OSCAR

Quais são as reais chances de Fernanda Torres no Oscar?

O afunilamento das categorias de atriz de drama e atriz de comédia ou musical aperta as possibilidades; mas elas permanecem

Ainda estou aqui: Fernanda Torres quer estacionar no Oscar -  (crédito:  Sony Classics/Divulgação)
Ainda estou aqui: Fernanda Torres quer estacionar no Oscar - (crédito: Sony Classics/Divulgação)

Entre  8 e 12 de janeiro, o destino de Fernanda Torres na disputa pelo Oscar será selado, com a entrega das votações para os indicados em 17 de janeiro. Com a possível indicação de Ainda estou aqui como melhor filme internacional, há esperanças para a campanha de Fernanda Torres como melhor atriz. O afunilamento das categorias de atriz de drama e atriz de comédia ou musical aperta as possibilidades; mas elas permanecem.

Um azedume vem com a tendência dos mais recentes anos: as vencedoras do Globo de Ouro de melhor atriz dramática não têm vencido o Oscar. Renée Zelwegger venceu por musical; Frances McDormand não obteve o Globo de Ouro (ao vencer o Oscar, em papel dramático) e Lily Gladstone, na hora do Ouro final perdeu para Emma Stone, de Pobres criaturas. Ainda que Cate Blanchett não tenha sido reconhecida pelo denso Tár, o cenário daquele ano acalenta a provável projeção de Fernanda Torres: houve também, em 2023, uma vitória contra o etarismo (Torres tem 59 anos), com Michelle Yeoh, de Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo, conquistando o prêmio num filme com falas em inglês, mandarim e cantonês. Ainda nesta leva recente, a estrangeira Alma Pöyste (Folhas de outono) sequer foi indicada, depois de estar no rol do Globo de Ouro.

Num exame do passado, tudo fica relativo, quando se pensa que Sophia Loren venceu o Oscar, por Duas mulheres (1961), sem passar pelo crivo do Globo de Ouro e Marion Cotillard, de Piaf — Um hino ao amor, vitoriosa em musical (no Globo de Ouro), faturou como a primeira atriz consagrada em língua francesa, no certame do Oscar. Também em francês, Isabelle Huppert venceu o Globo de Ouro, por Elle (2017), mas foi derrotada no Oscar.

O Oscar igualmente pode ser sinônimo de injustiça, que o diga Fernanda Montenegro, com Central do Brasil, a finalista derrotada no Oscar pela americana Gwyneth Paltrow, e ainda a vitória exclusiva de Nicole Kidman, com As horas, filme que levou o Urso de Prata para Kidman, mas junto com Meryl Streep e Julianne Moore.

Para o Oscar (especialmente com as interpretações em língua estrangeira), nem tudo são flores. Exemplos estão na indicação de Salma Hayek por Frida (2003) e a acolhida de Penélope Cruz (por Volver, em 2007), mas os vetos a Ziyi Zhang, japonesa vista em Memórias de uma gueixa (2006) e a britânica Kristen Scott Thomas, interpretando em francês, em Há tanto tempo que te amo (2009). Todas elas, aliás, finalistas nas listas do Globo de Ouro.

 

Ricardo Daehn
postado em 07/01/2025 07:01
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