O terror corporal volta ao mundo dos games na mais nova obra de Keiichiro Toyama, criador da série Silent Hill. Agora com seu estúdio próprio, traz uma trama inédita de entidades capazes de dominar o corpo humano e se camuflar na sociedade. Desenvolvido pela Bokeh Game Studio, Slitterhead traz uma proposta de aventura adulta e sanguinária digna de um filme de terror, apesar do jogo contar com muita ação e investigação.
Hyoki
O espírito principal do jogo é Hyoki, quem assumimos no jogo. Ele também ganha o título de “Coruja Noturna” por conta de sua forma “astral” que possui brilhantes olhos amarelos. Sem muita noção do mundo à sua volta, o espírito tem a habilidade de assumir corpos, tanto humanos, como de animais e caso queira, pode saltar de corpo em corpo, assumindo os NPCs (personagens não jogáveis) da rua. Uma criatura emerge do rosto de uma pessoa num beco e obriga Hyoki a fugir, ele apelida os monstros de Cabeças-Rasgada. Enquanto ele fuge, Hyoki se depara com um ataque iminente, uma jovem acuada por um monstro enorme em formato de Louva-Deus, assim a Coruja Noturna se une a menina acuada e desperta habilidades de batalha, com ela transformando o sangue do seu corpo em arma.
Julee é o primeiro receptáculo do jogo, que são indivíduos que se fundem por inteiro com Hyoki, mas mesmo depois dessa simbiose continuam conscientes. Suas armas são garras feitas de sangue, a vida e os poderes usam a mesma barra da de sangue, alguns inocentes geralmente estão no campo de batalha e conforme a luta se encaminha, alguns deles morrem. Julee pode tanto reviver esses NPCs no chão para servir como ponto de fuga para Hyoki, quanto sugar o sangue que deixam no chão após mortos para restaurar sua vida e poderes. A luta é simples, temos habilidades azuis e vermelhas: as azuis costumam ser de interação com o ambiente e as vermelhas são poderes lançados pelo receptáculo. Depois de derrotar a primeira criatura, um verdadeiro mistério começa sobre a origem de Hyoki e sobre a identidade dos Cabeças-Rasgadas, tudo fica ainda mais terrível quando Julee vê toda a cidade em chamas e três misteriosas criaturas prosperando sobre o terror causado.
Disposta a impedir o caos, a estoquista de mercado conhece outra figura misteriosa, um motoqueiro todo vestido de preto que tenta brigar contra as criaturas. Mais tarde, ele sofre um acidente sendo morto por um dos Cabeças-Rasgadas. Julee então investiga um bairro conhecido pela prostituição, tendo uma pista de que muitos monstros estão disfarçados como garotos de programa, lá ela conhece Anita, uma das garotas da noite que conheceu um monstro, mas em sua fuga acabou perecendo. Frustrada com os fracassos, Julee tem o sonho novamente da cidade em puro caos e quando desperta, o mundo retorna três dias no tempo, no melhor estilo de “Feitiço do Tempo” de Bill Murray. Ciente dos próximos acontecimentos do futuro, Hyoki consegue salvar o motociclista Alex, conseguindo utilizar seus poderes para lutar com uma espada de sangue contra os Cabeças-Rasgadas, o mesmo acontece com Anita salva pela Coruja Noturna, a transformando em mais um receptáculo para lutar contra os monstros.
Missões e diálogos
Siitterhead é dividido em três dias, com as missões acontecendo entre nesse período, antes do jogo liberar o objetivo seguinte, temos diálogos com todos os personagens liberados, Julee, Alex e Anita, por exemplo, os diálogos são feitos pelos pensamentos dos personagens e as elucubrações de Hyoki em suas mentes, debatendo acontecimentos recentes e teorias sobre sua própria origem e dos Cabeças-Rasgadas. Nessa tela podemos melhorar as habilidades passivas e os poderes em batalha, assim facilitando as lutas contra os Cabeças-Rasgadas.
Antes de começarmos uma missão podemos trocar a roupa do personagem e sua “máscara”, além disso, um segundo receptáculo pode ser enviado juntamente do primeiro, as habilidades em azul inclusive podem ser utilizadas por ambos durante o combate.
Furtividade e gráficos
O maior defeito de Slitterhead talvez seja sua potência gráfica significantemente ultrapassada — não é nada que atrapalhe — mas claramente não parece com a potência permitida pela nova geração. Esse defeito visual não ofusca a jogabilidade, que é parte mais legal do jogo.
Em contraste com um combate divertido, existe ainda missões de furtividade onde nenhum inimigo pode te ver, senão eles alertam os demais e começa uma batalha completamente desigual na qual você é massacrado pela quantidade de inimigos que vem atacar. Só que assim como a quantidade inimigos são propositalmente desequilibrados, o sistema de furtividade também é. Se um inimigo te avista por mais do que 5 segundos, automaticamente todos os inimigos do local sabem sua precisa localização, sem contar que a movimentação é precária nesse modo, deixando o personagem mil vezes mais lento.
Considerações finais
Apesar de entreter, o looping de gameplay de Slitterhead pode deixar algumas pessoas enjoadas da repetitividade, já que quase todas as fases — principalmente as iniciais — consistem em localizar um Cabeça-Rasgada, confronta-lo ou persegui-lo e depois de morto, repetir o processo. A obra tem uma história instigante que pode ser o gatilho para muitos continuarem prosseguindo com a trama pelo seu desfecho. O jogo tem uma variedade boa de receptáculos para ajudar a variar a jogabilidade, e as missões mais a frente são mais diversas do que apenas investigação e combate. Além disso, as cenas quando não são apenas diálogos são muito bem feitas e atuadas. O retorno de Toyama ao mundo dos games foi morno, mas sua mão para criar tramas engajadas permanece consistente.
Slitterhead está disponível para PC, PlayStation 4, PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
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*Está análise foi feita com uma cópia enviada para PlayStation 5 pela Bokeh Game Studios.
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