O embate jurídico entre a cantora britânica Adele e o compositor brasileiro Toninho Geraes ganhou mais um capítulo.
Desde 2021, Geraes acusa Adele de plágio, alegando que a música Million Years Ago, do álbum 25, é uma cópia de sua obra “Mulheres”, consagrada na voz de Martinho da Vila. Em uma decisão inédita, a Justiça brasileira determinou que Million Years Ago não pode ser executada ou comercializada sem a devida autorização de Geraes.
A decisão, proferida pelo juiz Victor Agustin Cunha, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, exige que plataformas de streaming, rádios e outros meios respeitem a ordem judicial, sob pena de multa de R$ 50 mil por reprodução não autorizada. A suspensão deve entrar em vigor após a notificação formal aos canais de distribuição, que está prevista para esta semana.
Toninho Geraes, representado pelo advogado Fredímio Trotta, afirma que a música de Adele apresenta similaridades inconfundíveis com sua obra. Em entrevista, Geraes destacou: “As provas que apresentamos são contundentes. O plágio é evidente. Não conhecia muito da Adele, mas, ao ouvir a música, ficou claro que era minha criação.”
Além da suspensão, Geraes também pede uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais, bem como o pagamento de royalties retroativos desde o lançamento de “Million Years Ago” em 2015.
Adele: Universal Music contesta decisão e alega uso de clichê musical
Logo após a decisão judicial, a gravadora Universal Music, que representa Adele, entrou com um recurso para reverter a liminar. A empresa argumenta que “Million Years Ago” não configura violação de direitos autorais, alegando que as semelhanças se devem a um elemento comum na música, conhecido como Progressão de Acordes pelo Círculo de Quintas.
Segundo o advogado da gravadora, a liminar é desproporcional e pode causar prejuízos financeiros significativos para Adele e os demais envolvidos. A Universal Music reforçou que a restrição afeta não apenas o mercado brasileiro, mas também países signatários da Convenção de Berna, o que amplia os impactos econômicos da decisão.
A gravadora ainda declarou que respeita o trabalho de Toninho Geraes, mas que a alegação de plágio não se sustenta. “Há elementos musicais que, embora semelhantes, são utilizados em diversas composições ao longo da história”, afirmou um representante em comunicado à imprensa.
Enquanto o recurso da Universal Music aguarda análise, a decisão representa um precedente importante para casos de direitos autorais no Brasil. Se mantida, a liminar poderá redefinir a forma como disputas internacionais envolvendo artistas de grande renome são tratadas judicialmente.
Para Toninho Geraes, a luta continua: “Não é apenas por mim, mas por todos os compositores que, muitas vezes, não têm voz para proteger suas criações.”
O caso segue em andamento, com potencial para influenciar discussões globais sobre propriedade intelectual na música.
Djenifer Henz – Supervisionada por Marcelo de Assis