TELEVISÃO

"Sentimentos vêm como se tivessem vida própria", declara o ator Paulo Mendes

Em seu terceiro trabalho seguido na tevê, Paulo Mendes, 20 anos, fala de Tomás, seu novo papel em "Mania de você", da construção de personagens intensos como o bad boy Rogério, da série "Os outros", e dos planos para o futuro

Paulo Mendes interpreta Tomás em
Paulo Mendes interpreta Tomás em "Mania de você" - (crédito: Ronaldo Corrêa / PDI Fotografia)

Em Mania de você, Tomás é o filho da vilã Ísis (Mariana Ximenes), que oculta da sogra, a ricaça Berta (Eliane Giardini), que o herdeiro natural dos negócios da família não é filho do marido, Henrique (Antonio Saboia), mas do amante, Guga (Allan Souza Lima), ambos mortos. Intérprete do riquinho, Paulo Mendes emenda o terceiro trabalho seguido na emissora. Aos 20 anos, o jovem carioca também deu vida ao bad boy Rogério, da série Os outros, e ao noviço Luís, da novela Amor perfeito, ambas de 2023.

Entrevista | Paulo Mendes

Em que momento você se olhou e se enxergou como um artista?

Acho que, mesmo que saiba que sou, é algo que ainda venho buscando. Uma aceitação que vem acompanhada do tempo e do que busco. Acho que não é muito sobre as realizações profissionais ou sobre um certo sucesso, mas se eu já busco me expressar pela arte e a procura de cada vez mais conhecimento sobre ela, isso já me torna um artista. Então, para responder essa pergunta, não sei o momento, mas hoje sei que consigo me enxergar como tal.

Em sua estreia, em Os outros, você sentiu algum peso de responsabilidade? E como era para você, tão jovem, carregar consigo uma energia tão densa?

Sempre soube que o Rogério seria um personagem importante para essa grande história que se desencadeava ao longo dos episódios. Não senti esse peso, por conta do ambiente tranquilo e cuidadoso que era criado no set pelos meus colegas, de elenco e produção, então eu sempre estive tranquilo em todos os momentos. O personagem carrega com ele uma virada e um trauma no meio da obra que faz com que ele mude de uma hora para outra, esse foi um dos maiores desafios. A construção dele até o momento de virada de chave, de mudança, a partir desse trauma se cria uma melancolia dentro do Rogério que conversava muito com a visão que eu tinha da obra, e não sei nem explicar, mas os sentimentos vêm como se tivessem vida própria, como se eu não tivesse controle deles em cena. Uma força que, ao mesmo tempo, eu acho prazerosa, por conta do objetivo de chegar nesse ponto do personagem, também pode te deixar maluco, se não existir essa mediação entre você e a personagem. Aprendi e consegui ter muito mais controle desses sentimentos, visto que era meu primeiro trabalho, por conta da preparação de elenco do Tel Lenna e da Symone Strobel.

Todo mundo fala sobre os opostos evidentes entre esse bad boy e o noviço que veio na sequência, em Amor perfeito. Mas quais as semelhanças entre eles que te ajudaram a encontrar um equilíbrio na atuação?

Eu acredito que tudo está dentro de mim, não consigo ver essa grande diferença que alguns vem dizendo, porque eu busco esses personagens nas minhas camadas e sempre encontrar um "eu" nessas histórias. Estarmos escalados em um papel nos faz únicos para vivê-lo naquele momento, então a minha persona, o meu indivíduo, é muito importante pra conseguir entrar dentro desse personagem, que é nada mais, nada menos, do que eu representando, interpretando. Acredito que, cada vez que busco mais os personagens dentro de mim, mais eu consigo fazer certas coisas que os diferenciam, e posso dizer, mesmo até inconsciente, cria-se essa "grande diferença". Claro, também tem um fator muito importante para isso que são duas produções completamente diferentes, com propostas diferentes, e como a direção vê e transmite esses personagens para a tela é parte fundamental para a visão seja do Rogério, ou do Luís, ou do Tomás. É um trabalho em conjunto com toda uma equipe que é fundamental para como o personagem é visto.

Você estreia agora em uma novela das 9, vivendo um jovem herdeiro que tem seus dilemas. O que dá para adiantar sobre o arco desse novo papel? 

Tomás é um personagem que, a princípio, pode ser visto como uma variante de Rogério, meio bad boy, como eu já vejo que estão falando, e eu imaginei que talvez pudesse cair nesse lugar. Meu núcleo é recheado de pessoas que se preocupam com o contar dessa história e realmente está ali para fazer um bom trabalho e uma boa novela para o público, então, estamos buscando muito conseguir transparecer um lado humano desses personagens e dessa família que, mesmo com todos os problemas, se amam, e se preocupam um com o outro. Uma novela é uma obra diária, e eu acredito que, com o tempo, essa evolução do personagem vai ser vista, ele não é um bad boy, ele não é revoltado, ele é um jovem que ainda busca o que quer, mas tem uma alma doce, que acredita, que tem coração, mas é confuso que nem todos nós. Diria que ele é um personagem do amor intenso, e não somente do carnal, o amor intenso por tudo que ele consegue sentir. 

Qual é o seu grande sonho profissional?

Acho que é algo construído com o tempo e muitas coisas mudam, mas eu tenho um grande sonho de trabalhar na escrita. Comecei há pouco tempo a escrever uma peça e pensar em projetos de filmes que sempre tive vontade de tirar do papel. Eu venho trazendo comigo na sombra uma criança que cresceu fazendo vídeo para o YouTube, que sempre viveu de colocar as ideias para fora, não importa qual era, e ela foi colocada muito para baixo por minha causa, por vergonha e medo que acabam sendo desenvolvidos na nossa adolescência. O meu maior sonho, no momento, é fazer minhas obras acontecerem e conseguir trabalhar com direção de cinema, sem medo, e acho que não estou tão longe de fazer essas coisas acontecerem. Ah, um livro seria legal também.

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postado em 13/10/2024 08:00
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