CINEMA

Filme 'Arca de Noé' une gerações ao som de músicas de Vinicius de Moraes

Recém-lançado, o filme Arca de Noé, dos diretores Sérgio Machado e Alois Di Leo, conecta os pequenos da geração atual com as músicas do disco de Vinicius de Moraes

Uma animação brasileira chega às telonas unindo pais e filhos nas sessões de cinema de todo o país. Arca de Noé estreia com as canções do disco de mesmo nome do poeta e compositor Vinicius de Moraes, um dos maiores nomes da música brasileira. A Arca de Noé era um coletânea de poemas de 1970, que se transformou em um disco 10 anos depois, com as vozes de Toquinho, Chico Buarque, Fábio Jr, Elis Regina e outros grandes artistas da MPB. As músicas marcaram uma geração e agora podem alcançar os filhos e netos dos apreciadores de Vinicius. 

No filme, um rato chamado Vini e seu melhor amigo, Tom, precisam entrar na Arca de Noé despercebidos, já que é permitido apenas um macho e uma fêmea de cada espécie. Com talentos musicais, os ratinhos ajudam outros animais e enfrentam desafios para garantir seus lugares na arca. O elenco de dublagem do filme reúne nomes como Rodrigo Santoro e Marcelo Adnet, como Vini e Tom; Alice Braga, Lázaro Ramos, Eduardo Sterblitch e Bruno Gagliasso. Além disso, as atrizes Ingrid Guimarães e Heloísa Perissé, dublam e participaram da produção do roteiro. 

O diretor Sérgio Machado comentou ao Correio que as músicas percorreram toda sua vida. "Eu acho que a Arca de Noé tem uma coisa que atravessa gerações, eu ouvia quando era criança, cantei para minha filha e para o meu filho; fez parte da minha infância, adolescência e idade adulta. Muita gente conhece, a gente se surpreendeu nas sessões, porque as crianças cantam as músicas e batem palma, então é bacana renovar isso. Faz parte de uma imaginação coletiva brasileira de várias épocas", disse. 

Além disso, Sérgio e o outro diretor do filme, o peruano Alois Di Leo, queriam realizar um filme que os pais também fossem se interessar, e as músicas tornam esse caminho mais fácil. "Tem muita música infantil que você escuta uma, duas vezes, você não aguenta mais. Já as músicas do Vinicius, é o contrário, elas encantam mesmo se você escuta o tempo inteiro. É uma obra que tem um certo alívio de saber que isso existe porque dá para curtir com seu filho, você também gosta e não vai cansar de ouvir", destaca Alois Di Leo.

O coprodutor da animação, Daniel Grecco, acredita que o maior legado do filme é a ligação entre pais e filhos, fazendo com o filme, o que os dois discos fizeram nos anos 1980, criando um espaço para que os pais ofereçam aos filhos o conteúdo da obra de Vinícius de Moraes. A produtora executiva, Daniela Aun, cresceu ouvindo os discos e deseja que o filme ajude a levar as famílias para consumir filmes brasileiros. 

Para o professor e animador Ítalo Cajueiro, levar as crianças ao cinema é um momento de criação de laços. "As histórias permitem que os pais dialoguem com seus filhos a respeito da vida. Quando pensamos em todo o universo simbólico que é direcionado às crianças por meio do audiovisual, é importante destacar que eles constroem uma visão de mundo aos pequenos", ressaltou Ítalo. 

Além da conexão entre pais e filhos, o filme ajuda a fortalecer elementos da cultura brasileira. Para Ítalo Cajueiro, ocupar as telas com a produção nacional é uma forma de influenciar a sociedade a valorizar o nosso jeito brasileiro de ser e a estimar a nossa cultura. "A animação brasileira não só tem a capacidade de espelhar a nossa sociedade, representar as nossas emoções e demonstrar como lidamos com a vida, mas também de valorizar aquilo que somos. E isso não é pouca coisa", comenta o animador. 

Segundo Alois Di Leo, um dos pontos importantes de realizar cinema no Brasil é elevar e valorizar a cultura do país. "É entender o que tem dentro e colocar para fora", destaca. Para Sérgio Machado, um país que não produz cinema e cultura, é uma casa sem espelho. "Você não consegue enxergar sua própria imagem e acaba delegando ao outro a oportunidade de dizer quem você é, assim como foi com o Zé Carioca (de Walt Disney). É importante que abra espaço para que a gente produza um filme desses todo ano", destacou Sérgio. 

Ítalo Cajueiro acrescenta que, por ser um desafio gigantesco produzir cinema no Brasil, todo filme acrescenta algo para a história do cinema nacional. O coprodutor da Arca de Noé, Daniel Grecco, reforçou que filme é uma ferramenta de criação de identidade. "Somente por intermédio de filmes, como o nosso, poderemos criar essa identidade cultural e a sensação de reconhecimento e identificação direta com o que elas estão vendo na tela. Este é o maior legado do filme", enfatizou Grecco. 

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Fotos: Imagem Filmes/Divulgação - Ricardo Daehn/CB -
Sony Music/Divulgação -

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Eu fui 

"No filme dá para sentir o gostinho de uma produção brasileira, e achei que o filme está no nível dos da Disney. As músicas são muito boas: conheço, e me chamaram a atenção a do pato e a da coruja. A dupla central de personagens é muito engraçada e o filme tocou meu coração. Eles (os diretores) usaram a história conhecida da arca, mas trouxeram piadas e muito mais graça no filme.

Valentina Caxito, 11 anos, estudante do 6º ano, influencer e atriz de teatro

 

Ricardo Daehn/CB - A empresária Priscila Caxito e a filha Valentina

 


"Já conhecia o universo do filme. Escutei umas críticas quanto a algum uso de tema LGBTQIA+, mas em nada me incomodou. Sou católica e acho que estamos num tempo em que a inclusão é importante. O repertório musical fez parte da minha infância toda. Os atores que dublam fazem toda a diferença, com tanto talento. Eu e minha filha gostamos muito dos ratinhos protagonistas, um músico (Tom) e outro poeta (Vini). A animação está muito boa e achei a música perfeita.

Priscila Caxito, 40 anos, empresária

* Colaborou Ricardo Daehn

 

 

 


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