A música “Creep”, um dos maiores sucessos do Radiohead, se tornou um verdadeiro fardo para a banda ao longo dos anos. Embora tenha sido a responsável por catapultar o grupo ao estrelato, os integrantes, especialmente o vocalista Thom Yorke, desenvolveram uma relação complicada com a canção.
Lançada como single em 1992 e presente no álbum de estreia Pablo Honey (1993), a faixa inicialmente não obteve grande sucesso no Reino Unido. No entanto, seu estouro nas rádios universitárias da Califórnia e em Israel transformou-a em um hit global inesperado, colocando a banda em um patamar de destaque, ao lado de grupos como Nirvana.
Curiosamente, a inclusão de “Creep” no álbum foi quase acidental. Thom Yorke a apresentou aos produtores Sean Slade e Paul Q. Kolderie durante uma sessão no estúdio, e eles ficaram tão impressionados que decidiram gravá-la. No entanto, nem todos os membros da banda estavam entusiasmados com a ideia.
Jonny Greenwood, por exemplo, tentou “arruinar” a gravação ao adicionar um golpe inesperado na guitarra no pré-refrão — ironicamente, essa intervenção acabou se tornando uma característica marcante da música. Apesar do sucesso estrondoso, “Creep” não representava a identidade musical que o Radiohead desejava construir.
A banda, que nunca quis ser associada ao movimento grunge, passou a lidar com fãs que compareciam aos shows apenas para ouvir essa canção. Esse fato gerou um desconforto crescente entre os membros, especialmente Yorke, que relatou ao New York Times em 2000 que o sucesso de “Creep” o fez temer que o Radiohead se tornasse um “one-hit wonder”.
O guitarrista Ed O’Brien também descreveu a dificuldade em sustentar o sucesso, afirmando que a banda, naquele momento, não tinha um corpo de trabalho forte o suficiente para manter o público engajado.
A pressão em torno de “Creep” chegou ao ponto de Thom Yorke perder a paciência com fãs que continuavam pedindo pela canção. Em 1998, durante um show em Montreal, o vocalista chegou a gritar e xingar o público que insistia na música. Como resultado, a banda decidiu retirar “Creep” dos setlists por anos, só voltando a tocá-la em 2001, e ainda assim de forma ocasional.
Somente nas turnês mais recentes, como a do álbum A Moon Shaped Pool (2016), “Creep” começou a aparecer mais regularmente nos shows, mas ainda com certa resistência. O’Brien explicou que, embora muitos fãs desejem ouvir o hit, a banda evita tocá-lo para não transformar os shows em um espetáculo previsível.
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Tudo sobre o possível retorno do Radiohead
Após oito anos sem lançar novos álbuns de estúdio e seis anos sem realizar shows ao vivo, o icônico grupo britânico Radiohead está sinalizando um possível retorno. Em uma recente entrevista ao Hay Festival Querétaro, Colin Greenwood, baixista da banda, revelou que o grupo voltou a se reunir para ensaios.
“Fizemos alguns ensaios há cerca de dois meses em Londres, só para tocar as músicas antigas. E foi muito divertido, nos divertimos muito,” disse Greenwood durante a entrevista. Esta declaração é especialmente emocionante para os fãs, que não veem um novo material do Radiohead desde o álbum A Moon Shaped Pool, lançado em 8 de maio de 2016.
A última turnê da banda ocorreu em 2018, marcando um período de ausência dos palcos. A reunião dos membros da banda — Thom Yorke, Colin Greenwood, Ed O’Brien, Jonny Greenwood e Phil Selway — reacende a esperança de um retorno oficial. Radiohead, conhecido por seus clássicos como Creep, No Surprises, Karma Police, e High and Dry, pode estar preparando novidades para seus seguidores.
Além dos ensaios, o grupo também está envolvido no lançamento do livro de fotografia How To Disappear: A Photographic Portrait Of Radiohead, que promete oferecer uma visão única sobre a banda.
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