Música

Kendrick Lamar surpreende fãs e lança novo álbum ‘GNX’; leia a resenha

Rapper norte-americano coroa ano marcado pelo sucesso de ‘Not like us’ com disco surpresa que segue o padrão de qualidade da própria discografia

Kendrick Lamar em frente ao carro dos sonhos dele, um Buick GNX -  (crédito: PgLang/Divulgação)
Kendrick Lamar em frente ao carro dos sonhos dele, um Buick GNX - (crédito: PgLang/Divulgação)

Um dos principais rappers da atualidade e um dos artistas mais comentados em 2024, Kendrick Lamar ficou conhecido por ser imprevisível. Este ano, essa característica ficou ainda mais latente com a briga entre o músico e o canadense Drake, Lamar liberou ao todo cinco singles, sendo quatro no espaço de uma semana. Esta sexta (22/11), o artista surpreendeu mais uma vez e lançou o álbum GNX, a quinta obra de estúdio que apresenta ao público.

Com 12 faixas e 44 minutos, o disco vem para fechar um grande ano com a chave de ouro. O artista foi considerado o rapper do ano da Apple Music mesmo antes do novo lançamento. Com a faixa Not like us, uma das direcionadas a Drake, ele concorre a quatro prêmios Grammy, sendo duas das categorias principais. Lamar também é atração do show do intervalo do Superbowl de 2025.

O trabalho tem participação de SZA nas faixas Luther e Gloria, a presença da cantora mariachi Deyra Barrera na introdução de faixas e os rappers Sam Dew, Dody6, AzChike, Wally the Sensei, Hitta J3, Young Threat e Peysoh.

Porém, o nome mais chamativo entre os colaboradores é Jack Antonoff, o produtor executivo. Ex-guitarrista da banda Fun. e frontman do grupo Bleachers, Antonoff é conhecido no meio pop pela produção de nomes como Lorde e Lana Del Rey, mas principalmente por uma longa parceria com Taylor Swift. O nome dele por trás de um disco de hip-hop surpreendeu tanto os fãs do pop, quanto os de rap.

Outros nomes, como Sounwave e Mustard, aparecem assinando a produção de algumas das faixas e essa mescla dá ao trabalho um alcance muito grande dentro do espectro do rap. O álbum tem músicas que já nascem como possíveis hits, faixas em que Lamar conta histórias e canções introspectivas. Tudo embalado de uma forma em que cada uma funciona individualmente, mas é possível visualizar o conjunto como uma obra só. Uma trajetória com início, meio e fim.

Buick GNX, memórias e sentimentos

A capa do álbum tem Kendrick Lamar em frente ao carro norte-americano Buick GNX de 1987, um modelo exclusivo e muito raro. A escolha por essa foto transmite uma mensagem, um traço da música do rapper é ser muito pessoal. Pouco depois de lançar o disco, Lamar postou no próprio Instagram um carrossel de fotos em que tem uma foto da infância em que brinca com um desses carros em um versão de controle remoto, demonstrando um amor antigo pelo veículo. A foto tem a presença de um primo já falecido de Kendrick, o que também torna a capa uma homenagem a esse sonho interrompido.

 
 
 
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A referência do carro também caminha para o lado metafórico. Uma vez que este Buick era conhecido por chegar de 0 a 100 km/h em cinco segundos. Dessa forma, o artista faz um paralelo entre ele e o carro, no que diz respeito a ele também conseguir elevar a potência da própria música e dos próprios sentimentos muito rapidamente.

Esses sentimentos que correram em 2024 são tema no álbum que narra os ocorridos nos últimos tempos da vida dele. De conversas com Deus a uma recapitulação da briga com Drake, o álbum é tão movimentado quanto a vida do rapper nos últimos tempos e transmite multiplicidade ao mesmo tempo que é menos grandioso do que o antecessor Mr. Morale and the big steppers.

Musicalmente mais amplo, mais popular no mainstream e mais uma vez certeiro na construção de uma narrativa, Lamar dá um passo à frente na discografia. Sem precisar ser tão misterioso quanto no trabalho anterior, o artista consegue transmitir uma mensagem clara sem abrir mão das complexidades e surpresas que deram força à persona midiática que criou.

Kendrick Lamar sabe que é um dos maiores, senão o maior, da geração de rappers que faz parte. Parecia natural que ele chegasse após um ano de sucesso com um disco que unisse tudo que ele melhor sabe fazer: boas rimas que contém uma mensagem pessoal e social para um público que estava, mais do que nunca, sedento para exaltá-lo. O artista eleva o próprio trabalho e mantém a identidade peculiar que o fez se destacar na cena. A surpresa foi só o lançamento de última hora. Afinal, o disco ser excelente não surpreende ninguém.

postado em 22/11/2024 19:38
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