Vencedor do prêmio especial do júri no mais recente Festival de Cinema de Gramado, o longa-metragem O clube das mulheres de negócios chega aos cinemas, com a assinatura de Anna Muylaert, associada a filmes de trajetória internacional como Que horas ela volta? e A melhor mãe do mundo. No novo filme,apesar da presença de alguns personagens masculinos, caso daqueles interpretados por Rafael Vitti e Luis Miranda, as mulheres estão à frente de todas as cenas.
Orçado em R$ 8 milhões, o longa foi viabilizado através da Ancine, editais e apoio da Globo Filmes. Daí não ter enfrentado barreiras, no corporativo e masculino, universo dos empresários e patrocinadores. Na tela, comparecem talentos como os de Cristina Pereira, Katiuscia Canoro, Grace Gianoukas e Ítala Nandi. Tudo se passa dentro da dinâmica de uma hipocrisia operante, muito conhecida e difundida pelos brasileiros. No clube, nada é o que parece. Confira as inquietações do cinema da autora de Durval discos.
Entrevista // Anna Muylaert, cineasta
Na tua opinião, o humor adotado segue a linha nonsense? A quem crê que o filme se destine?
O filme está numa linha satírica que trata de temas incômodos, é um humor incômodo,muitas vezes as pessoas riem, mas riem de nervoso. Creio que o filme se destina ao público geral.
Em que as atrizes contribuíram?
As atrizes contribuíram muito com seus talentos, suas personalidades e com o afinco que deram para fazer o filme, entendendo que se tratava de um trabalho coletivo. Houve também conversas e alguma improvisação.
As onças em cena são todas fake? Nada de trabalho para zoológico, Ibama e afins?
Eu queria fazer com onças reais, mas o Ibama não deixa. Então tivemos que partir para o CGI o que foi um problema financeiro, devido ao alto custo. Por sorte tinha um colegada ECA (Escola de Comunicações e Artes), o Alceu Baptistão que é dono da Vetor Zero, a maior empresa de CGI do Brasil, topou entrar na empreitada como sócio.
Brasília, impossível não falar dela! De onde veio a ideia? Como acha que Louise Cardoso se saiu? Ela simboliza a capital?
Brasília Arruda Botelho foi na verdade uma chefe do cerimonial do palácio do governo do estado de São Paulo por muitos anos. Me inspirei nela — e claro com o trocadilho do nome dela — para criar essa personagem serviçal que joga no meio campo entre todas as outras sócias, ou seja, entre todas as forças políticas e econômicas do país. Acho que Louise saiu-se extremamente bem, sempre de olho em tudo, sempre serviçal, aparentemente fiel a sua presidente, mas não incorruptível.