A Casa Onijá estará oferecendo oficinas de performance e estética Ballroom nesta semana antes do baile deles no sábado (9/11). O evento Guerrilha 2.0 visa inserir e ensinar o público um pouco sobre esta cultura. As oficinas começam nesta terça-feira (5/11) e o baile será no sábado (9/11), ambos no Mercado Sul com entrada livre ao público.
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Os bailes dentro da cultura Ballroom marcam historicamente a resistência da comunidade LGBTQIAPN+ e os eventos celebram os corpos que ali ocupam e oferecem cortejos, batalhas e acolhimento para pessoas que nem sempre tiveram isso em casa. O movimento Ballroom, além das batalhas de vogue, se desenvolve no objetivo de criar redes de afeto. As casas, como chamam os coletivos, seguem posições hierárquicas e funcionam para muitos como família. A Casa Onijá marca a cena queer brasiliense como um desses espaços e nesta semana celebrará cinco anos de existência com um convite para que mais pessoas conheçam o movimento.
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A mother Pérola Onija conta, em entrevista ao Correio, o processo de idealização do Guerrilha 2.0: “As oficinas envolvem pessoas da cena, negras, indígenas e LGBTQIAPN+, promovendo uma rica troca de conhecimentos sobre a cultura Ballroom e tudo que é construído dentro dela. Receberemos convidadas de renome internacional, e, com muita luta, conseguimos reformar nosso espaço dentro da ocupação. Esperamos que, ao final das oficinas, os participantes sintam-se profundamente confiantes para desenvolver as expressões artísticas abordadas, sentindo-se encorajado a expressar sua identidade”. Ela ressalta a importância do contato do público com as experiências trans, negras e indígenas do evento, a fim de dar protagonismo a vivências desviantes. “Queremos que se sintam inspirados pelo talento e pela força dos artistas negros e trans, reconhecendo o valor de suas próprias histórias e potencial”, conta.
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A contribuição do Mercado Sul como centro cultural foi palco a produções artísticas não centralizadas no Plano Piloto, com a ideia de pluralizar a cena do DF e viabilizar projetos periféricos desde 2015. O projeto Vivência Ballroom Mercado Sul, por exemplo, foi criado por Imperatriz Leoní Onijá (Webert da Cruz) e pelo pai fundador da casa, Guajá Onijá (Ruan Guajajara), que desde 2019 faz o Distrito Federal ver a cena ballroom florescer. Em colaboração com a mãe fundadora Paris Onijá (Paris Suwika), o coletivo transformou duas lojas em centros de criação artística e afirmação de vivências LGBTQIAPN+. A cultura ballroom é uma ferramenta de resistência que se conecta diretamente com as lutas sociais e culturais das populações periféricas. “Em Taguatinga, apesar de ser uma cidade com melhores condições, existem algumas comunidades periféricas, a nossa é o Mercado Sul. Aqui, a partir dos espaços de cultura, da ocupação, jovens periféricos de várias quebradas do DF vêm para participar e produzir uma série de atividades culturais, como as vivências ballroom e as balls. Em Taguatinga, no DF, no Brasil e no mundo a ballroom se torna uma forma de afirmação de pertencimento e resistência contra a exclusão, seja social, econômica ou cultural. Essa expressão é um reflexo da necessidade de visibilidade e reconhecimento, além de contribuir para a luta contra a gentrificação e movimentação artística da cidade”, conta Webert.
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As casas visam criar possibilidades de crescimento profissional, além do pessoal. Os responsáveis pelas houses buscam viabilizar alternativas de monetização com o objetivo de emancipar financeiramente os associados. “A Casa de Onijá busca promover a autonomia e gerar renda para artistas periféricos a partir de diversas iniciativas. Isso inclui a realização de eventos como o Baile de Guerrilha e outras atividades culturais que geram grana e visibilidade para artistas locais. Além disso, o coletivo busca engajar novos projetos que possibilitem a geração de trabalho, não só para o coletivo em si, mas também para apoiar coletivos parceiros. Pessoas de outras casas e artistas das cidades do DF, criando espaços para a profissionalização e o reconhecimento desses talentos”, diz Leoní Onijá (Webert da Cruz).
Programação:
Oficinas gratuitas:
- 5/nov (terça) - 19h - Oficina de Truques de Maquiagem para Face com Garnet Onijá , levar maquiagens próprias.
- Quarta-feira (6/11) - 19h - Oficina de Funk com Princess Karine Onijá
- Quinta-feira (7/11) - 19h - Oficina de Chant com Legendary Rick 007
- Sexta-feira (8/11) - 15h - Capoeira Vogue com Mother Puma Camillê Ile Legbara
- Sexta-feira (8/11) - 19h - Oficina de Dinâmicas de Batalha de Vogue Femme com Mother Pérola Onijá
- Sábado (9/11) - 17h - Baile de Guerrilha 2.0
Serviço:
Guerrilha 2.0
A partir desta terça-feira (5/11) até sábado (9/11), no Mercado Sul - St. B Sul Qsb13 lote15 mercado sul - Taguatinga. Entrada livre
*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel