Bruxas e criaturas monstruosas estão à solta. O Halloween, ou Dia das Bruxas, é comemorado nesta quinta-feira (31/10) e pessoas do mundo inteiro se fantasiam e procuram filmes de terror para celebrar a data sombria. Porém, se o assunto for filme de terror, 2024 teve Halloween o ano inteiro. Com grandes produções, filmes aclamados pela crítica e gratas surpresas, o gênero de assombrar foi dominante este ano.
De filmes aguardados, como MaXXXine, Sorria 2 e Alien: Romulus, passando por produções de baixo orçamento e grandes expectativas, como Longlegs e Terrifier 3, e chegando a gratas surpresas, como A primeira profecia, Oddity e A substância, os cinemas e streamings receberam grandes obras que foram marcantes para o público e geraram discussões nas redes sociais. Algumas dessas até estão sendo cotadas para premiações.
Para Lucas Maia, especialista em filme de terror e dono do canal do YouTube Refúgio Cult, o que faz o gênero tão popular atualmente é a adaptação aos novos tempos. "O terror está se reinventando, mas eu acho que a palavra melhor para o terror nos últimos 10, 12 anos, ele está se ampliando", avalia o youtuber, que também é autor do livro O Supremo Mafaroto e produtor executivo do filme Amado pai. "O terror, ele está ampliando tanto, que está pegando na mão de vários outros gêneros e englobando dentro dele. E eu, particularmente, acho isso maravilhoso", acrescenta.
Os filmes de 2024 passeiam por isso. MaXXXine, por exemplo, é metalinguístico para além de terror; Longlegs tem muito do cinema policial; A substância, às vezes, brinca com a comédia; e Alien: Romulus que é, por essência, uma ficção científica. "Os filmes hoje não têm mais tanto um gênero fechado, então, um filme de terror pode ter drama, comédia; um longa policial pode ter aventura; um thriller pode ter um terceiro ato todo de slasher", classifica Lucas.
O especialista recusa o fato de que isso estraga o terror. Para ele, é uma forma de o filme ser visto. "Tem uma galera mais purista que acusa que os filmes estão disfarçando terror. Eu discordo disso. Acho que é mais uma ótica do terror. É um terror que pega influências de outras coisas", reflete. "É importante deixar o terror navegar por outras águas e alcançar novos públicos", completa.
Seja uma mistura ou na forma pura, o terror é um gênero historicamente escanteado. "É triste, porque não estamos pedindo que o terror seja prioridade em relação aos outros gêneros, mas, definitivamente, ele precisa estar em destaque, mas é sempre rebaixado", critica o especialista. "É um cinema massa, é um cinema bonito, é um cinema que tem muito a dizer, que não se limita só ao susto", exalta.
Lucas não vê sentido em permanecer uma visão antiga de que terror é um gênero menor. "Em pleno 2024, a galera ainda tem esse preconceito, e não é nem exagero falar isso", diz o youtuber, que acredita que essa dinâmica pode mudar. "Acho que essa ampliação é importante para pessoas que estão mais fora dessa bolha enxergarem o terror de uma maneira até mais profunda", ressalta.
Qual o limiar do terror?
O ano de 2024 foi especial, principalmente porque o terror variou bastante. Desde algo mais visceral e gráfico com Terrifier 3 e A substância, até a ação de Um lugar silencioso: dia um. Lucas Maia acredita ainda que filmes como Pisque duas vezes também podem ser considerados terror. "Terror não é só medo e dar sustinho. Terror é aflição, é ansiedade, é trabalhar com a saúde mental, que é um desastre", vê o especialista. "Para mim, o terror é absolutamente tudo que causa extremo desconforto. E não necessariamente só o medo. O medo é importante, ele é legal em termos de terror, mas tudo que explora o desconforto, tudo que te deixa aflito é terror para mim", complementa.
O cineasta Léo Miguel, que assina a direção do filme Amado pai, produzido por Lucas, acredita que o terror pode estar contido dentro de produções diversas. "Eu enxergo o terror de forma abrangente. Para mim, personagens como Penadinho e Coragem, o cão covarde, feitos para criança, são tão terror quanto um longa com temática religiosa. Seven tem terror, assim como O Silêncio dos Inocentes, e nem por isso todos consideram terror", pontua o artista que faz terror. "O cinema me ajuda a expurgar aquilo que está dentro de mim", destaca.
2025 promete
O ano nem acabou e os fãs do terror miram o futuro e 2025 guarda algumas produções que levantam as expectativas do público. A começar por Jogos mortais 11, que, após o sucesso inesperado do 10, vem para refrescar mais uma vez a franquia. O vencedor do Oscar, com Corra!, um filme do gênero, Jordan Peele, volta com um terror psicológico em Him; e o cineasta Oz Perkins, de Longlegs, não para e apresenta The Monkey. No entanto, a estreia mais aguardada está marcada para o início de 2025. O remake do filme Nosferatu, dirigido desta vez por Robert Eggers, chega aos cinemas em 2 de janeiro e revive um dos primeiros filmes de gênero na história do cinema. Nicholas Hoult, Bill Skasgard, William Dafoe, Emma corrin, Lily Rose-Depp e Aaron Taylor Johnson integram o elenco.
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