Estreante em novelas, o ator Vitor Sampaio vem conquistando o público com sua interpretação de Jô em Volta por cima, trama das 19h da TV Globo. Em entrevista exclusiva, o pernambucano de Olinda compartilhou detalhes sobre a construção do personagem e os bastidores dessa jornada.
Vitor fez o teste enquanto estava em Fortaleza e, logo após retornar a Recife, cidade que adotou, soube que havia sido aprovado. "Foi uma alegria enorme, ainda mais por saber com quem contracenaria. É um elenco maravilhoso, tanto artisticamente quanto pessoalmente", comemora o artista de 34 anos, que também teve participações em importantes produções, como as segundas temporadas das séries Impuros e Cine Holliudy.
A experiência inédita de participar de uma novela o encantou desde o início. "É um aprendizado diário trabalhar com profissionais tão talentosos", afirma ele, que destaca o elenco com pessoas pretas com papeis de protagonistas, indígenas, trans, amarelos e nordestinos em um contexto além do sertão e do Nordeste — algo que, segundo ele, enriquece a narrativa e aproxima ainda mais o público.
"É muito gostoso poder vivenciar, usar meu próprio sotaque em um contexto que não é o sertão e o nordeste, e ver essa diversidade tão representada na trama." Ele acrescenta: "Há nordestinos em qualquer lugar do Brasil, principalmente no Sudeste."
Desde a estreia, Volta por cima tem provocado fortes reações entre os telespectadores, e Vitor já sente o impacto. "Nas ruas, recebo elogios e carinho. É algo novo e muito interessante. Nas redes sociais, o retorno é instantâneo, o que dá um termômetro do que o público está achando. É ótimo poder acompanhar essa interação em tempo real", defende.
Um capanga que gosta de doramas
Jô é um personagem complexo, transitando entre lealdade, manipulação e um inesperado gosto por doramas, os dramas coreanos. Essa dualidade tem sido uma das marcas da atuação de Vitor. "Ele é manipulador no mundo da contravenção, jogando onde pode ganhar, mas, ao mesmo tempo, demonstra sensibilidade com quem nutre afeto, como Cacá (Pri Helena) e Sebastian (Fabio Lago). Esse contraste enriquece o personagem e traz humanidade. Afinal, ninguém é apenas uma coisa", argumenta ele, que também contracena com nomes como Isabel Teixeira, Milhem Cortaz, Drica Moraes, Rodrigo Fagundes e a veterana Betty Faria.
A inclusão do amor por doramas foi um ponto alto na construção do personagem. "É uma quebra que humaniza e surpreende. Um capanga que gosta de K-dramas? Isso mostra que todos têm camadas e é uma quebra que surpreende e traz comicidade, mostrando outras nuances da personalidade", argumenta.
Referências e inspirações
Embora não tenha se inspirado diretamente em alguém, Vitor mergulhou no universo da contravenção para compor Jô. "Assisti a documentários como Vale o escrito e O Castor, além de vídeos no YouTube. Essa pesquisa me ajudou a entender as dinâmicas de poder desse ambiente." Ele também destaca que a construção de um personagem em novelas é um processo contínuo: "É descobrir o personagem no decorrer das gravações, deixando espaço para surpresas."
Além de Volta por cima, Vitor já se prepara para outro grande momento: a estreia da macrossérie Guerreiros do Sol, na Globoplay, em abril. "Foi um divisor de águas na minha carreira. Esse trabalho me deu uma base sólida, tanto em atuação quanto em vivência no set. Estou muito ansioso pela estreia e grato por tudo o que já tenho colhido", conclui o ator que, com seu talento em evidência e projetos promissores, é um nome para acompanhar de perto.