Se tem algo do qual Hugo Bonèmer não pode reclamar é do ano de 2024. Após participar da bancada do Sem censura, apresentado por Cissa Guimarães na TV Brasil, e se destacar nos palcos com o espetáculo Querido Evan Hansen, o artista está de volta à teledramaturgia, e em grande estilo. Ao mesmo tempo que chega ao catálogo da plataforma Globoplay com a exibição de Malhação — Casa cheia, trama de 2013 em que viveu Martin, o ator também pode ser visto na minissérie Senna, superprodução da Netflix, em que interpreta o piloto automobilístico Nelson Piquet.
Coincidentemente, o paranaense de 37 anos já esteve em outra produção sobre o ídolo brasileiro morto em 1994, porém, no teatro, e como o próprio, em Ayrton Senna, o musical. "Estar do outro lado da rivalidade com o Piquet foi tipo mudar de time no meio do campeonato. Mas, no final, o mais divertido foi explorar o que vai além da rivalidade: os dilemas, as paixões em comum e aquela acidez que só o Piquet tem", afirma o ator.
Hugo destaca, na produção da Netflix, a chegada de Ayrton da Silva a Mônaco, no segundo episódio, quando Nelson Piquet já era tricampeão mundial. "Explorar a dinâmica entre o Piquet e o Senna, mesmo em reconstituições, foi como estar em um campo minado de rivalidade histórica; só que com o Gabriel Leone trazendo o Senna à vida, cada detalhe importava. A relação deles era cheia de olhares, gestos e aquela tensão que nem precisava de palavras. Mas dá para cortar o ar com uma faca. Mesmo nas poucas cenas, a gente tentava capturar essa energia — como se cada olhar pudesse contar um capítulo da história deles. E, claro, é fascinante estar ali no meio, recriando esse tipo de tensão que marcou tanto as pistas e as manchetes."
Entre palco e telas
Com um currículo extenso e robusto no teatro, Bonèmer foi premiado com o DID recentemente pela atuação na peça Querido Evan Hansen e destaca como um dos momentos mais emocionantes da sua carreira. "Esse musical me transformou como artista e como pessoa, porque trata de temas muito profundos e atuais, como saúde mental e pertencimento. O teatro musical, para mim, é uma das formas mais completas de contar histórias, porque une a força do texto, a magia da música e o impacto visual. Ele exige uma entrega total e, ao mesmo tempo, te dá uma conexão única com o público. Foi uma honra poder tocar tantas pessoas com essa história", observa ele, que, em 2019, brilhou no quadro Show dos famosos, do Faustão.
Hugo também tem experiências marcantes no cinema, com destaque para o filme Domingo à noite, onde contracenou com Marieta Severo e estreou nesta quarta-feira (4/12) no Canal Brasil. Ele também filmou, recentemente, com Fernanda Montenegro e Ary Fontoura, o longa Velhos bandidos, que ainda será lançado. "Foi como entrar numa sala de aula com os melhores professores possíveis. São artistas que têm uma generosidade absurda no set e uma profundidade no trabalho que só vem com uma vida inteira dedicada à arte. Você aprende só de observar como eles se preparam, como valorizam cada cena. É uma lição de humildade e respeito pelo ofício. Reverenciar esses veteranos não é só reconhecer sua contribuição, mas garantir que as próximas gerações também tenham o privilégio de aprender com eles", enalteceu o primo de William Bonner.
Mas não é só na frente das câmeras e nos palcos que Hugo atua. O artista também trabalha com dublagem, dando voz a diversos personagens, como do ícone pop Freddie Mercury em sua cinebiografia, Bohemian Rhapsody. "A dublagem tem uma liberdade criativa que é deliciosa. Você pode ser qualquer personagem, independentemente de idade, aparência ou qualquer limitação física. É um exercício puro de interpretação com a voz, e é muito divertido criar camadas e nuances que vão dar vida ao personagem. Fora que você sempre trabalha com histórias incríveis, que vão do drama à comédia. Tem dias que saio do estúdio rindo sozinho das cenas", concluiu.
Com uma Malhação e apenas duas novelas — Alto astral (2014) e A lei do amor (2016) — no currículo, Hugo Bonèmer não descarta um novo espaço para o gênero na sua carreira. "Sempre há espaço! Cada projeto tem seu tempo e seu lugar. Malhação foi uma escola para mim, e as novelas me deram oportunidades maravilhosas de me conectar com um público muito amplo. Acho que o importante é escolher histórias que me desafiem e me permitam crescer como ator. Se surgir uma novela com um personagem que me provoque, com certeza eu volto para o gênero. O que importa é a história que estamos contando e como ela se conecta com as pessoas", finalizou.