Com o objetivo de levar os cineclubes às periferias do Distrito Federal, o Cine Perifa exibe o documentário Tarnation, nesta quarta-feira (30/10), em Ceilândia. A obra dirigida por Jonathan Caouette é a última sessão do ano feita pelo projeto, sediado pelo Jovem de Expressão. Após o filme, o Cine Clube Jex mediará um debate sobre o documentário e questões que o permeiam.
Tarnation é um documentário biográfico produzido a partir de gravações caseiras e fotos antigas de Caouette, momento destacado pela relação do diretor e a mãe, diagnosticada com esquizofrenia. Um dos idealizadores do Cine Perifa, Cled Pereira destaca a escolha do filme por ser uma produção independente e artesanal, semelhança compartilhada com o cineclube.
A capacidade de levar o público ao entendimento de temas sensíveis também foi um fator relevante na seleção da obra. Cled argumenta que a arte deve ser universal e abordar as contradições de uma questão: “A saúde mental da mãe do diretor e como isso abala os familiares é uma ferramenta de saúde mental e reflexão. Isso conversa com a história de outras pessoas.” A representatividade também é um fator importante para a curadoria do projeto.
Cled reflete que as configurações familiares de muitas pessoas periféricas podem não seguir o padrão da dita família tradicional brasileira. Ele defende que a diversidade de núcleos familiares deve ser retratada com configurações diferentes para além do estereótipo de pai, mãe e filho. “A realidade de muitos jovens da periferia é essa. Em uma cidade que pulsa arte, queremos levar obras que se comuniquem com as pessoas”, explica.
O cineclube surgiu para proporcionar visibilidade a filmes que os moradores das periferias não teriam acesso normalmente. Cled destaca que a experiência coletiva de assistir a um filme independente foge da proposta do cinema comercial: “Tem sido bastante rico o processo de compartilhar experiências em comum e promover o cinema alternativo.”
O idealizador opina que as periferias são lotadas de artistas que, ao ter contato com obras representativas, conseguem entender o mundo por meio da arte. “A ideia de que o artista é um ser iluminado por Deus não existe mais. O profissional reconhecido apenas teve oportunidades. Todos têm uma pulsão pela arte, dar vazão a isso é que é limitado”, alega. O debate após a sessão busca acolher desafios enfrentados por quem vive em contextos familiares e sociais difíceis.
Serviço
Cine Perifa
Na quarta-feira (30/10), das 19h às 21h, no Programa Jovem de Expressão (Praça do cidadão, Ceilândia - St. M EQNM 18/20). Entrada franca
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