Literatura

Poeta residente do Mercado Sul lança livro de poesia nesta sexta (13/12)

Em 'Do caos à poesia', Eli Ferreira retrata a vivência da escritora enquanto mulher preta. A autora reside na Ocupação Cultural Mercado Sul há 12 anos

Eli Ferreira com o livro Do caos à poesia  -  (crédito: Divulgação)
Eli Ferreira com o livro Do caos à poesia - (crédito: Divulgação)

 A poeta baiana Eli Ferreira lança o primeiro livro, intitulado Do Caos à Poesia, nesta sexta-feira (13/12), no Mercado Sul, a partir das 20h. Residindo na Ocupação Cultural Mercado Sul há 12 anos, Eli é inspirada pelas influências desse espaço e constrói a obra a partir das intersecções de classe e raça que a definem. O lançamento contará com mil exemplares impressos.

As reflexões de Eli têm origem na experiência de viver como mulher negra no Brasil. Em entrevista ao Correio, ela compartilha os desafios enfrentados por uma poeta negra e independente. “O Mercado Sul é um palco aberto, um reduto de vivência artística, ou seja, uma escola livre. Para o projeto do meu livro, 80% da equipe técnica é composta por pessoas do Mercado Sul, o que evidencia a contribuição contínua deste território”, destaca.

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Ela também ressalta: “O maior obstáculo é a falta de oportunidades e a invisibilidade que nós, mulheres pretas, enfrentamos em diversas áreas de nossas vidas. Quantas heroínas pretas são mencionadas nas aulas de história? De quantas você já ouviu falar? Enquanto eu for poeta, elas serão lembradas em meus poemas. Maria Felipa pode ter sido apagada, mas em meu livro Do Caos à Poesia, ela está muito viva”, afirma Eli.

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As investigações de Eli sobre sua ancestralidade resultaram em textos que abrangem o período de 2016 a 2023. A coletânea, contemplada pela Lei Paulo Gustavo, pode se transformar em um livro. “Já tinha toda a obra pronta e apenas fiz uma curadoria de poemas antigos, que abordam questões sociais, como as paródias que escrevi entre 2016 e 2023. Estava apenas aguardando uma linha de apoio para publicar, e então veio a Lei Paulo Gustavo, permitindo que esse sonho se concretizasse”, conta a autora.

Eli busca alcançar um público que possa se emancipar por meio da obra. A venda dos exemplares visa maximizar o número de compradores, mas ela enfatiza a importância da distribuição de algumas edições em instituições específicas. “A contrapartida do projeto é a distribuição gratuita da obra em casas de apoio a mulheres vítimas de violência doméstica, penitenciárias femininas e unidades do sistema socioeducativo”, explica.

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

 

Arthur Monteiro*
postado em 13/12/2024 17:08
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