REDES SOCIAIS

Quanto perderiam os maiores influenciadores do Brasil sem redes sociais

Enquanto a maioria dos criadores de conteúdo ganham até R$ 2 mil, celebridades digitais como Anitta, Neymar e Virgínia Fonseca ganham entre R$ 800 mil e R$ 2 milhões por publicidade no Instagram

Celebridades digitais, Anitta, Neymar e Virgínia produzem até R$ 2 milhões com publicações patrocinadas no Instagram -  (crédito: Reprodução/Instagram; Divulgação)
Celebridades digitais, Anitta, Neymar e Virgínia produzem até R$ 2 milhões com publicações patrocinadas no Instagram - (crédito: Reprodução/Instagram; Divulgação)

No último dia 7 de janeiro, a empresa Meta, responsável por plataformas como Facebook, Instagram e WhatsApp, anunciou que encerraria programa de checagem de fatos. Embora valha, de forma inicial, somente para os Estados Unidos, a medida gerou apreensão no resto do mundo e mobilizou, no Brasil, órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) e a Advocacia-Geral da União (AGU), que exigiram esclarecimentos. 

Nesta terça-feira (14/1), após resposta do conglomerado de Mark Zuckerberg a questionamentos feitos pela AGU, o órgão afirmou que termos de uso das plataformasnão estão adequados à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais da cidadania”. 

Diante dessas mobilizações, e levando em conta o cenário atual, em que novas profissões subsistem devido a redes sociais, o Correio apurou o quanto uma possível suspensão do Instagram, por exemplo, afetaria influenciadores dos quais parte de fonte de renda vem da internet. 

Quanto ganham  

De acordo com dados da plataforma Influency.me, a maior parte dos profissionais do mercado de influência — 33,2% — recebe entre R$ 500 e R$ 2 mil por mês. 4% dos criadores de conteúdo recebem entre R$ 20 mil e R$ 50 mil; e apenas 1,5% fatura acima desse valor. 

Esta também é a quantia mínima que grandes influenciadores com mais de 1 milhão de seguidores cobram para fazer uma única publicação patrocinada — que pode chegar até a R$ 500 mil. 

Grandes nomes como Neymar Jr e Virgínia Fonseca, então, classificados pela pesquisa como ‘celebridades digitais e mainstream’, pedem até R$ 2 milhões por campanha publicitária.

Entre estes, Neymar é o mais caro: o atleta cobra entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões por post, que costuma alcançar mais de 200 milhões de pessoas. Logo atrás vem a cantora Anitta, que ultrapassa os 64 milhões de seguidores e recebe cerca de R$ 1,5 milhão por publicação. Os quase 53 milhões de internautas que acompanham a apresentadora Virgínia nas redes sociais garantem a ela o cachê de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por campanha, que inclui posts e stories.  

Quanto perderiam 

Em 2021, segundo algoritmo criado pela empresa NetCredit, Anitta recebeu US$ 16 milhões — o equivalente a cerca de R$ 128 milhões na cotação atual — apenas no Instagram. A atriz Larissa Manoela, que vem logo em seguida, faturou, durante o mesmo ano, aproximadamente R$ 90,6 milhões. 

Com bases nesses números, se ocorrer com as redes sociais da Meta o que aconteceu com o X de Elon Musk - que foi suspenso por 39 dias entre agosto e outubro do ano passado , influenciadores digitais, dos menores aos maiores, perderiam, durante a mesma quantidade de dias, de R$ 647 a R$ 14 milhões. 

De acordo com os dados de 2021, Anitta, por exemplo, perderia cerca de R$ 350,68 mil por dia de suspensão do Instagram — o que totalizaria R$ 13,67 milhões em 39 dias. 

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Entenda o que aconteceu 

Nesta terça-feira, a AGU publicou nota confirmando o recebimento de resposta da Meta a notificação extrajudicial enviada pelo órgão no último dia 10. Em carta de resposta, a companhia confirmou que, por ora, o Programa de Verificação de Fatos permanece ativo no Brasil; e que mudanças relativas à Política de Conduta de Ódio já foram implementadas no paísiniciativa que, segundo a Advocacia-Geral, “tem potencial efetivo de permitir graves violações de direitos humanos”. 

Assim, “alguns aspectos constantes no documento da Meta causam grave preocupação na AGU e em órgãos do governo federal”. Entre outros motivos, a nota informa que informações prestadas pela empresa contrariam afirmações realizadas em manifestações recentes, durante discussão sobre o Marco Civil da Internet, no Supremo Tribunal Federal (STF); e que “atuais termos de uso das plataformas, assim como as mudanças informadas agora pela Meta, não estão adequados à legislação brasileira e não são suficientes para proteção dos direitos fundamentais da cidadania”. 

Como informa o comunicado, a AGU realiza, a princípio na tarde da próxima quinta-feira (16/1), audiência pública junto aos ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC) e à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR) a fim de “discutir os efeitos da nova política implementada pela Meta, o dever de cuidado das plataformas digitais, os riscos da substituição do Programa de Verificação de Fatos no exterior e as medidas a serem ser adotadas com o objetivo de assegurar o cumprimento da legislação nacional e a proteção de direitos”. 

Lara Perpétuo
LP
postado em 14/01/2025 17:35
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