Do alto de seus 58 anos, Philippe Seabra lança, hoje, em Brasília, o livro de memórias O cara da Plebe. Na conversa com o Correio, o guitarrista e vocalista disse que seu escrito (com 640 páginas) vai além de registros de recordações dos (às vezes não muito) bons velhos tempos e reflexões sobre vários assuntos que extrapolam a história da sua banda de punk rock, a Plebe Rude, criada em 1981.
Ele quis redigir um texto que despertasse a vontade dos leitores em se empenhar por concretizar aquilo em que acreditam. Exemplos e realizações resultantes dessa filosofia de vida sobram ao autor. Basta pesquisar na internet e ver o que fez e faz.
E o que fará: está preparando mais dois livros (um em parceria com o baixista André "X" Muller, também fundador da Plebe Rude); a regravação orquestrada da primeira obra da grupo, O Concreto Já Rachou, de 1986; um memorial sobre o rock no Brasil, iniciativa para a que já conta com parceiros de peso, como autoridades e outros artistas, além da definição do terreno onde o prédio ficará; e a gravação de surpresas em outro idioma, cujos detalhes deixou em suspense, mas garantiu que não será em sua língua materna: o inglês.
"Quis com o livro servir de inspiração. Não sei se consegui. Mas, creio que deu para mostrar que a juventude da minha época (anos 1970) não tinha acesso a nada em Brasília. Mesmo assim, a gente cavava, propelido pela curiosidade intelectual, pela vontade de querer fazer. Ninguém ficava de braços cruzados", disse o brazuca de coração, e também por parte de mãe paraense.
Nascido em Washington D.C., capital do país do qual seu pai, português, tinha nacionalidade e que representou como diplomata, Seabra acrescenta: "Acredito que o livro mostra que a juventude (brasiliense da época) podia fazer tudo, menos ficar de braços cruzados. E o mais importante: valorizava o que conseguia."
De peito nu
Elocubrações à parte, Seabra — que com a sua banda, e junto à Legião Urbana e ao Capital Inicial, está entre representantes candangos no movimento BRock, dos anos 1980, que realizou mega espetáculos do gênero pelo país e ainda seguem na ativa — admitiu que se expôs como nunca. "Talvez, com o livro, inconscientemente, fiz algo que o Herberth Vianna (de Os Paralamas do Sucesso) me pedia para fazer há décadas nas letras das músicas da Plebe. Eu me expus de uma maneira como nunca fiz."
Quem quiser mais detalhes sobre essa exposição, só precisa consultar O Cara da Plebe. Aliás, ele narra passagens curiosas e curiosidades, como informações sobre o porquê do título do livro e em qual língua estrangeira a Plebe Rude gravará em breve.
Serviço
Cara da Plebe, autobiografia de Philippe Seabra, guitarrista e um dos fundadores da Plebe Rude - editora Belas Letras
Livraria da Travessa,
Casa Park Shopping
Hoje, às 19h30
Saiba Mais
Serviço:
O que: lançamento de O Cara da Plebe, autobiografia de Philippe Seabra, guitarrista e um dos fundadores da Plebe Rude - editora Belas Letras
Onde: Livraria da Travessa, casa Park Shopping
Quando: 4 de dezembro (quarta-feira), às 19h30
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Aponte a câmera e leia trechos do livro
Depois de 15 horas de viagem chegando na rodoviária do Tietê, um rapaz foi incumbido com a tarefa de nos recepcionar. Ele trabalhava no Napalm, que estava fechando as portas depois de 50 noites de existência e era um dos pioneiros punks paulistas. Ele era diferente da imagem dos punks paulistas que estavam chamando atenção e sendo veiculado na grande mídia, e pior, estereotipado pela música ‘Punk da Periferia’ do Gilberto Gil que estava estourada nos rádios. Foi ele quem escrevera um ano antes o manifesto:
"Nós estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira, pintar de negro a asa branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer." Seu nome era Clemente e sua banda nova se chamava os Inocentes, outro protagonista fundamental para o incipiente Rock Brasileiro.
Ao nos ver pela primeira vez descendo do ônibus, apesar da fama dos punks de Brasília que nos precedia, pensou:
“Esses são os punks de Brasília? Esses caras não vão durar nem dois minutos em São Paulo...”
E quase que a gente não dura mesmo.
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No papel, parecia uma ótima ideia. Prédios uniformizados em quadras padronizadas, seria uma cidade setorizada para pessoas supostamente confináveis; cidade que poderia ser sitiada em poucos minutos com um telefonema da autoridade competente, claramente feito para sediar - e proteger - o poder vigente.
Brasília tinha sido projetado por idealistas que visavam forjar uma utopia, um ‘plano piloto’ literalmente, onde o patrão poderia residir no mesmo prédio que o empregado sem sinal de ostentação ou diferenciação de classe, acabando com os contrastes sociais como num passe de maquete. Seria uma solução para resolver urbanisticamente toda a desigualdade econômica e social que assombrava o sono de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Uma utopia na mente de alguns. Uma utopia só na mente de alguns.
Mas do fracasso da engenharia social se formaria uma cidade com sotaque único, multifacetado, que penou muito para encontrar a sua identidade cultural.
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Um ano antes do derradeiro e fatídico show da Legião Urbana em Brasília no Estádio Mané Garrincha, nós estávamos no meio de um imbróglio de igual tamanho, mas sem a repercussão nem a irresponsabilidade de um vocalista incitando a confusão.
Em 1987, no 27º aniversário de Brasília, uma coletânea do rock de Brasília iria ser lançada num imenso show na Esplanada dos Ministérios - na rampa exatamente em frende ao Congresso chamada “Rock Brasília, Explode Brasil”.
O rock de Brasília estava consolidado nacionalmente e bandas dos membros da “Tchurma”, ali representada pela Plebe e Capital, anteriormente tão amaldiçoadas e alvo da polícia, estavam naquele gramado derrubando a porta da grande complacência nacional.
No começo do show começamos a estranhar a falta da polícia, que para mim era sempre uma boa notícia, mas com a aglomeração de dezenas de milhares de pessoas um tumulto estava começando. De repente uma bomba estourou no palco e um mar de pessoas começou a ser empurrado para debaixo do palco. Só depois tínhamos descoberto que, apesar dessa manifestação popular ali em frente “a casa do povo” ser autorizado pelo Ulysses Guimarães, recém empossado como presidente da Assembleia Nacional Constituinte, nenhum policial estava no evento. Não foi por culpa da produção. Pelo visto alguém no governo não estava feliz com essa “manifestação popular” e queria ver o pau quebrando. Fizemos o que podíamos para acalmar a situação mas o mar de gente continuou a passar por de baixo do palco.
No dia seguinte estava lá a minha foto na capa do Correio Braziliense, com os braços para cima mais parecendo que estava incitando a plateia, com as letras em negrito “Tumulto no show de rock”. A matéria dizia que 40 pessoas deram entrada no Hospital de Base com todo tipo de ferimento que ia de facadas até dois tiros. E logo eu na capa. Tem coisas que só acontecem comigo.
Isso era muito longe do punk benigno de Brasília. Estávamos acostumados com e embate com os poderes em Brasília, mas isso era diferente.
Depois da confusão do “Rock Brasília, Explode Brasil”, nunca mais houve um show na rampa do Congresso e anos mais tarde, um espelho de água foi construído na frente, por via das duvidas. Antes éramos vistos como um incômodo ocupando os quatro cantos de Brasília… Agora éramos vistos como uma ameaça.
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Mas foi lá na sala 2090 que eu conheci o Herbert, uma pessoa que teria profundo impacto no rock nacional, e na minha vida. Quando ouvimos falar dos Paralamas do Sucesso, uma banda com membros que chegaram a morar em Brasília, achamos o nome terrível. Mas fazia sentido, pois do Rio já tinha o Barão Vermelho, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, então o nome Paralamas do Sucesso veio a calhar. O som da banda era praticamente oposto ao som cru e rasgado de Brasília, mas os Paralamas tinham alguma coisa a mais. Foi o fato de 2/3 da banda terem morado em Brasília e isso fez toda a diferença do mundo.
O Herbert Vianna e o Bi Ribeiro, fundadores da banda, moraram na SQS 104. Coincidentemente eu frequentava essa quadra porque um dos meus melhores amigos morava lá. No fim da década de 70 cheguei a andar de skate e de bicicleta com a turma da quadra, bem diferente da minha realidade solitária no Lago Norte praticamente sem vizinhos e sem vida de rua. Não sei se eles estavam no meio… Quem sabe? Lembro uma vez ouvir uma guitarra distante ecoando pelos prédios da superquadra e foi lá que o Herbert - cujo pai trouxera uma guitarra Gibson L6S dos EUA no avião presidencial Boeing 737-200 do Presidente Geisel que fora buscar em Los Angeles onde passava por uma reforma interna - tocou uma guitarra pela primeira vez. Será que ouvi esse momento histórico?
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Em 1980 eu estava com 13 anos e o André me chamou para ver sua banda, os Metralhaz, que se apresentaria na lanchonete Food’s na 111 sul. Já amaciado pelo vulto do Andre Pretorius que conhecia da escola, não me impressionei com os cabelos espetados ou pelas camisetas rasgadas pelo local. Me impressionei sim foi com a quantidade de cabelos espetados e camisetas rasgadas. Era outro mundo. As bandas que tocavam eram Blitx 64, Metralhaz e um tal de Aborto Elétrico e o equipamento, quase inexistente; tosco. O que tinha no meu quarto sem uso era melhor que aquilo.
Era uma zoeira só. As letras então… As bandas poderiam estar recitando o catálogo telefônico que não faria diferença. O Aborto, com um cara doido que mais parecia um gato molhado, urrava no microfone, mas sabe se lá o que cantava. Só depois que fui descobrir que era o mesmo cara que tinha ensaiado na Embaixada da África do Sul com o Pretorius e meu irmão Alex, dois anos antes.
Não se entendia absolutamente nada porque ninguém tinha um equipamento adequado para a voz. Mas no meio da maçaroca, alguma coisa estava acontecendo. Era a postura, a atitude dessa turma que me cativou, mais do que as próprias canções, se alguém podia chamar algumas delas de canções. Olhava em volta e via as pessoas atentas, muito atentas, pessoas que se tornariam meus amigos.
Renato logo chamaria esse pessoal de “A Tchurma”
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Nicho, antes refúgio de quem não concordava com o status quo, agora é tirado de contexto, amplificado e divulgado através de uma tecnologia que permite a anônimos despejarem todo seu rancor e ódio num mar de ruído onde todo babaca tem uma opinião. Essa mentalidade de cancelamento, ameaça e discórdia está por criar, se já não criou, a geração de postura mais extrema que já se viu - e dos dois lados do espectro. E aí que está o perigo. Das duas uma, querem forcar a moralidade ou pior, legislá-lo.
Seja um cartaz de show como a do Dead Kennedy's, seja uma projeção num telão ao vivo sobre a ascensão do fascismo no mundo - como no caso do Roger Waters e seu “The Wall” na sua passagem pelo Brasil em 2018 - agora a polêmica é instantânea, vindo de muitas pessoas que nunca, ou muito pouco, se manifestaram sobre nada na vida. No filme “Missing” de Costa-Gavras de 1982 quando o ator Jack Lemon cobra de funcionários da Embaixada Americana explicações sobre o paradeiro do seu filho desaparecido durante o golpe militar no Chile, é sumariamente lembrando pelos oficias americanos, “Se você não estivesse pessoalmente envolvido nesse incidente infeliz, você estaria sentado em casa, complacente e mais ou menos alheio a tudo isso”. Essa indignação de internet muitas vezes não é pessoal. É um ultraje recreativo.
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O público brasileiro mainstream se desacostumou a décadas de ouvir canções de questionamento e posicionamento, e nossos artistas todos inclusive os de rock, tem deixado bastante a desejar em relação a isso, cuidando das próprias carreiras sem se preocupar com o que se passa na nação. Temática é que não falta. O que não vejo é coragem de abordar assuntos que realmente importam e de comprometer sua ‘arte’, se em algumas instâncias isso pode ser chamado de arte. A forma mais imediata de elucidação e questionamento é o rock, desde a década de 50. E é assim que construímos uma nação de lêmingues sem discernimento e muito menos sem curiosidade intelectual; uma nação de pessoas que vaia posicionamento, questiona diversidade, estranha nuance e que não entende sarcasmo.
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E o punk continua a dizer a que veio mesmo depois de 45 anos do seu nascimento. Em 2020 os organizadores de um pequeno festival punk em Belém, a Facada Fest foram intimados pela polícia a depor sobre os cartazes do evento que circularam nas redes. Um deles vinha com um palhaço Bozo empalado num lápis e outro, com o presidente de cuecas na bandeira americana vomitando fezes no Rio Amazonas. Foram acusados crimes de apologia ao crime e que estavam ferindo a honra do presidente da república. Até o Ministro da Justiça interveio pois “era preciso agir com rapidez para frear as ações dos opositores ao governo”. Ouvindo isso me senti nos primórdios da Plebe novamente.
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Quando a reunião com a Secretaria Nacional de Cultura sobre o memorial Rock Brasil foi desmarcado eu descobri porque. Eles viram um post meu - de uma rede social que mal uso - do começo de 2022 da capa do disco “Walking Dead Folia” do Mundo Livre S/A, feita pelo artista Webdell Araújo, o mesmo que fez a arte do cartaz do show do Dead Kennedys que causou aquela confusão toda em 2019. A imagem mostra uma pessoa dentro de um caixão, com uma maquiagem de palhaço e uma camiseta da seleção brasileira, com os dizeres “Sorria, Você Teve Alta!”, em referência à frase ouvida na CPI da Covid-10: “Óbito também é alta”. Entre os foliões em volta do caixão, há pessoas fazendo o gesto da “arminha” com os dedos com um boneco enorme típico do carnaval de Olinda com a cara do Hitler e uma faixa presidencial. Isso sim é punk para as massas e o desenho original, nas palavras do Indiana Jones, “merece estar num museu!” Ainda mais depois dessa historia…
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Quando eu passava por momentos difíceis com a Plebe, e como você pôde comprovar nesse livro não foram poucos, um filme sempre vinha a minha mente. Em 1989, o diretor polonês Krzysztof Kielowski lançou o filme “A short film about love” que no Brasil foi chamado de “Amor”. A história é sobre um voyeur que começa a acompanhar através de um telescópio uma vizinha. Como era carteiro, tinha acesso a seu prédio e correspondência, cada vez mais se intrometendo incognitamente na vida dela. Eventualmente é descoberto, e ela o confronta, descobrindo o telescópio no seu apartamento, ainda apontado na mesma direção. Ao olhar pela lente, ela vê os momentos tristes da vida dela que passou ali, e atrás dela o carteiro poeticamente aparece no seu apartamento, a confortando, percebendo que nunca esteve sozinha.
Nada de sentimentalismo barato aqui, caros Plebeus. Só estou dizendo que sempre foi bom saber que tinham pessoas Brasil afora, mesmo que alguns ausentes por um tempo, que ainda acreditavam na gente e que não estávamos a sós nessa caminhada.
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Ao pisar no palco, tocando o mesmo riff de “Brasília”, que toquei ali 20 anos antes na nossa estreia no Rio, no nosso primeiro show com o Clemente, André olhou para a esquerda, e eu olhei para a direita, ambos para o centro do palco. “Brasília” só tem uma guitarra, lembrando que o Clemente é guitarrista full time nos Inocentes, não tinha o hábito de cantar sem um instrumento pendurado. Ele estaria à vontade? Eu particularmente fico péssimo num palco sem uma guitarra para me esconder atrás. A região de voz dele será próxima a do Jander? Como será a reação dos plebeus?
Meu Deus, no que a gente se meteu? ?Mas com uma garra, se inclinando para frente, Clemente bradou os primeiros versos "Brasília tem luz, Brasília tem carros…”tomando todo o centro do palco como quem demarcasse território de novo - e com uma vingança - 21 anos depois da sua primeira vez ali com os Inocentes. Eu e o André nos olhamos aliviados, mas não porque duvidávamos do Clemente; é que essa entidade, esse cavalo selvagem, esse enigma indecifrável, essa baita dor de cabeça chamada Plebe Rude talvez tivesse futuro.
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Em 1973, toda essa relação incestuosa com a América Latina seria resumida numa frase quando o Kissinger foi flagrado em fita falando, "Por mais desagradáveis que seus atos sejam, o governo (de Pinochet) é melhor para nós do que a era Allende”. Para esses “assuntos delicados” na América Latina, palavras vindas de Washington não bastavam; o governo americano precisava de um enviado político e essa pessoa era o Vernon Waters.
Meu pai era colega do Vernon Walters e o acompanhava em inúmeras viagens pelo mundo (mas não nessas viagens "exploratórias" para a Argentina, Chile e Brasil. Assim como meu pai, falava inúmeras línguas e continuaram amigos quando Walters anos mais tarde passou a vice diretor da CIA entre 1972 e 1976. Uma vez a caminho do teatro com meus pais em Paris, estes no banco traseiro, ouviram o Walters conversando com o motorista e as palavras “governo brasileiro” e “ingênuo” chamaram atenção, além da frase “foi praticamente pelo telefone”. Meu pai lembrou ao Walters que sua esposa ali do lado era brasileira. Walters virou para trás, pôs o dedo em riste nos lábios e disse a ela: “Shhhhh”
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Raul Seixas, desde a censura de “Mosca na Sopa” testava os limites da Censura através da irreverência enquanto que a Rita Lee causava mais furor com os comerciais da Ellus Jeans, com modelos embaixo da água tirando a roupa, do que a própria letra da música “Mania de Você”. Na década de 70, o papel do rock como veículo de mudanças de comportamento estava garantido, apesar que além disso, quase nada contestatório de “música jovem” chegava a grande mídia.
Parecia que alguma coisa estava segurando o rock e o hard rock brasileiro a passar além ao que tinha chegado. Mesmo com gravadoras e músicos incríveis, bandas percursoras como Made in Brazil, Casas das Máquinas, O Terço, A Bolha e O Peso no final da década de 70 não conseguiam alcançar o grande publico como fenômeno de massa como viríamos na próxima década… Será que o sonho da “sociedade alternativa” proferido pelo Raul Seixas tinha envelhecido rápido demais?