Nesta sexta-feira (6/12), João Tostes e Vinícius Vivas lançam o primeiro álbum da parceria, Ukulele Harmonies Live in Niterói. Gravado ao vivo no Theatro Municipal de Niteroi, o repertório contém 18 faixas, alternadas entre composições originais e recriações de clássicos — ao som do Ukulele. O disco já está disponível nas plataformas de streaming. Em entrevista ao Correio, o instrumentista mineiro fala sobre o álbum.
Entrevista//João Tostes
Como surgiu a ideia de criar o álbum Ukulele Harmonies Live in Niterói e por que a escolha do Theatro Municipal de Niterói como palco para a gravação ao vivo?
Surgiu a oportunidade de fazer o show completo no Theatro Municipal de Niterói e ficamos aguardando, ansiosos, até que se confirmou a data (27 de setembro de 2024). Esse espaço é maravilhoso, já foi palco de grandes artistas ao longo de muitos anos. Diante de tal oportunidade, não poderíamos deixar de gravar e eternizar esse momento
Você é conhecido mundialmente por promover o ukulele. Como enxerga a evolução da aceitação e popularidade do instrumento no Brasil e no exterior nos últimos anos?
O ukulele era bastante desconhecido aqui no Brasil, e ele teve uma divulgação muito forte na década passada, onde artistas como Marisa Monte, Lulu Santos, Paulinho Moska e muitos outros passaram a incorporar o instrumento em seus shows, e isso ajudou muito a deixar o ukulele em evidência por aqui. Fora do país, o ukulele já estava mais popularizado, tendo tido o que chamamos de boom mundial, nas décadas de 1920, 1950 e após o início dos anos 2000. Mais recentemente também foi criada a UIC — Ukulele International Conference, em Alessandria, na Itália, com o intuito de reunir estudos acadêmicos sobre o instrumento. O mesmo grupo, que faz parte do Conservatorio di Musica 'Antonio Vivaldi, também lançou o primeiro programa do mundo para formação acadêmica em ukulele. A junção de todos esses acontecimentos, iniciativas, esforços e pessoas fizeram com o que o instrumento passasse a ser mais bem aceito em diversos meios, sendo reconhecido como um instrumento de grande potencial melódico e harmônico, com infinitas possibilidades. Tenho a alegria de ter reconhecimento do meu trabalho vindo de grandes músicos brasileiros, como Mozart Mello, Nelson Faria e Aquiles Reis.
Com carreira já consolidada na música instrumental, como você vê a importância de projetos como este para inspirar novas gerações de músicos e popularizar ainda mais o ukulele?
As pessoas começam a enxergar como é possível realizar um trabalho, seja lá qual for o instrumento. Tem muitos entusiastas no ukulele fazendo excelentes trabalhos e que percebem que podem dar um próximo passo para concluir artisticamente suas iniciativas. Tem pessoas querendo ouvir, tem público, então vale muito a pena dar o próximo passo. Inspirar pessoas requer muita responsabilidade e trabalho, e temos consciência de que nos empenhamos muito para chegar a esse resultado que, para nós, marca a carreira e abre novas portas para fazermos a música percorrer mais rios e montanhas.
Quais são as suas faixas preferidas do álbum e por quê? Alguma delas tem uma história especial que gostaria de compartilhar?
O show inicia com Maria Madalena, minha primeira composição mundialmente publicada em aplicativos de streaming. Foi lançada como single e um ano depois ganhou uma nova versão, como uma bossa-nova moderna, no meu primeiro álbum. Eu também adorei as canções que possuem improviso, ou seja, solos que foram tocados ali, naquele instante, tendo sido tocados com o instinto e calor do momento. Eles se eternizaram na gravação e gostei demais dos resultados. Cada uma tem uma história e todas elas carregam muito sentimento. Estou muito feliz em ter tido a oportunidade de tocá-las nessa parceria com o querido amigo Vinícius Vivas, um músico de extrema competência e talento e participação especial do nosso querido amigo Leandro Donato, com toda sua sensibilidade musical.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel