobre o impacto da ditadura militar na década de 1970, período em que o filme é ambientado. "Sinto um imenso orgulho de tudo o que o filme tem proporcionado não só aqui, mas fora do país", completa Bárbara.
Dentro do set, destaca que os atores se tornaram uma espécie de família. A cumplicidade, o tempo gasto entre as cenas gravadas, detalhes que fizeram com que o elenco se aproximasse. "Também desenvolvi um carinho muito grande pelas meninas, minhas irmãs do filme. Nos falamos até hoje", acrescenta. Sobre toda a repercussão do longa em todo o mundo, incluindo o Globo de Ouro de Fernanda Torres, Bárbara é enfática ao dizer: merecemos isso. Para o futuro, manter a paixão pela atuação e continuar estudando como nunca antes. Por enquanto, ela deve continuar por aqui.