A arte e a cultura desempenham papéis fundamentais na formação subjetiva das crianças, e a Filarmônica de Pasárgada criou seu último álbum com essa premissa. Intitulado Música Infantil para Crianças Malcriadas, o disco foi lançado nesta quarta-feira (9/10) e aborda temas relevantes da atualidade, como questões ambientais, poluição do ar, dos oceanos e dos rios, escassez de água, uso de novas tecnologias e desigualdade social. As composições, repletas de bom humor e sagacidade, muitas vezes com um toque onírico, refletem a intenção artística do grupo de desmistificar questões complexas por meio de letras inteligentes.
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Conhecida pela ironia e humor ácido, a Filarmônica de Pasárgada adotou diversas precauções na produção deste disco. Marcelo Segreto, compositor do grupo, revelou em entrevista ao Correio que o primeiro passo do projeto foi definir a faixa etária que desejavam atingir: “Tomei cuidado com elementos que poderiam ser mal interpretados, como palavrões e expressões do universo adulto. Ao compor, percebi que o público-alvo eram crianças entre 8 e 12 anos, que podem questionar o mundo dos adultos e a desigualdade social. Nessa brincadeira, também quis provocar um pouco os adultos.”
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A Filarmônica de Pasárgada já colaborou diversas vezes com o tropicalista Tom Zé, e sua participação nesta obra se dá na música O Alface é Infinito, que remete ao poema musicado por Adriana Calcanhotto. “Sempre que lançar um novo disco, pretendo convidar Tom Zé para participar, mesmo que seja apenas uma breve locução. É sempre enriquecedor encontrá-lo, conversar e tocar juntos. Ele gravou a música de primeira. Pessoalmente, considero-a desafiadora, pois inclui várias palavras semelhantes em sequência. Foi uma genialidade”, compartilha Segreto.
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As músicas do álbum originaram-se de um projeto anterior de Marcelo, uma peça que ele foi convidado a musicar durante a pandemia, mas que não se concretizou. As canções permaneceram, e a banda decidiu dar vida a essa iniciativa. Música Infantil para Crianças Malcriadas acompanha o cotidiano de uma criança, desde o momento em que acorda até a hora de dormir. O eu-lírico, teimoso e provocador, convida os ouvintes a questionar algumas das mazelas do mundo. Segreto enfatiza que não pretendia criar músicas panfletárias, mas sim explorar de forma lúdica as situações absurdas. “Uma das músicas se chama Lição de Casa, na qual o eu-lírico é questionado pelo professor sobre a importância dos rios, e ele responde que eles transportam nossos cocos. Reconheço que é uma abordagem arriscada, e alguns pais podem optar por pular essa faixa, mas o que o personagem evidencia é a maneira absurda como a humanidade lida com a natureza”, conclui o compositor.