ArA International Brazilian Opera Company (IBOC) é uma organização sem fins lucrativos que visa criar um repertório contemporâneo em colaboração com artistas brasileiros e internacionais. O projeto liderado por João MacDowell, diretor artístico do instituto, está se apresentando atualmente em Nova York com um festival de ópera. Opera Nova é o nome do projeto, no qual seis compositores vivos apresentam as árias em uma cena difícil de entrar. Para a sua mais recente série de concertos, a IBOC selecionou trechos de obras de autores como Sarah Wald (Empress Matilda), Jacob Elkin (The Snake), João MacDowell e Nina Smart (Wild Flower), Sombrio da Silva ( Imperfect Decisions) e Trey Walton (Bloody Sunday). O tenor Yunxuan Zhu, integrante da IBOC, liderou a equipe criativa em parceria com o compositor Courage Barda (Burying the Mountain).
João MacDowell é compositor, nascido em Brasília e conquistou reconhecimento internacional no mercado erudito, de acordo com a pesquisa do doutorando Álvaro Henriques. Em 2023, uma ária de autoria própria na ópera O sétimo selo foi apresentada em português durante um recital promovido pelo Metropolitan Opera de Nova York. Este palco também trouxe, no mesmo ano, pela primeira vez outro compositor latino, Daniel Catán. “Esses lugares continuam apresentando peças do 1800, muita misoginia, machismo, mulheres mortas. Estamos em outros tempos", ressalta MacDowell. O processo de transculturalidade — como João se refere à estética sonora que adota em suas composições — envolve a apropriação da cultura brasileira posta em outro prisma. “A antropofagia, a tropicália e a bossa nova construíram nossa cultura sonoplástica”, diz.
Em 2025, a IBOC trará a Brasília o Festival Ópera Nova, com produções de Por Quem os Sinos Dobram, de Brian Wilbur e David Dorsen, e Tamanduá, de João MacDowell, esta última em português. Com sedes em Brasília e Nova York, a organização busca estabelecer uma estrutura que viabilize a exportação de óperas produzidas na capital federal, criando novos empregos e oportunidades na economia criativa local. “O palco necessário para comportar uma ópera é muito específico, em Brasília não se tem algo com essa estrutura. Pretendemos ao longo do tempo criar um espaço como esse, mostrar que a ópera tem público aí", diz ele, em entrevista de Nova York. "Quero criar um espaço autônomo onde artistas líricos possam se desenvolver para além dos patrocínios”, explica.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira