Dois escritores do Distrito Federal estão entre os dez semifinalistas que foram anunciados pelo Prêmio Jabuti, o mais prestigiado da literatura nacional. O professor e crítico de cinema André Cunha concorre com a comédia romântica Quem falou?, publicada pela Penalux, e a jornalista Fabiane Guimarães, formada pela Universidade de Brasília (UnB), com Como se fosse um monstro, publicado pela Alfaguara. Os dois concorrem na categoria Melhor Romance Literário.
Os escritores da capital federal estão disputando com nomes que incluem Martha Batalha, Socorro Accioli e Itamar Vieira Jr. Os finalistas serão divulgados em 5 de novembro, com vencedores anunciados em cerimônia no dia 19 de novembro, em São Paulo (SP).
Na obra Quem falou?, o escritor veterano André Cunha apresenta uma prosa ágil e bem-humorada. Na história, uma jornalista na casa dos 30 anos, Rebeca Witzack, conta em primeira pessoa suas desventuras amorosas em Florianópolis, no sul do país. Saída de um relacionamento, ela relata, com muito deboche e ironia – “sem drama”, como ela mesma diz –, como passou a namorar outro homem e engravidou de um terceiro.
De acordo com o escritor, “por trás dessa leveza e desse humor, há uma complexidade que não se deixa alcançar à primeira vista. Alternando vozes sem aviso prévio, indo e voltando no tempo, a narradora-personagem vai compondo aos poucos um mosaico que dá o que pensar sobre o mundo contemporâneo”. Misturando referências de cultura brasileira, universo pop, filosofia e literatura, a jornalista aborda de questões superficiais a temas existenciais e sociais.
Como se fosse um monstro, segundo romance de Fabiane Guimarães, é uma reflexão única sobre a maternidade, a culpa e o direito de escolher. O livro aborda temas sobre como a tomada de decisões impactam na vida dos outros. Em Brasília nas décadas de 1980 e 1990, uma jovem negra sai do interior para trabalhar como mensalista na casa de um casal rico na cidade grande. Lá, enquanto tenta entender a dinâmica diária dos dois, começa a ver algumas meninas passando diariamente para algum tipo de entrevista a portas fechadas. Depois de meses sem achar a escolhida, o casal finalmente faz a proposta a Damiana: que ela trabalhe como barriga de aluguel.
Damiana aceita sem entender muito bem, passa por uma inseminação artificial caseira e um cárcere privado de nove meses. Depois que o bebê nasce, ela conhece Moreno, um "especialista" nesse tipo de negócios que explica quão inconsequente foi aquela decisão e sugere que os dois passem a trabalhar juntos. A história de Damiana e sua relação com a maternidade, o próprio corpo e a rede clandestina de produção de bebês é contada a uma jornalista quando ela já está idosa, vivendo novamente no campo.
Embora tenha menos de dois por cento da população do país, o Distrito Federal abocanhou vinte por cento das vagas na categoria que elege o melhor romance literário do ano em uma premiação com milhares de inscritos.
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