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Performática Drag abre inscrições para seleção de 20 artistas

A mostra de drag queens permanece com inscrições abertas até 31 de outubro e conta com mentoria de grandes nomes da cena para as selecionadas

A mostra de arte transformista Performática Drag está com inscrições abertas até o dia 31 de outubro e vai reunir  20 artistas que serão selecionadas para a exibição. As artistas que passarem pelo processo de seleção receberão R$1.200 de cachê. Realizado pelo Distrito Drag, o projeto oferece mentoria das drag queens Linda Brondi, Aloma Divina e Shannon Skarlett. 

Com o tema Flashback, o evento visa destacar performances musicais marcantes da cultura pop até os anos de 1990. A etapa seletiva requer um vídeo que narra a proposta da apresentação artística em até três minutos, inscritas por link. O resultado das inscrições será divulgado no dia 6 de novembro no site do Distrito Drag, e a mostra será realizada em 7 de dezembro. 

Participante do reality show Drag Race Brasil, Shannon Skarlett descreve a inversão de papel de concorrente para mentora como um lugar delicado no qual o sonho de uma pessoa pode estar em jogo. A drag queen busca aconselhar as pupilas de forma sensível para incentivar a melhora. Entender a própria proposta e história é a primeira dica que Shannon antecipa às participantes: “Estude sua intenção, veja se alguém já fez e como foi, busque a história e a emoção de tudo.”

Inspirada pela cultura popular das décadas  de 1980 e 1990, o tema da mostra reflete em Shannon na escolha do próprio nome artístico, inspirado pela cantora homônima. A mentora espera que a arte drag inspire as participantes a oferecer a melhor performance possível: “Drag é conquista, emoção e visibilidade. O nosso espaço tem sido cada vez mais representado na sociedade. Lutar pela nossa causa já é ocupar um espaço político.”

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O reconhecimento da arte drag na cultura de massa se deve À grande adesão do público ao reality show de Rupaul. Apesar das portas que o programa abriu e da possibilidade dessas artistas receberem mais, Shannon conta, em entrevista para o Correio, como a arte drag tem uma história prévia ao programa. “Nós existíamos antes de tudo isso. Acredito que hoje, Drag Race, tanto lá fora como o do  Brasil, tem reforçado o poder da arte que a gente faz. Hoje o contratante nos vê, mas nós sempre estivemos aqui”, conta.

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A trajetória de Shannon revela não apenas a evolução da arte drag, mas também a luta por reconhecimento e aceitação em uma sociedade que, historicamente, marginalizou essas expressões. O fato de ela se montar desde 2019 demonstra um compromisso profundo com sua identidade e com a arte que representa. Para ela, a drag não é apenas uma performance, é uma forma de autodescoberta e de empoderamento.

Além disso, a interação entre a arte drag e a cultura de massa traz à tona questões sobre visibilidade e representatividade. A participação em eventos como os organizados pelo Distrito Drag é fundamental para que novas vozes e talentos possam emergir, criando um espaço onde a criatividade e a diversidade são celebradas. Shannon menciona que a beleza, enquanto instrumento, vai além da estética; trata-se de um meio de expressão que desafia normas e padrões estabelecidos, permitindo que cada artista conte sua própria história. 

Esse movimento, segundo ela, é uma forma de resistência que se manifesta através da arte. Cada performance é uma declaração de existência, uma afirmação de que as drag queens estão aqui para ficar e para serem ouvidas. A conexão que Shannon sente com sua persona drag é um reflexo da importância desse espaço seguro onde ela pode ser verdadeiramente autêntica. “ Eu me monto desde 2019 e nunca parei. Acredito que nunca irei também. A Shannon traz conforto para o Matheus (o nome de Skarlett fora dos palcos). Tenho um laço, um afeto com ela”, diz.  

 

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