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Em 'Picapau Amarelo', do SBT, o Visconde de Sabugosa é brasiliense

Ator de 35 anos criado no DF, Hugo Carvalho interpreta personagem icônico de Monteiro Lobato na releitura do "Sitio do Picapau Amarelo" que chega na manhã deste sábado (12/10) ao SBT. Brasiliense também está na série "Neemias", da Record

Após ganhar massa muscular, implantar megahair e ganhar uma tatuagem no peito para compor tipos épicos em produções bíblicas da Record — como Milagres de Jesus, Gênesis, Reis e a recém-lançada Neemias (na plataforma Univer Video) —, o ator Hugo Carvalho vive, atualmente, uma situação inusitada ao emprestar o corpo a um personagem que dificulta um pouco o reconhecimento do seu rosto. É que o artista de 35 anos é o responsável por dar vida ao icônico personagem Visconde de Sabugosa em Picapau Amarelo, releitura do clássico Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, que o SBT passará a exibir a partir deste sábado (12/10), na grade matinal da emissora. 

"O Sítio faz parte da infância de muita gente, e da minha não foi diferente. Nem nos melhores sonhos imaginei fazer parte de um universo tão rico e tão importante da nossa literatura", celebra o rapaz, que é brasiliense. "Feliz em poder participar desse universo tão mágico. Me emociono toda vez que minha irmã me manda vídeo dos meus afilhados assistindo, é inexplicável poder oferecer isso a eles. 'Mamãe, sabia que o Visconde do Sítio é o dindo?'", emociona-se o leonino.

Para Hugo, estar no projeto é fruto de uma coincidência incrível. Em 2021, o diretor artístico do SBT Jefferson Cândido iniciou o projeto e começou a montagem do elenco e consultou a preparadora Suzana Abranches, que trabalhava com o ator em Gênesis e o indicou. "Para quem não sabe, Suzana foi a Emília do Sítio, da Globo, de 1983 a 1985. Olha como é a vida. E, agora em Neemias, a Suzana faz minha avó! A vida é muito doida, não é?", relata o brasiliense, que vive no Rio há 12 anos.

Outra coincidência: a preparadora de elenco de Hugo em Neemias, o trabalho atual, foi Rosana Garcia, intérprete da personagem Narizinho no Sitio do Picapau Amarelo exibido entre 1977 e 1981.

Hugo conta que se inspirou muito no Visconde do ator André Valli (1945-2008). "Eu vi muitos episódios com ele. Mas o tanto que eu estava feliz eu estava nervoso. É um personagem clássico, muito conhecido. Eu não queria copiar, mas queria colocar um pouco de mim nele.. E quando entrou, foi um sucesso. Muitas pessoas falando que o Visconde estava incrível, e a Suzana assistiu e aprovou. Ela, que trabalhou diretamente com o André Valli, gostar era primordial", completa. 

Record/Divulgação -
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Teatro sem querer

O ingresso de Hugo nas artes, segundo o próprio, ocorreu em 2008, na escola, "sem querer". "Eu estudei 11 anos na mesma escola e, no final do terceiro ano, eu pensei 'esse é meu ultimo ano aqui'. vou fazer valer a pena'. A escola tinha a aula de violão, dança e teatro. Fui empolgado para a aula de violão, mas acabei não gostando. Aí, fui para a aula de teatro, e foi ai onde tudo começou", narra o ator, que teve a primeira aula com o Nando da Cia Teatral Néia e Nando e chegou ao ponto de ser o único homem entre nove alunas.

"Nesse ano, a gente fez a peça no teatro da Escola Parque 307/308 Sul. Sabe quando você nunca fez algo mas se sente tão a vontade naquele lugar? Foi muito gostoso estar em cima do palco. Era um lugar confortável e, por mim, ficaria ali para sempre", completa Carvalho, que integrou a companhia de teatro 2tempoS por quatro anos, até 2012, ano que se mudou para o Rio de Janeiro. "No final da peça, um rapaz veio até mim e disse: 'Estou abrindo uma cia de teatro, você não quer entrar?' Eu respondi: 'Não.
Não penso em fazer isso pra minha vida.' E ele insistiu: 'Aparece lá um dia, se você gostar você fica mais.'
Esse rapaz se chama Rafael Salmona, somos amigos até hoje e ele trabalha como escritor, produtor e diretor e professor de teatro. Hoje ele é um dos donos da Casa dos Quatro, um lugar incrível na Asa Norte,
fomentando cultura na cidade."

"A gente que trabalha com teatro sonha em ir para São Paulo ou para o Rio de Janeiro para viver disso. Chegar no Rio foi um recomeço, não foi fácil, mas fui muito bem recebido e é um lugar que possui mais campos de trabalho: teatro, tevê, cinema, publicidade... Viver de arte no Brasil nunca foi fácil, mas com muita luta e coragem, dá certo. Eu fui porque tinha algo de dentro de mim muito forte dizendo para ir. E, se eu não fosse, ficaria o resto da vida pensando como seria se eu tivesse ido. Apenas ouvi meu coração e minha intuição", conclui.

Novelas bíblicas

Em Neemias, disponível por enquanto apenas na plataforma Univer Video, da Record, Hugo interpreta Jônatas, judeu natural de Jerusalém e levita. "Ele se torna aliado de Neemias em sua impossível empreitada. Dividindo seus dias entre servir no Templo como levita e trabalhar da reconstrução da cidade, vai ser um dos primeiros, juntamente com seu pai Joiada (Leopoldo Rodriguez) e seu avô Eliasibe (Mário Hermeto), a se voluntariar em ajudar no projeto de Neemias, vendo nele um
milagre e a resposta de Deus que eles tanto esperavam", descreve o ator.

O primeiro trabalho de Hugo na Record foi Milagres de Jesus, em 2014. Uma participação, de uma fala só. "Era só uma diária, mas o Regis Farias, que dirigiu, me colocou em outros dias também, foi crucial. Depois fiz outros testes e não passei. Quando abriram teste para a novela Jesus, eu fiz teste para José na fase jovem, mas acabei não passando. Em 2019, fiz teste para Topíssima e, mais uma vez sai confiante do teste, mas não passei para o elenco principal, mas o Foguinho, diretor geral da novela, com quem fiz o teste, me deu um grande presente, o Glauber. Foi meu primeiro vilão e foi muito bem recebido. As pessoas comentavam sobre o sequestro da filha do delegado, rs.. Aí eu pensava: 'Eu que sequestrei!' Rs.", comemora.

Em Gênesis, em 2020, Hugo deu vida a Pelegue na produção que conta a história da construção da Torre de Babel, a terceira fase da novela. "Pelegue faz parte do núcleo dos caçadores, é o mais novo entre eles e ainda não pode sair pra caçar. Se espelha muito em Ninrode (Pablo Morais), o melhor caçador e idealizador da torre, protagonista da fase. A gente estava muito empolgado nas gravações e eu e Pablo nos dávamos super bem, nossos personagens sempre andam juntos na trama. E ele é goiano, então isso aproximou
a gente muito, um goiano e um brasiliense", narra.

Na sequência, Hugo foi convidado para o elenco de Reis. "Uma série incrível que me fez sair da zona de
conforto. Tenho muito a agradecer a Record, eles me deram personagens bem diferentes entre eles, agradeço a confiança no meu trabalho. Quando entrei em Reis eu lembro que recebi um recado: “Você tem três meses para ganhar corpo”. Era um guerreiro, fazia parte da família real e do exército. Fiz aula de montaria, de luta, de espada, lança.. foi incrível. O nome do personagem era Dobár. Além disso, fiquei com um cabelão, fiz mega hair. Horas em uma cadeira para colocar, mas o resultado foi incrível. E
colocaram umas tatuagens bem legais na gente, eu fiquei com uma grandona no peito. Quem ver uma foto do Dobár não vai me reconhecer"., conta.

Protagonista no cinema

Hugo Carvalho estreou no cinema em Pra onde levam as ondas, em que vive o seu primeiro protagonista. O filme é dirigido e roteirizado por Dan Albuk. De acordo com o ator, é um filme lindo que conta a história de Virgil, um garoto que sempre viveu a vida na defensiva e que pela primeira vez quer ser protagonista da sua história. "Ele trabalha em uma funerária e se apaixona por Éden (Paulla Carniell), uma garota que canta em uma boate, mas não esperava que ela seria namorada de um ex-colega de escola que fazia bullying com ele. Mas, desta vez, ele não vai aceitar as provocações calado", explicou.

O bom filho à casa torna

De férias em Brasília — entre Guará e Lago Norte — para matar as saudades da família, Hugo avisa: não ficará muito tempo longe de casa. É que, em julho do ano passado, o ator estreou, na capital, o espetáculo [Im]penetrável, no Espaço Cultural Renato Russo, lotando todas as sessões. E a peça voltará em cartaz, em breve. "[Im]penetrável foi escrito e dirigido por Adilson Dias e com Luanna Rocha na produção e dividindo o palco comigo. O espetáculo fala sobre um casal que não se ouve mais, uma relação desgastada sem diálogo. Foi um grande desafio falar sobre amor sem ser clichê e com uma verdade e sinceridade gigante. O público como nosso confidente, totalmente inserido na peça, não era um mero espectador", adianta.

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