NATAL

Papai Noel: conheça a origem e manifestações culturais do personagem

Natal não é sinônimo de Papai Noel em todos os lugares do mundo. Entenda como surgiu o personagem natalino e como outros países celebram a data

O Papai Noel que conhecemos hoje é inspirado no bispo católico São Nicolau -  (crédito: Kayo Magalhães/CB)
O Papai Noel que conhecemos hoje é inspirado no bispo católico São Nicolau - (crédito: Kayo Magalhães/CB)

A figura atual do Papai Noel nasceu de uma combinação de crenças pagãs, cristãs e influências publicitárias. Originado do bispo São Nicolau de Mira, cidade que é atualmente Turquia, que era caracterizados por obras de caridade e generosidade com as crianças, assim como a aparência do idoso barbudo. 

Estudioso de geopolítica, Felipe Vasconcelos explica: “Tinha inúmeras histórias sobre a solidariedade dele. A dos presentes deriva de uma história de que ele depositava moedas na janela de um homem que tentava usar as três filhas como prostitutas porque não tinha dinheiro. Graças a São Nicolau, esse homem conseguiu tirar essas três filhas da prostituição.”

O nome do personagem natalino deriva do francês, em que Noël significa Natal. No inglês, o velhinho é chamado de Santa Claus, uma adaptação do nome de São Nicolau em holandes, Sinter Klass. Na Alemanha, Santa Klaus tem raízes na mitologia nórdica de Odin.

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Foi apenas em 1931 que a imagem do Papai Noel foi consolidada como a figura popular de roupas vermelhas, quando a Coca-Cola pintou o personagem em anúncios natalinos. Noel foi associado ao nascimento de Jesus por ser caridoso e modesto, mesmo que a data do Natal seja uma ressignificação cristã de celebrações originalmente pagãs, e não o aniversário real de Jesus.

Natal pelo o mundo

Em alguns lugares do mundo, o velhinho já enfrentou momentos conturbados, banido por razões políticas, religiosas e culturais. Associado ao comércio e a tradição natalina no ocidente, o Papai Noel carrega simbolismos que desafiam ideologias de outros lugares. 

Um exemplo da repulsa com o personagem ocorreu na antiga União Soviética, quando celebrações religiosas eram desencorajadas no período comunista. Ao invés de Noel, figuras como Ded Moroz, o ‘Avô Gelo’, foram promovidas como substitutas eslavas do velhinho. 

Na Arábia Saudita, a celebração cristã não condiz com o rigor religioso das tradições islâmicas e o Papai Noel é visto como símbolo de influências ocidentais. Em alguns países asiáticos, como a Coreia do Norte, a presença do Papai Noel é limitada, rejeição atrelada à postura política que busca restringir símbolos externos e preservar valores locais.

Em algumas regiões da Europa, figuras folclóricas como o próprio São Nicolau e o Krampus, demônio que pune as crianças más, dominam as celebrações natalinas. A preservação da cultura local revela a resistência à padronização capitalista promovida pelo Papai Noel.   

No Brasil, o Vovô Índio se popularizou na década de 1930 em uma tentativa de uma celebração natalina brasileira, mas a figura não vingou. Já no folclore italiano, a bruxa La Befana se locomove em um vassoura voadora para presentear as crianças boazinhas. 

Para Felipe, o personagem é um exemplo de como símbolos culturais refletem dinâmicas de poder:  "A rejeição ao Papai Noel em certos países não é apenas uma questão de tradição ou religião, ela revela disputas culturais mais amplas, onde símbolos globais acabam sendo percebidos como agentes de uma hegemonia cultural ocidental”.

 

Bianca Lucca
postado em 24/12/2024 15:20
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