Por Maria Luísa Vaz*
Após a vitória de Fernanda Torres, brasilienses formaram filas na bilheteria do cinema do Liberty Mall, na tarde de segunda-feira (6/1), para prestigiar Ainda Estou Aqui. A procura pelo longa nacional foi tão grande que muitos não conseguiram comprar ingresso — as duas sessões do dia já estavam esgotadas antes mesmo do horário da exibição.
O Correio conversou com expectadoras que foram ao cinema para assistir Ainda Estou Aqui. Rosangela Coelho, assistente social, é de Franca, interior de São Paulo. Ela veio visitar a filha em Brasília e aproveitou para rever o filme, que já havia visto na cidade natal. Confira:
"Eu já assisti uma vez, vou assistir pela segunda. Eu achei muito interessante porque retrata uma época que eu vivi, que foi a época da ditadura, porque eu tenho 70 anos, então eu vivi esse movimento de 64. E eu acho que hoje a juventude não sabe, não lembra disso. Fala que não teve ditadura, que não teve tortura. Então eu acho que esse filme é um lembrete muito interessante. Achei [a vitória da Fernanda Torres] muito legal, principalmente pelas concorrentes, todas internacionais. Então, eu achei muito bacana. É a projeção do cinema brasileiro, da nossa cultura, da nossa arte".
Flor Lopes, professora aposentada, nasceu no Equador, mas mora no Brasil há mais de 30 anos.
"Eu sei mais ou menos a história da época da ditadura, que [o Rubens Paiva] foi preso assim, aleatoriamente, que nessa época não tinha muito controle, quem era contra ou quem era a favor. Eu estou querendo assistir o filme há muito tempo porque é mais um estímulo ao cinema brasileiro, que durante muito tempo perdeu todas as vantagens da produção cinematográfica, porque foi proibido, desapareceu. E agora com essa retomada, estou tentando dar esse apoio, independentemente do diretor, dos atores e atrizes. [A vitória da Fernanda] é um reconhecimento internacional, porque tinha outras atrizes, que têm mais fama, são mais conhecidas. Já ganharam também, em outras ocasiões. Então eu acho que foi um reconhecimento à produção cinematográfica brasileira. É isso que interessa, a imagem que o país está refletindo no exterior."
Suzana de Bortoli Librelotto, servidora pública, mora na Asa Sul.
"Eu acompanho o cinema nacional e queria muito assistir o filme pelo tema, pelos atores, por tudo, e não consegui vir antes. Hoje é meu primeiro dia de férias e eu estou aqui. Minha vontade foi potencializada pelo Globo de Ouro da Fernanda. A gente nunca ganha um prêmio internacional. Ganhar é muito bom. O enredo do filme é maravilhoso, ele só foi possível por causa da Comissão da Verdade, que esclareceu essa história. É uma história importante, que vem para colocar alguns pingos nos ís de uma parte do nosso passado que nunca foi esclarecido e ainda é doído para a gente. Estou muito ansiosa pra ver. Eu acho que vai ser um filme lindo."
Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco