análise

'Until Dawn' tenta renovar história de terror, mas é melhor esperar o filme

Atualização do jogo de terror da Supermassive Games apresenta problemas de travamento e diminui ambientação de terror

Produzido pela Ballistic Moon e publicado pela Sony PlayStation, o jogo de escolhas com uma atmosfera de terror e sobrenatural Until Dawn, lançado originalmente no início da geração PlayStation 4 e feito originalmente pela Supermassive Games, ganhou um remake para PlayStation 5 e PC. A novidade renova muitos aspectos do jogo original e atualiza seus gráficos para um motor mais realista. No entanto, mesmo com tais mudanças, é difícil ver sua necessidade de existência.

Quase não vai 

Reprodução/Sony PlayStation - Muitos jogadores apontaram que a iluminação foi um dos pontos mais mexidos pela Ballastic Moon.

Na primeira vez que fui jogar a nova versão de Until Dawn, assim que chegava na parte de conclusão do prólogo o jogo travava e não seguia a partir desse ponto. Já imaginei que essa review não seria escrita, afinal não tem como analisar nada sem jogar devidamente. Dito isso, no dia seguinte, um pacote de atualização foi liberado, eu instalei e tentei terminar o capítulo e acabei preso novamente, agora numa tela de carregamento, me forçando a reiniciar o meu salvamento. A pior parte dessa história é que, pelo o que pesquisei, não fui o único que sofreu com problemas de travamento e bugs. Boa parte das reclamações em cima do jogo são sua performance desastrosa, mas principalmente sua falta de “escuro”, com o jogadores apelidando Until Dawn (Até o Amanhecer) de Already Dawn (Já Amanheceu). Não tem como discordar que a atmosfera foi mexida para deixar o jogo menos aterrorizante, apesar de novos sustos terem sido adicionados.

Jogabilidade 

Reprodução/Sony PlayStation - A jogabilidade se mantém igual, apenas mudando a câmera principal de lugar para uma câmera no ombro do personagem.

O jogo permanece utilizando as mesmas mecânicas estabelecidas pela Supermassive Games, com uma câmera em terceira pessoa, onde o personagem pode andar pelo cenário e interagir com itens específicos que brilham no lugar indicando que podem ser vistos. Além disso, temos os Quick Time Events — QTEs são botões que surgem na tela de repente e devem ser apertados na ordem para sucesso, caso você erre, no caso em especial de Until Dawn, às vezes pode resultar na morte de um personagem —, e uma jogabilidade específica desse jogo que é até bem legal, o “Não se Mexa”, que é bem literal: em algum momento de tensão o jogo vai mostrar a barra do controle na tela com a mensagem, se você se mover enquanto o evento ocorre, possivelmente algo perigoso e mortal acontecerá com seu personagem.

Sony X 2024

Reprodução/Sony PlayStation - Em um ano complicado para a Indústria dos games, o jogo mais forte da Sony até o momento foi Astro Bot.

A trama de Until Dawn permanece muito bem feita, com adolescentes se divertindo numa cabana isolada no meio da neve e aterrorizados por um assassino misterioso. Essa história até recebe novos detalhes, como cenas extras, ângulos diferentes e até um possível indício de uma sequência com uma cena pós-crédito.

Agora, a pergunta que fica é: que público a Sony quer atingir com o remake de Until Dawn? Já que o jogo foi um dos primeiros lançados para PlayStation 4 e mais tarde foi dado aos assinantes do serviço da gigante japonesa, a PlayStation Plus.

Além disso, ele é um jogo bem linear em boa parte do seu enredo, apesar das escolhas que oferece, que para título de comparação tem poucas variações de final perto de outros jogos do mesmo gênero, diferente de outro ex-exclusivo do PlayStation 4, Detroit Become Human, que tem tantas pequenas variações em seus complexos finais que é muito difícil estatisticamente alguém ter um final parecido numa primeira jogatina — jogo esse que eu também não duvido receber um remake em breve, já que estamos na onda de “nostalgia recente” da Sony. 

Lembrando também que Until Dawn receberá um filme que vai adaptar a trama do jogo, esse que verdadeiramente deve atingir pessoas que não consomem mídia alguma de videogame, mas vão adorar por se tratar de uma história de terror com reviravoltas e muitos sustos. Totalmente válido o motivo de sua existência, agora, essa nova versão pode ter deixado a trama acessível para quem joga no PC, mas só vai cansar mais o enredo até o lançamento do filme, que deve ser o que vai erguer mesmo o interesse na história que o jogo conta, que novamente, é muito, muito boa, mas não a ponto de ganhar um remake tão recente, principalmente quando um filme já está em desenvolvimento.

Epidemia de remakes e remasters

Reprodução/Sony PlayStation - Remakes e Remasters tem grande presença nos títulos considerados de "nova geração".

Until Dawn, Horizon Zero Dawn The Last of Us Part II Remastered fazem parte de um seleto grupo das revitalizações que ninguém pediu, e no ano de 2024, a Sony e a indústria dos games no geral tem sofrido com lançamento de jogos exclusivos, os console sellers (Os que vendem console). Em especial este ano, a Sony conseguiu três únicos destaques: Final Fantasy Rebirth, Stellar Blade — esse que veio com uma pratada de polêmicas e agora até processo — e Astro Bot, de longe o melhor lançamento da empresa esse ano, mostrando o carinho com os jogadores e com a história da Sony PlayStation nos games.

Não é ruim a Sony ter poucos jogos esse ano, é ruim a maioria deles serem remakes de jogos que já vimos anteriormente, o que desestimula o comprador brasileiro que aposta seu dinheiro no console muito por conta da biblioteca de exclusivos de peso e que no momento não tem muito motivo para sair da geração PlayStation 4, já que boa parte dos jogos que temos para PlayStation 5 podem ser jogados lá também. 

Until Dawn está disponível para PlayStation 5 e PC.

*Essa review foi feita com uma cópia enviada pela PlayStation Brasil.

 

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