Maru2D, uma das mais novas revelações do rap nacional, lançou, na última sexta-feira (25/10), um single exclusivo para o Spotify. Dinero compõe a série Amplifika da plataforma, lançada em 2021, que tem como objetivo potencializar novas vozes de artistas negros do Brasil e viabilizar o reconhecimento e projeção desses nomes.
Nascida em Catumbi, na Zona Central do Rio de Janeiro, Maru2D é uma rapper carioca que despontou na cena nacional com a canção Esquina, em 2023. Desde então, Maru2D é a primeira e, por enquanto, a única mulher da Nadamal Records, gravadora de Filipe Ret, responsável pelo impulsionamento da carreiras de artistas como Mc Maneirinho, Anezzi, Aren, PJ Houdini e Caio Lucca.
Em Dinero, Maru brinca com a melodia da canção La Bamba, de Ritchie Valens, trazendo um ar mais leve e divertido para a música, em contraposição aos beats sérios de outros trabalhos. “Eu pensei que eu poderia fazer uma coisa mais animada, trazer um pouco mais de alegria para mim mesma. Eu queria ouvir uma música minha onde eu pudesse dançar e ficar feliz”, conta.
Para além de uma atmosfera divertida, Maru2D buscou fazer uma crítica social à marginalização do povo preto enquanto vangloria as próprias conquistas, temas explorados pela artista em outras músicas. “Eu sempre tô tentando colocar nas minhas letras o quanto que eu sou revoltada com o mudo que a gente vive.”
Para ela, a música de forma geral, e principalmente o rap, possui grande poder de conscientização, reflexão e mudança social. “Eu escuto rap desde criança e eu sempre me senti mais empoderada, mais forte e sempre consegui pensar um pouco mais”, relata. “Eu acho que o rap traz essa sensação de liberdade pra gente criar e pensar no mundo como um todo.”
Segundo a artista, o projeto Amplifika do Spotify é de extrema importância e necessidade no cenário da música preta, por fomentar o reconhecimento e pertencimento em espaços antes não ocupados por artistas negros. “Para além da música, eles estão tentando levar nossa arte para outros lugares e para outros públicos, não só para um povo ou um grupo da sociedade específico”, enfatiza.
Enquanto mulher, Maru2D reconhece que o cenário do rap não é dos mais fáceis para mulheres, principalmente em relação à aceitação e reconhecimento do público. Segundo ela, o rap masculino recebe mais atenção pelos próprios ouvintes do gênero, barreira que tem sido enfrentada com o surgimento de talentos que provam a capacidade e qualidade do rap feminino, como a própria artista vem fazendo.
“Acho que o público poderia olhar de uma forma diferente pra gente, tentar ouvir melhor o nosso som. Mas isso tem acontecido bastante, a gente tem observado aí grandes artistas despontando. Acho que a gente tá conseguindo esse espaço, a gente tá mostrando na prática que a gente merece estar nesses lugares”, destaca.