Crítica // Todo o tempo que temos ★★★
A pequena Ella, nascida sob circunstâncias muito especiais, é uma das dádivas na vida do casal que administra, para além de crises pessoais, uma gigante crise compartilhada, neste novo filme de John Crowley. Famoso pelo exemplar drama Brooklyn, Crowley conta com um roteiro equilibrado de Nick Payne, talentoso na mescla entre memórias e dores, a reboque do que fez em O sentido do fim (2017), que uniu Charlotte Rampling e Jim Broadbent.
Na trama, Almute (Florence Pugh) acidentalmente cai na vida de Tobias (Andrew Garfield); ela uma workaholic chefe de cozinha — bastante apoiada pela colega Jade (Lee Brightwaite) — e ele, confuso em meio à situação de divórcio. Almute é geniosa e firme, enquanto Tobias se mostra mais emotivo. Claro, como esperado, construirão uma relação.
Sem ceder para o dramalhão, num enredo em que pesa a disputa por um famoso concurso de alta gastronomia, o diretor John Crowley comanda um filme valorizado pela forte empatia do casal de intérpretes. Não é nada difícil acreditar no sentimento de ambos, ao longo de uma trama em que, pelas cenas finais, ainda confirmam um potencial de carisma junto ao público. Mas não é só apenas deles que desponta a branda qualidade do filme. O melhor está na ousada edição de Justine Wright que abandona a formalidade cartesiana vista em filmes com personalidades politizadas como as de A dama de ferro e O último rei da Escócia. Arrisca, e faz bonito.
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