Música

Amadurecendo como vinho, Delacruz fala sobre processo do novo álbum

O rapper carioca lança o disco Vinho e fala sobre nova fase em que cresceu e se permite experimentar

Rapper de sucesso dos últimos anos, Delacruz convida o próprio público em 2024 para o encontro. Neste compromisso, o músico serve Vinho, seu mais novo disco de estúdio, lançado no início deste mês. O cantor mostra, no novo trabalho, maturidade e busca o simples com o toque de requinte. Dessa forma, retorna com inéditas para movimentar novamente a cena que faz parte desde 2017.

Em números o disco já era um sucesso mesmo antes do lançamento. O single Afrodite, com participação da cantora Iza, alcançou a marca de 1,5 milhão de reproduções em apenas 48 horas no Spotify. Atualmente a música se aproxima da marca de 15 milhões de plays na mesma plataforma e já é um das mais populares da carreira do cantor, muito conhecido por love songs e um rap de característica acústica.

Além do hit Afrodite, Vinho tem outras sete faixas e se destaca por um tom mais jazzístico na produção do beatmaker e instrumentista Jok3r. “Eu queria fazer uma coisa que fosse simples e refinada ao mesmo tempo”, afirma Delacruz em entrevista ao Correio. As participações também são destaque. Se juntam a Iza, Lukinhas, Gaab e o, fenômeno do funk e trap, MC Cabelinho.

A ideia do álbum foi continuar a marca registrada do artista, que usa temas simples e linguajar coloquial, em uma base mais rebuscada. A escolha foi explorar timbres diferentes, com traços que vêm de referências do jazz rap e do R&B. “A gente preservou a lírica simples. preservou a harmonia simples, mas o refilamento ele tá na escolha dos sons, na escolha dos timbres. Então a gente queria falar sobre uma coisa simples, queria ter uma música com papo reto ali em cima de uma base refinada”, explica.

A mistura do refino e simplicidade é uma das características que foram cruciais para o nome do álbum ser Vinho. “É difícil dar o nome a um álbum, sabe? Eu bati essa cabeça quando surgiu o nome do álbum, no dia de gravar todos os vídeos”, lembra o músico. Porém, o vinho foi fiel companheiro durante o processo. “Eu lembrei que em todo o processo ali a gente fez o álbum tomando vinho e a gente escutou essas músicas tomando vinho várias vezes”, pontua o artista que ainda teve a possibilidade de falar que o próprio trabalho está em processo de maturação como o da bebida alcoólica. “De quebra, esse nome dá essa característica de um bom envelhecimento, que é o que todo mundo procura”, conclui.

No entanto, o processo como um todo lembrou o de um bom vinho. Entre as tantas músicas feitas, apenas as oito melhores foram escolhidas como boas uvas. “Isso é um processo de maturação”, destaca Delacruz que acha que conseguiu, ao final, encontrar uma essência distinta. “Tem uma intenção diferente nas músicas do álbum”, afirma.

O rapper acústico

Delacruz estourou a bolha com a participação no segundo volume do projeto Poesia Acústica. A música, intitulada Sobre nós, alcançou mais de 200 milhões de reproduções no Spotify e marcou o cantor como um rapper que usa violão. O fato direcionou os ouvintes desse estilo de rap para a base de fãs do artista.

A princípio, Delacruz surfou a onda. Porém, aos poucos, percebeu que não conseguia fugir do estigma do “rapper acústico”, o que o fez tentar mudar de rota. “ Em algum momento, eu tentei me desvincular dessa imagem de estar sempre com o violão, porque isso me atrapalhava um pouco”, recorda o músico que chegou a ouvir reclamações de contratantes por querer apresentar shows com banda, ao invés de apenas voz e violão.

Porém, com o tempo e os quase 27 anos de idade, Delacruz já não se importa mais com essa cobrança. “Hoje, com mais maturidade, eu entendo o seguinte: o violão é o meu melhor amigo. Foi ele que me deu tudo e me ajudou, para caramba, a construir uma carreira e viver esse sonho que vivo. O violão me salvou, a verdade é essa”, acredita.

No novo disco apenas uma das faixas é voz e violão, outras duas levam o violão no arranjo. O amigo que o fez famoso, agora é um parceiro de estrada, mas não é mais uma sombra. “Hoje é mais tranquilo. O violão está ali, eu gosto do violão, mas não necessariamente eu preciso estar com ele em todos os momentos, mas no momento certo”, reflete.

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